segunda-feira, 11 de novembro de 2013

[Crônica] A menina que fugiu do amor

Camila estava no mesmo ônibus de todo dia. A rotina era a mesma, as mesmas pessoas, o mesmo caminho... até a chegada de um homem que mudou tudo com um amor à primeira vista. Quando ela o via o mundo parava ao seu redor e nada mais fazia sentido, simplesmente sem explicação. Todo dia, Camila aguardava ansiosa a chegada do tal cara no ônibus. Realmente, era uma pessoa que chamava a atenção. A cada dia, ela tentava se aproximar, não conseguia.

Até que um dia, Camila foi surpreendida. Ele a encarou e disse que era demais para ela. Mandou a garota assustada parar de encará-lo e que já estava ficando de saco cheio com essa perseguição (que nada mais eram do que olhares a cada 30 segundos até o ponto final).

E assim, Camila se decepcionou pela primeira e última vez. A decepção foi tanta que ela desceu do ônibus e começou a chorar.

Ela tinha medo de olhar pra trás e ter que encarar mais uma vez aquele homem sem alma. Ela simplesmente queria tirar aquele sentimento ruim do seu pobre coração partido, mas a tristeza parecia não passar. Decidiu não pensar em mais nada. E assim, Camila começou a correr. E nunca mais parou.

Camila começou a atravessar ruas, bairros e cidades. Sua história começou a ser reconhecida e logo a mídia contou a sua história. "A garota que não se cansa", "A menina que foge do amor", eram as manchetes.

Grupos começaram a seguir Camila para saber de onde vem tanta motivação e sites acompanhavam o caminho da jovem para saber se a jovem estava passando pela sua rua. Virou celebridade instantânea.

Como o ritmo da corrida era rápido, era praticamente impossível fazer uma entrevista com Camila. Até a Oprah viajou para tentar fazer uma entrevista, mas não conseguiu fazer as perguntas, sem fôlego.

Tentaram chamar maratonistas para entrevistá-la, mas eles só perguntavam se isso valia vaga nas Olimpíadas e logo desistiam.

Camila se tornou uma lenda e correu por muitos dias. Até que tempos depois, um homem começou a correr no ritmo de Camila e conseguiu puxar um assunto. Eles conversaram e correram por horas.

E assim Camila sorriu, depois de muito tempo. Começou a diminuir o ritmo. Começou a andar e logo parou.

Todos ficaram curiosos, "O que será que este homem fez Camila para de correr?". Quando eles pararam, começou a entrevista mais aguardada das últimas semanas.

"Camila, você era inspiração de muitos jovens, o que este homem disse para você finalmente parar de correr?", perguntou uma repórter.

"Não foi nada demais, acho que a desilusão passou. Finalmente conheci um homem que disse que me entende e que consegue seguir o meu ritmo. Ele disse que fugir não era a coisa certa e que se preciso, me acompanharia o resto da vida. Ele então me perguntou: 'que tal tentarmos fazer isso funcionar um pouco mais devagar?'. E então eu aceitei".

E assim, todos foram embora, já que os motivos para a mídia seguir o caso já tinham acabado. Assim, Camila amou e foi amada de verdade pela primeira vez. E nunca mais parou.

O amor tem dessas, quando você se decepciona, a vontade é de sumir até tudo passar. Mas quando alguém entra no seu ritmo, não há desilusão que tire a felicidade de amar de novo.

Desta vez, pra sempre.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

[Cinema] Crítica: Gravidade - 2013

Gravidade é um filme que se passa no espaço. Isso já é legal pra caramba. Um dos astronautas é o George Clooney, um ator que dispensa comentários. A outra é a Sandra Bullock, que admito que até pouco tempo não era das minhas atrizes favoritas. O diretor, Alfonso Cuarón, um cara mais conhecido por fazer Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (2004).  Dá pra pensar que essa mistura resultaria em uma das melhores e mais diferentes experiências que já tive em um cinema?

