terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

[Cinema] Crítica: O Grande Hotel Budapeste - 2014

A história de "O Grande Hotel Budapeste" acontece entre as duas grandes Guerras Mundiais, mais especificamente em 1932 na fictícia ex-República de Zubrowka, na fronteira europeia mais oriental, na cidade de Nebelsbad. A trama tem como base um hotel que já foi muito conceituado, mas que começou a descambar para uma futura demolição. Lembrando que a crítica contém spoilers, então cuidado. Assiste o filme e depois volta aqui!

Trata-se de um livro de memórias lido por uma menina em 1985, com um homem contando em 1968, as histórias vividas em 1932. Parece complicado, mas no filme é bem fácil de entender. O dono do hotel, Sr. Zero Moustafa, (F. Murray Abraham) vê o local com olhos de um romântico, como uma velha ruína encantada.


O filme começa com a história contada pelo dono do hotel, sobre como Zero (jovem vivido por Tony Revolori) virou mensageiro e melhor amigo do concierge Monseur Gustave H. (excelente atuação de Ralph Fiennes).

O concierge estava acostumado a dar um "tratamento especial" para as hospedes idosas, loiras e ricas. Era assim que ele mantinha a fidelidade e deixava o hotel sempre cheio. Até que uma das hospedes, Madame D, falece e deixa uma grande herança.
No meio dela, o quadro "O menino e a maçã", de Van Hoytl, herdado por Gustave para fúria de Dmitri (Adrian Brody), filho de Madame D e sua gigante família.



Gustave é considerado culpado mesmo sem provas do assassinato de Madame D e do roubo do quadro renascentista mais valioso do mundo, um dos poucos ainda fora dos museus. A história segue com as consequências da prisão, a batalha pela herança e a procura de manter intacto o nome do Grande Hotel Budapeste.

O diretor Wes Anderson consegue juntar suspense, perseguições, prisão, mortes e comédia. São diversos recortes em um só roteiro, que fluem muito bem no produto final. Já uma característica do diretor, as câmeras centralizam o foco da ação.

Os diálogos são rápidos e sempre acompanhados por uma dose de humor, que consegue ser respeitoso e agressivo ao mesmo tempo. As cenas entre Zero e Gustave sempre são acompanhadas de esquisitices e ironias.

Dmitri e Jopling (Willem Dafoe, cruel capataz do herdeiro), dão a impressão de vilões de filmes antigos, inclusive com trilhas de terror quando aparecem. Porém, a maldade é vista por um lado mais light, mesmo com cenas não tão comuns em filmes mais leves.

Ralph Fiennes faz um grande trabalho, retratando M. Gustave um homem educado e refinado, definitivamente alguém fora de sua época, mas ao mesmo tempo metódico ao extremo e adorador de poesias. O filme ainda conta com ótima participação de Jude Law, Edward Norton, Bill Murray, Owen Wilson, entre outros.

O resultado é um filme com um sentimento nostálgico, com um toque de ironia e muito perfeccionismo. No final das contas, as câmeras são tão simétricas quanto os costumes exagerados de Gustave.

O filme foi lançado em fevereiro de 2014, mas não perdeu o fôlego e conseguiu nove indicações para o Oscar e o Globo de Ouro de melhor filme de comédia ou musical.

Se o dono do hotel vê o Grande Budapeste como uma velha ruína encantada, Wes Anderson resgata o humor de suas inspirações e transforma seu filme de 2014 em um grande clássico consagrado.

Nota (de zero a cinco): 4,5

Nenhum comentário:

Postar um comentário