Nossa câmera e visão é seu olho esquerdo. O que restou para Jean é a sua memória e sua imaginação.
Demora para termos a primeira visão de seu rosto. Tanto que quando vemos, vemos junto com Jean. Claro, nossa reação é a mesma.
O personagem que como qualquer outra pessoa, sente por não poder abraçar seus filhos, sente pela situação de ver médicas lindas em sua frente e não demonstrar reações, sente pela dificuldade de se comunicar e ainda assim conseguir ter um mórbido senso de humor. Ele cria para si mesmo uma visão de que está preso em um escafandro debaixo d'água e não consegue se libertar.
Para um homem que trabalhava com moda, vivendo com a ditadura do corpo perfeito, restou a sua imaginação. Já dizem que com a imaginação se vai longe. Para Jean, era essencial imaginar para viver dia após dia. O personagem procura fantasiar e perguntar a si mesmo "onde vou jantar hoje?", "Com quem quero sair hoje?".
Isso era fácil, pois sua imaginação e suas lembranças podiam o levar à qualquer lugar mesmo sem poder se movimentar, como uma borboleta.
É possível encontrar em sua personalidade, a vontade de procurar o mínimo de progresso, de manter o mínimo de esperança, mesmo com a ajuda - fictícia em sua percepção - das religiões.
Trata-se de uma lição de vida inexplicável, uma força de vontade assustadora. Mais do que nunca, o diretor transmite que a comunicação é a coisa mais importante que temos na vida. A história ajuda a entender que a timidez pode ser a maior burrice de um ser humano.
Fica a lição de que muitas vezes nos prendemos por vontade própria em escafandros. É o chamado orgulho. Se somos livres como uma borboleta e não precisamos de uma forma primitiva para nos comunicarmos, porque ainda somos tão presos? Criamos um limite para nós mesmos e damos um passo para trás quado chegamos nele.
O filme serve como uma fonte de inspiração para que através da comunicação e da convivência em sociedade, possamos dar esse passo adiante e criar situações que nunca chegaríamos nem a imaginar atrás da nossa linha, presos em nossos escafandros, no nosso orgulho e na preservação excessiva.
Nota (de zero a cinco): 4,5
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