Quando assisti o trailer pela primeira vez, assistindo Homem de Ferro 3, no ato já sabia que seria um filme diferente. Como o diretor vai sustentar um filme inteiro com uma personagem à deriva, como ele vai lidar com a gravidade e o emocional da personagem? Em meio das muitas perguntas, ficava ansioso pela beleza da Terra vista do espaço e com receio de ver algo como 127 Horas, quando o filme é basicamente um monólogo com flashes do passado e loucuras da cabeça do ator principal.

Longe de dizer que 127 Horas é ruim, mas o que menos gostaria de assistir em um filme que se passa no espaço seriam flashbacks dos personagens na Terra. Esse era o meu medo.

No começo, o papel da astronauta Ryan Stone (interpretada por Sandra Bullock) é consertar o telescópio Hubble com ajuda de Matt Kowalsky (George Clooney), um experiente astronauta que está em seus últimos momentos da sua caminhada espacial.

Rolando um country de leve, com o cenário da Terra no fundo, a imagem é tão bela que demorei um pouco para absorver. Não sei se observo a expressão dos atores dentro do traje espacial, observo a gravidade agindo sob os objetos pendurados ou se fico olhando a beleza da Terra. É até difícil entender que chegamos nesse patamar da computação gráfica.


A história inteira se passa no espaço, sem pesar tanto no passado dos personagens e a história se desenrola rápido. Nada de enrolação. Os russos (sempre eles) mandaram um míssil em um satélite espião e os destroços atingiram outros satélites que atingiram outros, gerando uma reação em cadeia. Quando são avisados que os destroços se aproximam do Hubble, não dá tempo de mais nada.

Sabe aquela história de que o filme deixa as pessoas sem respirar. É a mais pura verdade. São minutos de catástrofes intermináveis e com detalhes impressionantes. Tudo é pensado e cada explosão causa uma outra colisão. É inacreditável a beleza da cena.

No decorrer da história, na deriva no espaço, a atuação de Bullock mostra perfeitamente o completo desespero que qualquer pessoa ficaria nesta situação. Pelo menos uma cinco vezes, o diretor nos coloca na visão de Ryan e o desespero aumenta ainda mais.

São tantas coisas acontecendo que a respiração acaba se tornando uma inimiga graças ao oxigênio limitado. Aos poucos a personagem vai se controlando e tudo vai seguindo o seu rumo.  Ali, naquela situação de risco, Ryan precisa lutar contra o próprio medo e aprender a encarar tudo sozinha.

A qualidade do filme também se deve à excelente trilha sonora. A música nos momentos difíceis ajuda a deixar o clima muito mais tenso. O filme troca constantemente de altura extrema a extremo silêncio, mas com leveza na hora da calmaria.

A parte "calma" do filme possui um pôr-do-sol e uma bela interação entre Matt e Ryan, um dos poucos diálogos dos personagens. Os detalhes nas cenas de construção de história ficam tão evidentes quanto nos acidentes. Para exemplificar isso, em uma cena, um simples alicate batendo na perna da protagonista de fundo bate em um saco plástico que cai em seguida. Não precisava colocar aquele alicate na cena, mas a riqueza nos detalhes pode ser vista em momentos como este.

Outro momento é o das lágrimas da Ryan que voam na gravidade zero. Até aí tudo bem, mas especialmente uma voa em direção à tela, bate na câmera e some. São coisas singelas, mas repito, de beleza e detalhes impressionantes. Sem contar o 3D muito bem utilizado pelo diretor.

James Cameron disse em entrevista à Variety: "É a melhor fotografia espacial já feita, o melhor filme espacial já feito, e é o filme que eu estava ansioso para ver a muito, muito tempo."

Concordo completamente. Todos os diretores de futuros filmes de ficção científica deveriam assistir Gravidade até cansar. O que Avatar foi um novo ponto de partida para o cinema, acredito que com Gravidade, chegamos em um novo ponto. Onde história, computação gráfica e fotografia se unem em perfeição de um belo filme.


