quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

[Cinema] Crítica: A Forma da Água - 2018

Seja em “O Labirinto do Fauno”, “A Espinha do Diabo” ou “Hellboy”, os dois primeiros com uma temática mais sombria e o último com a liberdade proporcionada pelos filmes de herói, a filmografia de Guillermo del Toro é repleta de seres fantásticos.

“A Forma da Água”, novo longa que rendeu um Globo de Ouro para o diretor mexicano, se passa em plena Guerra Fria, na década de 60. Elisa Esposito (Sally Hawkings) é uma zeladora muda de um laboratório do governo americano que acaba de receber uma criatura nova para realizar experiências. O objetivo era ter uma vantagem contra os soviéticos. Ao realizar suas tarefas diárias com sua colega de trabalho Zelda (Octavia Spencer), Elisa começa a se afeiçoar pela criatura.


Como a personagem é muda, suas principais falas são apresentadas na tela. Elisa percebe que a criatura não a enxerga incompleta como as outras pessoas. Como não entende os seres humanos, a voz de Elisa não faz falta: os dois não produzem som e movem a boca para falar. Ao perceber que a criatura é maltratada diariamente por Richard Strickland (Michael Shannon), supervisor de segurança do laboratório, Elisa prepara um plano de resgate.

Del Toro faz questão de apresentar como a água está presente na vida de Elisa. Por meio dela Elisa se masturba, faz o café da manhã, observa a chuva no caminho para o trabalho e até lê frases motivacionais relacionadas ao elemento (“O tempo não é nada mais do que um rio correndo pelo nosso passado” e “A vida é apenas o afogamento dos nossos planos”).

A atuação de Sally Hawkings é delicada, com expressões e pequenos gestos. Demonstrar raiva com uma personagem muda é difícil e Hawkings faz um trabalho espetacular. Incrível também como Octavia Spencer sempre consegue uma de indicação de atriz coadjuvante. O tempo de tela é menor do que em “Estrelas Além do Tempo”, mas merece destaque pelo alívio cômico.


A trilha sonora de Alexandre Desplat é espetacular e fala por si só. Depois de oito indicações e um Oscar por “O Grande Hotel Budapeste”, sem dúvida seu trabalho renderá mais prêmios. É um trabalho singelo, mas é um elemento-chave para introduzir o espectador no universo fantástico de Del Toro.

A fotografia busca sempre um tom esverdeado. É interessante perceber como praticamente todas as cenas possuem elementos cenográficos verdes ou uma iluminação mais voltada para a cor.

O diretor aproveita pequenas cenas para demonstrar com sutileza como a água e a relação entre Elisa e a criatura são importantes para o longa. Duas merecem destaque. Uma simples transição de cena com duas gotas na janela do ônibus se transformam em uma representação do futuro que a protagonista imagina para os dois.


Em outra cena, em que o banheiro fica cheio de água, usa o exagero e o absurdo por meio do humor para demonstrar até onde Elisa chegaria para ter êxito na libertação da criatura.

“A Forma da Água” é mais um exemplo da criatividade e imaginação deste diretor que decidiu compartilhar suas fantasias por meio do cinema. Com um final espetacular, o próprio del Toro resume seu filme: “É como um poema sussurrado por alguém apaixonado”.

Nota (de zero a cinco): 5

Um comentário:

  1. O elenco fez um excelente trabalho no filme. Michael Shannon fez um ótimo trabalho no filme. Eu vi que seu próximo projeto, Fahrenheit 451 será lançado em breve. Acho que será ótimo! Adoro ler livros, cada um é diferente na narrativa e nos personagens, é bom que cada vez mais diretores e atores se aventurem a realizar filmes baseados em livros. Acho que Fahrenheit 451 sera excelente! Se tornou em uma das minhas histórias preferidas desde que li o livro, quando soube que seria adaptado a um filme, fiquei na dúvida se eu a desfrutaria tanto como na versão impressa. Acabo de ver o trailer da adaptação do livro, na verdade parece muito boa, li o livro faz um tempo, mas acho que terei que ler novamente, para não perder nenhum detalhe. Sera um dos melhores filmes de ficção cientifica acho que é uma boa idéia fazer este tipo de adaptações cinematográficas.

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