Matthew McConaughey, pra começar, passa por uma fase espetacular. Depois do Oscar em "Clube de Compras Dallas" e roubar a cena em uma ponta em "O Lobo de Wall Street", McConaughey dá destaque a tudo que participa atualmente.
Em Interestelar, ele vive Cooper, um engenheiro que se viu obrigado a trabalhar como fazendeiro. Ele vive na Terra em um futuro distante, que sofre com uma praga, que causou tempestades de poeira constantes. Obrigados a viver nesse mundo praticamente pós-apocalíptico, porém que ao menos parece plausível, os humanos procuram apenas sobreviver. É uma Terra que não precisa de engenheiros, mas sim de fazendeiros, de alimentos.
Cooper mora com seus dois filhos, Tom e Murph, jovens com um futuro promissor e seu pai Donald (John Lithgow). Através de uma anomalia gravitacional, Cooper descobre junto com Murph, a sede escondida da NASA. Em um mundo que mal tem comida, quem vai pensar em exploração espacial, certo?
Murph encontra dificuldades para deixar o pai partir em uma missão em que ninguém sabe se vai dar certo e que não tem uma data certa para acabar. Tudo em nome da confiança na teoria do professor Brand (Michael Caine), cabeça da missão toda, e na fé na ciência.
A ideia da missão é encontrar um buraco-de-minhoca recém-descoberto por cientistas, próximo da órbita de Saturno, que leva a uma nova galáxia. Nela, foram descobertos planetas que provavelmente podem ser habitáveis. Para tirar a dúvida, voluntários/cientistas partiram em uma viagem solitária e sem volta para conhecer os planetas O que é um tiro no escuro, já que "provável" pode significar a morte. Mesmo assim, é melhor do que ficar na Terra comendo poeira e aguardando a extinção.
Apesar do péssimo cenário no planeta Terra, a tecnologia avançou bastante em certos quesitos. Os humanos aprenderam a viajar longas distâncias em menos tempo, aprenderam a programar um estado de hibernação para esperar o tempo passar e criou a mais alta tecnologia em inteligência artificial.
O TARS e o CASE são robôs de suporte aos tripulantes, que trabalham tanto na manutenção e movimentação da nave, quanto em piadinhas programadas. É possível medir 90% de sinceridade, 70% de humor...eles são úteis, simpáticos e possuem um formato um tanto quanto mutante, com formas que podem mudar de acordo com a adaptação de terreno. Definitivamente, um excelente ponto positivo.
Após a "pesquisa", três planetas foram confirmados como habitáveis pelos próprios voluntários. O papel da equipe de Cooper, composta por Brand (Anne Hathaway), Doyle (Wes Bentley) e Romilly (David Gyasi), é visitar os planetas e confirmar a possibilidade de viver em um deles.
Após a apresentação da Terra devastada e o vínculo forte da família de Cooper, Christopher Nolan começa com as esperadas cenas de espaço.
Com tanto tempo de missão, afinal Saturno não fica ali na esquina, Nolan opta por temas como amor, fé e humanidade, porém sem a visão piegas. Para debater o efeito causado pelo tempo, os quatro tripulantes da nave conversam sobre a real compreensão do amor e a sua utilidade na sociedade.
Um interessante ponto é tocado por Brand: "Seria o amor algo maior? Um artefato de dimensão superior que não notamos conscientemente?". Nada de errado na colocação. Humanos amam pessoas mortas, amam pessoas que não conhecem, amam pessoas que ainda vão nascer e são capazes de amar mesmo distantes uns dos outros. Não inventamos o amor, nascemos sentindo, algo tão comum quanto respirar ou piscar.
Teria o amor um outro sentido? "Afinal, o amor é a unica coisa capaz de transcender as dimensões de tempo e espaço", completa a Dra. Brand. Misteriosa ou não, essa necessidade de estar com outras pessoas nos faz humanos, nos dá vontade de viver.
Me chamou a atenção essa procura minuciosa pelos detalhes com algo que não sabemos como funciona. A passagem pelo buraco-de-minhoca e a aproximação do buraco negro são cenas simplesmente espectaculares, daquelas para voltar várias vezes para assistir com calma.
Trata-se de um cuidado impecável na tentativa de demonstrar algo que nunca foi visto, porém da forma mais plausível possível. Nunca vimos algo parecido, mas acreditamos que, se acontecesse, seria daquela forma. E isso é muito daquilo da velha magia do cinema, de tentar levar o espectador em locais nunca antes desvendados.
Nolan toma cuidado para explicar e deixar tudo bem claro para ninguém se perder com a história do espaço-tempo. Aquela história, o tempo de alguém que viaja no tempo-espaço na velocidade da luz é diferente de quem fica na Terra. E é exatamente isso que apresenta um desenvolvimento aos personagens que ficaram na Terra, como Murph (adulta vivida por Jessica Chastain) ou o professor Brand.
Preciso destacar também que é uma puta coragem para um diretor consagrado como o Nolan contar uma historia tão arriscada, muito, muito longe da zona de conforto..
Existe até a teoria de que "eles" (leia-se deuses, extraterrestres, algo superior) estão nos olhando em algum lugar da quinta dimensão. "Eles" ajudam a nossa compreensão. Se não somos tão evoluídos a ponto de conversarmos, "eles" nos ajudariam a entender a nossa realidade. "E se, para 'eles', o tempo e só uma questão física, de subir ou descer uma colina?", diz mais uma vez a Dra. Brand. A apresentaçao de tempo como algo físico me fascinou.
Diferente de "A Origem", o final apresenta uma resposta justa a todas as pontas soltas. Não precisa esperar os créditos para saber se o peão parou de rodar. Existem casos e casos, claro, mas aquele papo de "o final fica à mercê do espectador" para mim é história de diretor e redator que não tem culhões para sustentar seu próprio final.
Quanto as atuações, o filme me levou tão longe, que parei de prestar atenção em Matthew McConaughey, Anne Hathawhay ou Chastain. Eram apenas os personagens. Acredito que isso é um ótimo elogio. Sabe quando falam que o árbitro que não aparece no jogo é aquele que está com a partida em suas mãos?
Um filme de imagens espectaculares, diálogos inteligentes sobre assuntos importantes da existência humana e a megalomania do Nolan. Espero que a moda de filmes espetaculares no espaço continue por um bom tempo. Seja esse tempo físico ou não.
Nota (de zero a cinco): 4,5
Eu também adorei este filme! Acho que esse é um dos melhores filmes de Nolan. Desfrutei muito deste filme pelo bom enredo e narrativa. Faz pouco tempo eu também vi o Dunkirk filme completo e fiquei encantada. Esse filme de Nolan que estrenou no ano passado esta muito bem feito e muitas das cenas que fazem são ótimas. Gostei muito da história por que não é tão previsível como outras. Realmente vale a pena todo o trabalho que a produção fez, cada detalhe faz que seja um grande filme. Eu recomendo, acho que você vai gostar se você gosta dos filmes desse diretor.
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