Nota (de zero a cinco): 5

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Alerta de Spoilers!

Preciso comentar uma cena, então, se liga com os spoilers e só leia estes próximos parágrafos se você já assistiu ao filme!

O que foi a cena dela tirando o traje aos poucos e "relaxando" após tudo  que aconteceu? Pra mim, a Sandra Bullock ganhou o Oscar nesta cena e na cena que conversa com o chinês que canta uma canção de ninar para o bebê. A primeira sem falas, apenas a atriz ficando quase em posição fetal com os cabos demonstrando um cordão umbilical. Foi o verdadeiro renascimento da doutora.

Que ideia genial do Cuarón. E a segunda cena, o alívio da astronauta em ouvir alguém finalmente falando qualquer coisa, mesmo que não consiga entender... só em ouvir algo que ela conhece, já é o suficiente para acalmar e respirar. A visita de Matt só mostrou que o renascimento é um elemento que Cuarón queria muito transparecer.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

[Games] Crítica: Video Games Live 2013

Os games nunca deixaram de vender. Pelo contrário, o mercado de jogos eletrônicos nunca esteve tão aquecido. Apenas em 2012, a área cresceu 60% em relação ao ano de 2011, colocando o mercado brasileiro como o de maior crescimento em todo o mundo nesta época.

A pirataria também se viu obrigada a reduzir e o Brasil vem mostrando que o mercado de games está cada vez mais sólido no país. Mostrando que o país é a bola da vez no cenário internacional, as empresas investem cada vez mais em jogos localizados para o português, o que coloca nosso país nos próximos anos como o terceiro principal consumidor de games no mundo.

Essa tendência de crescimento apenas coloca em evidência que o público, principalmente os homens de 15 a 35 anos, é consumidor fiel e que não se contenta apenas com a compra e venda de jogos.

Na cidade de São Paulo, os games podem ser considerados mais do que coisa de criança. É um negócio que pode gerar lucro e mais do que tudo, pode garantir diversão e lazer a qualquer momento e em diversos pontos espalhados pela capital.

Atualmente, os próprios games organizam encontros em shoppings ou praças de SP, com o intuito de interatividade nos jogos e na vida real. Não apenas com consoles ou portáteis, mas através de música, filmes ou arte.

Se a qualidade dos já comuns filmes baseados em games é contestada em Hollywood, a música sempre foi motivo de orgulho dos nostálgicos nerds. A trilha sonora, tanto dos jogos antigos de Atari, Super Nintendo ou Mega Drive, quanto os atuais da nova geração, são verdadeiras obras de arte.

E é justamente na relação arte, vídeo game e entretenimento que foi criada a Vídeo Games Live por Tommy Tallarico, o maior compositor de game music do mundo (compôs trilhas para 275 jogos, como Tony Hawk Pro Skater, Spider Man, Earth worm Jim, Unreal, Mortal Kombat, e Time Crisis). Tommy também é o fundador e presidente da Game Áudio Network, organização sem fins lucrativos que tem o objetivo de promover a excelência nas trilhas dos jogos eletrônicos.

Antes mesmo de entrar na casa de shows, o público característico mostrava o amor pelos games, cada um com a sua referência. Com uma touca do Link, um chapéu do Mário, uma camiseta do Mega Man... a entrada virou um verdadeiro show de referências à cultura dos games.

A VGL é um concerto que conta com uma orquestra que apresenta trilhas sonoras memoráveis de dezenas de jogos da antiguidade e da atualidade.

Foto: Diego Bezerra

Pensando em ouvir e viver a nostalgia na sua mais pura essência, compareci na oitava edição do concerto da VGL neste domingo (6), no HSBC Brasil. Na verdade, ganhei um ingresso do irmão de um grande amigo no último minuto, provando que grandes momentos precisam de um pouco de sorte. O show teve presença da Orquestra Sinfônica Villa-Lobos que apresentou coro, solistas, percussionistas e arranjos musicais renovados e com uma qualidade digna de tirar lágrimas de muitos marmanjos barbudos.

