sexta-feira, 14 de julho de 2017

[Cinema] Crítica: Homem-Aranha: De Volta ao Lar – 2017


Já se passaram 15 anos desde o lançamento nos cinemas do primeiro filme da trilogia do Homem-Aranha de Sam Raimi. Desde então, vimos um novo reboot com Marc Webb e toda a negociação envolvendo os direitos do personagem com a Sony e a Marvel. Homem-Aranha: De Voltar ao Lar é um novo início, porém deixando as origens de lado, que os espectadores já sabem de cor. Sem precisar ficar preso a essas amarras, o roteiro pode se desenvolver de maneira mais ágil.

A história do filme começa quando Peter Parker (Tom Holland) percebe que a luta pelo crime na vizinhança fica monótona perto da atuação ao lado dos Vingadores e passa a fazer de tudo para impressionar Tony Stark (Robert Downey Jr.) para enfim fazer parte da equipe de heróis. Seja lutando contra criminosos ou orientando uma velhinha.
                                    

Para contar a história, o diretor Jon Watts (diretor com apenas dois filmes independentes no currículo) aposta em aparatos tecnológicos, como o novo uniforme doado por Stark, aproveitando referências do MCU (Marvel Cinematic Universe) e do universo do herói nos cinemas e quadrinhos. Restos da tecnologia Chitauri, presos nos destroços de batalhas anteriores, agora são utilizadas para o crime pelo vilão Abutre (Michael Keaton). Outra cena que liga com outros longas é a da balsa (que está no trailer), uma homenagem à cena do trem de Homem Aranha 2.

Tom Holland nasceu para ser Peter Parker. Se Andrew Garfield era visto por muitos como a versão mais fiel do Aranha dos quadrinhos, Holland chega para aumentar ainda mais o nível. A atuação e a física do herói jogando as teias nos prédios é incrivelmente natural. Watts aproveita um destes momentos para inserir uma rápida cena em primeira pessoa, colocando o espectador no lugar do Amigão da Vizinhança.

                                 

Os dilemas enfrentados por Peter são vistos também em qualquer adolescente. Mesmo com o novo uniforme “Jarvis 2.0”, que serve de escada para diversas piadas, o garoto continua errando e passando do ponto em diversos momentos. Muitos problemas inclusive são criados por ele. Peter percebe que precisa escolher: viver como um adolescente comum ou enfrentar as responsabilidades de ser um herói.

Naturalidade também é uma definição perfeita para as cenas na escola. Graças a ótimos coadjuvantes, como Ned (Jacob Batalon) e Michelle (Zendaya), as situações são bem comuns: o nervosismo ao falar com a pessoa que gosta – no caso Liz Allen (Laura Harrier) -, o bullying dos outros alunos, entre outros. Nas cenas que participa, Ned rouba a cena. Não dá nem para dizer que é um alívio cômico pela sequência de piadas ao longo de todo o filme.

                                 

Entretanto, o uniforme moderno pode deixar algumas pessoas confusas. Saindo do cinema, ouvi um comentário: “Precisa mesmo transformar o Aranha em um Homem de Ferro? ”. Apesar de mostrar que o personagem ainda está em pleno desenvolvimento, o Aranha não precisa “aumentar” os seus poderes com tecnologia. Também não entendi o motivo de focar apenas na beleza em quase todas as cenas com a Tia May (Marisa Tomei). Com essa atenção, a personagem ficou com um desenvolvimento bem raso.

                                 

Já Keaton é um ótimo vilão. Sua motivação é simples e fácil de entender: proteger a sua família, não importando quem estiver pelo caminho. Shocker (Bokeem Woodbine) também tem uma participação menor na história. Depois de Ego, um bom vilão em Guardiões da Galáxia Vol. 2, a Marvel manteve o nível.

Se no trailer Tony Stark aparecia muito, correndo o risco de roubar a atenção do Homem-Aranha, no filme o erro não acontece. Stark é mais um mentor que serve para manter Peter com os pés no chão e para servir como um fio condutor para o roteiro.


Sem focar apenas em conectar o herói no universo da Marvel, Watts criou um mundo com diversas possibilidades para o Aranha. Com uma nova dinâmica de personagens, o cenário que a Marvel criou para o seu universo é muito promissor. Com um Homem-Aranha praticamente igual aos quadrinhos, o possível protagonismo do Dr. Estranho no lugar do Homem de Ferro e a presença dos Guardiões, a tendência é manter o alto nível.

Obs: São duas cenas nos créditos, vale a pena ficar até o final.

Nota (de zero a cinco): 4,5

2 comentários:

  1. Boa crítica. Este filme ultrapassou as minhas expectativas, Jon Watts adaptou a história de uma maneira impressionante, colocando como evidencia que era o diretor indicado do filme. A Homem Aranha de Volta ao Lar estreia foi uma surpresa para mim já que foi uma historia muito criativa que usou elementos innovadores. É algo muito diferente ao que estávamos acostumados a ver com os outros filmes do personagem. Não tem dúvida de que Tom Holland foi perfeito para o papel principal.

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    1. Obrigado pelo comentário, Rodrigo! Foram duas surpresas Jon Watts e Tom Holland. Revi o filme e tem algo que eu gosto muito: a história segue bem local, não existem planos malucos de dominar o mundo. Com os pés no chão, esse Homem Aranha tem potencial pra ir longe.

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