quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

[Crônica] A história do homem mais comum do mundo

Fernando era considerado o cara mais comum e azarado do mundo. E assim, desafiou Deus a ter um dia diferente.

Ia para a igreja no domingo, assistia o jogo na quarta a noite, ia no cinema de quarta porque era mais barato. Naquela rotina que não mudava há anos, Fernando se acostumou a ver as coisas acontecendo ao seu redor, mas nunca acreditava ser diferente o suficiente para ganhar alguma coisa.

No final do período de trabalho, ele então chegou em casa e atendeu o telefone da sua mãe:

- E aí filho, vai apostar na Mega da Virada?

- Acho que não, você já viu quais são as chances? Ainda mais pra mim, que tenho o azar de nunca ter sorte.

- Tenta rezar, pede pra Deus, tenta alguma coisa - respondeu a mãe.

- E você acha que Deus vai ter tempo pra mim depois daquele terremoto nas Filipinas? Eu desafio aquele cara conseguir colocar um pouco de sorte na minha vida.

Ouvindo aquilo, Deus assumiu como um desafio. Quando Fernando acordasse, tudo seria diferente.

Dia seguinte, ao colocar o uniforme do trabalho, encontrou uma nota de R$ 5,00 no bolso. Nada demais, pensou.

No caminho do trabalho, percebeu uma mulher que não parava de encará-lo no metrô. Ela disse oi, mas ignorou a moça por imaginar que deveria ser conversa de crente. Esta seria sua futura namorada.

No caminho do trabalho, olhou para a lotérica e colocou a mão no bolso. Lembrou dos R$ 5,00 no bolso. Decidiu não apostar, a fila devia estar muito grande mesmo. Não tinha ninguém na fila e este seria o bilhete premiado.

No trabalho, apareceu um grande problema no trabalho, faltando alguns minutos para o fim do expediente. Secretamente, seus chefes estavam testando se ele era profissional o suficiente para fazer o melhor para a empresa, mesmo com o seu horário de trabalho no final. Ele deixou um e-mail para o próximo funcionário e foi pra casa. Essa seria sua oportunidade para tornar-se gerente da empresa.

No caminho de casa, lembrou mais uma vez dos R$ 5,00. Comprou uma cerveja e um barbeador.

De vez em quando, tudo está na sua frente, mas ao invés de se entregar e apostar em uma novidade, é muito mais fácil se esconder dentro da sua rotina. Clichê, mas quem forma a sorte é a sua atitude. Pelo menos, Fernando terminou o dia com a barba bem feita e assistiu o jogo do Corinthians, que empatou, é claro.

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