O evento conta com competições de Guitar Hero, Super Smash Bros Melee (no qual o meu irmão venceu e recebeu uma camiseta e um DVD do show) e diversas outras formas de interação. Todas as referências da orquestra são ligadas ao mundo do vídeo game e o público retribuía, entendia e dava risada com cada citação.

Foto: Diego Bezerra

Um show de trilha sonora com uma orquestra com o publico sentado em mesas? Nada disso, no começo o próprio Tommy diz que aquele não é um show para observar e absorver e sim para interagir e assobiar ou murmurar aquela sua música favorita.

Além de apresentar músicas de séries clássicas como Chrono Trigger, Final Fantasy, The Legend of Zelda, Mario, Sonic the Hedgehog, Mega Man, Metal Gear Solid e mais vários outros.

Focando na nostalgia, a Vídeo Games Live consegue apresentar música clássica, games, entretenimento, interação e humor em apenas um show impecável de aproximadamente duas horas.


Tenho certeza que a cada música, cada pessoa sentada naquelas mesas se imaginou criança, sentado no chão jogando vídeo game. Quando as preocupações eram saber se o seu jogo estava na locadora ou se alguém tinha excluído o seu save na semana passada. Uma orquestra que te faz voltar à infância. Nada mal para um final de domingo na fria cidade de São Paulo.

Nota (de zero a cinco): 5

terça-feira, 1 de outubro de 2013

[Música] O que vi no fim da MTV Brasil

Aprendi na MTV o que é rock. Aprendi que é preciso respeitar o clássico. Aprendi que Beatles, Led Zeppelin, Rolling Stones e Iron Maiden são lendas intocáveis.
Tive medo dos comerciais bizarros e nonsense.
Vi o clipe de Talk do Coldplay, fazendo eu me apaixonar pela banda.
Conheci The Killers, The Strokes, Arctic Monkeys e minhas bandas favoritas por causa dos clipes. Aprendi que o melhor guitarrista do mundo é o Jimi Hendrix. Tive muito medo do clipe do Marilyn Manson - Tainted Love. Pensei que música boa era aquela bem colocada no Top 10. Aprendi que música bem colocada no Top 10 não significava nada.
Dei muita risada com os Piores Clipes com Marcos Mion, inclusive o épico do Bruce Springsteen - Glory Days.
Ri muito com o Marcos Mion em qualquer programa, inclusive o Descarga, Piores Clipes, Covernation, Mucho Macho e Quinta Categoria.
Chorei de rir com Hermes & Renato, o Boça, a Dona Máxima, o Palhaço Gozo, o Joselito, o Sinhá Boça, o Away e milhares outros.
Conheci a famosa lambida no pescoço com o Gil Brother.
Aprendi a dublar com o Tela Class. Dei muita risada com as lendas Paulo Bonfá e Marco Bianchi. Assisti peladas épicas das bandas nos vários Rockgols e até hoje não lembro o nome da Musa Nissei Sansei e do Chernobil.
Chamei o Nasi de Wolverine Valadão por muito tempo e chorei de rir com as saídas de bola para si mesmo. Aprendi que Birigui, "a Massachussets brasileira",  possui torres gêmeas e a melhor iluminação do mundo.
Repeti: "Marcos Binachi, acabo de ser informado que houve um gol". Repeti: "Dono do Fusca, placa AJT-4245... sua mãe morreu". Aprendi as letras de Swimming Pool e I Love The Flowers.
Aprendi a imitar a Sara e os outros Vjs com o pé no banquinho chamando as músicas dos caras do URRED URROT CHIILLIEEE PEEPPEEERRRS.
Conheci Skank, Capital Inicial, Paralamas e descobri que a música brasileira é tão boa quanto a americana.
Pensei que era fora da lei por assistir os programas proibidos da Penélope. Fiquei puto com os resultados do VMB. Repeti o clássico: Pessoal da Emetevê... Bota essa porra pra funcionar direito! Conheci a Megaliga MTV de VJs Paladinos, a Funérea e o Conrado.
Comecei a perceber que aos poucos eu diminui minha quantidade diária de MTV e achei que era coisa da Idade. Mas percebi com o Adnet, o Bento, a Tatá, o Paulinho, que o humor ainda era o que me conquistava.
Percebi que a música foi ficando de lado. Percebi que a internet ajudou a afundar a MTV.
Conheci as músicas épicas do Comédia MTV.
Nunca vou esquecer das horas de risadas do TecnoBento e do Lado Bom de Ser Gay.
Aprendi que é possível fazer piada com crítica com o clipe de Indiretas Já - Comédia MTV, uma sátira de Roda Viva, do Chico Buarque.
Chorei de rir milhares de vezes com as piadas sem graça da Calabresa e o Bento, no Furo MTV. Aprendi a verdadeira mensagem em mandar desligar a TV e ler um livro. Aprendi que um dia tive que me despedir da MTV. Aprendi a dizer adeus a uma colega que me ensinou o que é música boa, humor diferente e bizarro, a curtir 
rock, a repetir piadas, a AMAR música e querer trabalhar escrevendo críticas musicais no futuro. Aprendi que mesmo não sendo a mesma coisa, não fica um canal, fica uma página da minha infância.
Obrigado MTV Brasil.

