sábado, 27 de julho de 2013

[Música] Crítica: Monomania - Clarice Falcão

Quando decidi ouvir Clarice Falcão, já havia escutado tudo sobre ela, menos a sua música. Atualmente é uma tarefa difícil encontrar alguma coisa boa folk, meio indie na música brasileira. Até que tem, mas nunca sai da garagem e dos shows com 50 pessoas na Augusta.

Enquanto "comprava" minha cópia do seu álbum "Monomania" em algum 4shared da vida, procurei saber sobre a moça. Era conhecida por postar vídeos no YouTube apenas com voz e violão e por diversos outros trabalhos na produção de conteúdo para internet e televisão.

Já na primira faixa do cd é fácil se lembrar de Mallu Magalhães pela sua voz doce. É uma comparação inevitável, mas ao mesmo tempo injusta. A Clarice não é insuportável como a Mallu.

Sua voz doce e a companhia do violão já soavam bem quando me surpreendo com cordas de violino, ukulele e piano em algumas faixas. Apenas o necessário para incrementar o que já é bom.
As letras de sua música ao mesmo tempo que são clichês em falar sobre o amor, tem um toque de criatividade e humor, como algumas pérolas como:

"Eu esqueci você...E se eu chegar a te obrigar a me beijar assume que eu to drogada".

"E se eu mostrar o cianureto que eu comprei pra gente se matar...Você manda me prender no amanhecer?".

Senti uma coisa diferente ao ouvir suas músicas justamente por essa criatividade em criar um ar de amor doentio em cada música e troca de palavras proposital no dueto em "Eu Me Lembro".

O que me chamou a atenção também, pode ser considerada uma coisa muito inútil.
Mas é evidente que em alguns momentos é possível perceber Clarice sorrindo ao cantar algumas palavras. EU SEI, não dá pra saber se ela estava realmente sorrindo, mas a forma com que ela pronuncia as palavras eu a imagino no estúdio sorrindo de frente ao microfone. O que me faz sorrir logo em seguida.

Algumas músicas podem soar parecidas, mas a fórmula é perfeita e calma. Escutei o disco após um estressante dia na redação e voltei com um sentimento de calma e tranquilidade indescritível (apesar de que acabei de tentar descrevê-lo).

No total, o único problema é a pouca duração das músicas, como Capitão Gancho (letra fantástica) e Um Só. Além de que a fórmula que dá certo pode se tornar deveras repetitiva. É algo que não sinto necessidade de ouvir todos os dias, justamente para preservar esse sentimento diferente que tenho ao ouvir este disco.

Conhecer a musica da Clarice pra mim foi surpreendente. Pensei que depois da experiência traumática ao ouvir um álbum inteiro da Mallu Magalhães iria demorar para aparecer uma voz doce é calma.
Aguardo aquele show maroto em São Paulo e já faço as contas pro próximo disco.

Fiz essa análise logo ao terminar de ouvir pela primeira vez o álbum. Decidi esperar uma semana para ver se realmente era isso que eu sentia ou se era apenas uma surpresa momentânea. Resultado? Não mudei uma palavra daquela que ouvi pela primeira vez. O álbum foi e ainda continua encantador.
É que é inevitável não se sentir leve após "Monomania".


Melhores faixas:
 Capitão Gancho, Macaé e Um Só.
Piores faixas: O Que Eu Bebi (achei meio perdida no álbum).
Nota (de zero a cinco): 4