sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

[Cinema] Crítica: O Jogo da Imitação - 2014

Baseado em fatos reais, a maior parte de "O Jogo da Imitação" se passa em plena Segunda Guerra Mundial. Trata-se da história de Alan Turing (Benedict Cumberbatch, em um papel brilhante), que viveu em uma época complicada e intolerante. O longa também apresenta cenas da sua infância no colégio, mostrando como ele começou a lidar com a homossexualidade, e das consequências do fim da guerra.

Lembrando que a crítica contém spoilers, então cuidado. Assiste o filme e depois volta aqui!

Considerado um prodígio pela inteligência fora dos padrões, Alan é um gênio matemático, porém prepotente e arrogante. Ele sabe bem do seu potencial e que é o melhor do seu país em decifrar códigos.

Ele sabia que podia ajudar os aliados a tentar quebrar o código da "Enigma", máquina utilizada pelos alemães para criptografar mensagens secretas. Os aliados recebiam as mensagens, porém não conseguiam decifrar.

Além da gigantesca complexidade, o sistema reiniciava rapidamente, criando em pouco tempo um novo código para transmitir a mensagem. Para tentar resolver o que os franceses e americanos ainda não tinham conseguido, o governo de Winston Churchill, primeiro-ministro do Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial, cria uma equipe com os melhores matemáticos ingleses.

O time liderado por Hugh Alexander (Mathew Goode) recebe Alan, mas logo se cansa da pouca ajuda, já que ele se importa apenas em criar um esboço de uma máquina para decifrar o "Enigma".



Após uma reclamação oficial da equipe para o comandante Denniston (Charles Dance, o Tywin Lannister, de Game of Thrones), Alan resolve explicar seu plano enviando uma carta diretamente para Churchill.

Com a resposta positiva para a continuidade do projeto, Alan se torna o líder da equipe, demite dois funcionários sem a menor culpa e decide se jogar de vez na criação da máquina, junto com Hugh, John Cairncross (Allen Leech), Peter Hilton, (Matthew Beard) e Joan Clarke (Keira Knightley), a única mulher do grupo.

São trilhões de possibilidades para decifrar. Segundo as contas do próprio protagonista, seriam necessários 20 milhões de anos para descobrir algo. Se os humanos não são capazes de decifrar a máquina, quem sabe uma máquina possa pensar mais rápido e criar um padrão.

Nas cenas da sua infância, Alan cria uma relação com o amigo Christopher através da criptografia. Por meio dela, o jovem começou a se interessar por códigos. Com a perda inesperada do amigo, justamente no momento que percebe que o sentimento é maior do que uma amizade, Alan passa a ficar cada vez mais sozinho e a se dedicar somente aos estudos. No futuro, essa seria uma base para a criação da sua máquina, a "Christopher".

A atuação de Cumberbatch é impecável. Em certos momentos, ele demonstra total controle de tudo. Em outros, fica gago, inofensivo e demonstra nervosismo diante de violência, fruto do bullying sofrido quando criança. O papel, que lembra a inteligência e arrogância de Sherlock, parece ser feito para o ator.

Keira Knightley também não deixa nada a desejar. Joan é muito importante para o desenvolvimento da história e representa as mulheres que podiam muito bem ser mais do que apenas cozinheiras ou recepcionistas na guerra. Mesmo em um grupo de homens, ela conseguia se destacar por seu pensamento rápido. Joan era uma das poucas pessoas que entendiam Alan.

O final é ao mesmo tempo feliz e triste. Feliz por conta de um gênio, que salvou milhares de vidas por diminuir o tempo de guerra em mais de dois anos. Graças a ele, tivemos o início de um protótipo do computador e diversos derivados de sua tecnologia.

A parte triste é o cenário em que a invenção foi criada e a intolerância com os homossexuais na época. Alan foi obrigado a esconder quem realmente era. Ele foi obrigado pelo governo inglês a fazer uma castração química, terapia com hormônios femininos. Turing se suicidou aos 41 anos.

Para ter noção, apenas em 2013, a rainha Elizabeth II concedeu perdão real a Alan pela sua condenação por homossexualidade. Diversas outras histórias continuam mantidas em sigilo como segredo de guerra.

Imagino quantos "Alans" permanecem desconhecidos e quantas pessoas geniais foram obrigadas a permanecer em silêncio após uma criação. Já imaginou se o maior feito da sua vida não pudesse ser divulgado?

Desejo apenas que a história do Alan Turing não seja apenas vista como "o cara que criou o computador". Gênios precisam ser conhecidos e suas histórias precisam ser contadas para inspirar outros gênios. Felizmente, o cinema é o lugar perfeito para isso.

Nota (de zero a cinco): 5

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