domingo, 8 de setembro de 2013

[Cinema] Crítica: Detona Ralph - 2012

Detona Ralph é um dos filmes que aguardo desde que vi o trailer pela primeira vez. E sim, mais uma vez estou falando de um filme que lançou faz tempo, mas fuck the police!

O filme é produzido pela Walt Disney Animation Studios e mostra que a Pixar não é (e nem vai ser) unanimidade quando o assunto é o mundo das animações.


A história é baseada em Ralph, o vilão do jogo de arcade Conserta Felix Jr. que tem o papel de destruir um prédio e o herói Felix deve consertar.

A história se passa dentro dos jogos eletrônicos de um fliperama, ou seja, após o fim do expediente, todos entram em um tipo de confraternização. A Estação Central de Jogos funciona como uma praça onde todos os jogos se encontram.


Para os saudosistas este local é um prato cheio. A cada cena que apareciam personagens na central de jogos era uma lembrança de um jogo antigo e adorado. São dezenas de referências escondidas no filme, contando Nintendo, Capcom, Atari, Konami , Sega e Midway. São easter eggs escondidos em grafites nas paredes, uma passagem rápida em um poste ou no horizonte.

Existem referências de games em tudo. O filme começa com uma sala de terapia com vários vilões clássicos da história dos games como o Robotnik (ou dr. Eggman para os frescos), Zanghief, Bowser, inclusive os fantasmas do Pac-Man. A cena em si já seria incrível no mudo apenas por reunir tantos elementos épicos em uma tacada só.

Também existem referências ao Mario, aparições do Sonic e até alusão Mario Kart com a pista Rainbow Road na cena de corrida.

O jogo Conserta Felix Jr. faz aniversário de 30 anos e ninguém convida Ralph para a festa. Tratado apenas como um vilão, ele não é reconhecido e mora em um lixão fora do prédio onde todos do jogo moram. Todos desprezam Ralph e amam Felix. Ralph não tem culpa, é o seu trabalho e foi programado para isso.

Um dia, (como todo mundo) Ralph se cansa e deseja reconhecimento pelos anos de trabalho. Afinal, não é fácil ser jogado do prédio pelo herói todo fim de jogo. Para ser reconhecido, Ralph sai à procura da uma medalha de herói!

Na busca da medalha chega ao mundo doce Corrida Doce, jogo em que conhece o Rei Doce e a menininha Vanellope, um bug que não consegue conviver com os outros personagens, nem ir à Central onde os personagens se encontram justamente por ser um bug.

A animação é muito bem feita e explora os cenários de forma incrível. Mas o maior feito da Disney foi utilizar todo esse universo dos games e mesmo assim não perder o foco, criando personagens e uma história sensacional. É impossível não se apaixonar pela garotinha 'bug' Vanellope, uma “falha no sistema” vinda de um jogo de corrida de karts, é fácil entender as razões do Ralph e não é uma dura tarefa simpatizar pelo Conserta-Felix Jr.

Um detalhe que preciso ressaltar é a dublagem brasileira. Vanellope é dublada pela Marimoon.

QUÊ? Sim, eu também me assustei. A dublagem ficou muito fofa, assim como a personagem. Foi um EXCELENTE trabalho da Marimoon. Bom trabalho também ao Tiago Abravanel, o irreconhecível Rafael Cortez e quanto ao resto dos personagens, não precisa nem falar, a dublagem brasileira é referência mundial e não há o que contestar.


Principalmente em animações, os encarregados são sempre cuidadosos, embora as produtoras às vezes compliquem de propósito, como em algumas cagadas como chamar a Preta Gil (‘Os Sem Floresta’ onde dublou a gambá Stela) ou o Luciano Huck (‘Enrolados’ onde dublou Flynn Rider). Enfim, quem se surpreende com a Marimoon pode se surpreender com todo mundo.

Voltado ao filme, o enredo é bem amarrado e consegue unir pontas que tinha certeza que ficariam soltas. (Alguma coisa me diz que é consequência do final de Lost que assisti há pouco tempo).

Quanto à animação em si, é impressionante como elas ficam cada vez mais perfeitas. É um trabalho impecável, desde os cenários lá no fundo quanto os bugs de Vanellope ou os gráficos de propósito pixalizados como um vídeo game no hotel do Felix. A forma de movimentação dos personagens do jogo central é muito boa como se eles vivessem quadro por quadro. Boa sacada.


A sequência já foi anunciada e a espera mais uma fez deve ser longa! Ainda mais porque a presença do Mario já está confirmada pelo diretor Rich Moore, o que já me deixa imaginar a loucura que seria se deixassem o Charles Martinet viajar no personagem. Espero que tenha uma participação importante!

Nos 109 min de filme é possível se encantar pelos personagens, construir uma bela história, conquistar os amantes de games e passar uma mensagem superimportante para as crianças, mas que também serve como um lembrete para os adultos. A mensagem de ''seja você mesmo'' pode ser antiquada, mas é necessário ser reforçada em um mundo que as crianças preferem se espelhar na Selena Gomez ou no Neymar do que ter sua própria personalidade.

A mensagem que fica é que não é nada mal ser você. É o seu personagem, o seu jogo, é a sua vida. É só passar de fase aos poucos e deixar a vida no ‘Very Easy’ que todo mundo consegue zerar tranquilo, sem se preocupar com o game over!

Nota (de zero a cinco): 4

sábado, 27 de julho de 2013

[Música] Crítica: Monomania - Clarice Falcão

Quando decidi ouvir Clarice Falcão, já havia escutado tudo sobre ela, menos a sua música. Atualmente é uma tarefa difícil encontrar alguma coisa boa folk, meio indie na música brasileira. Até que tem, mas nunca sai da garagem e dos shows com 50 pessoas na Augusta.

Enquanto "comprava" minha cópia do seu álbum "Monomania" em algum 4shared da vida, procurei saber sobre a moça. Era conhecida por postar vídeos no YouTube apenas com voz e violão e por diversos outros trabalhos na produção de conteúdo para internet e televisão.

Já na primira faixa do cd é fácil se lembrar de Mallu Magalhães pela sua voz doce. É uma comparação inevitável, mas ao mesmo tempo injusta. A Clarice não é insuportável como a Mallu.

Sua voz doce e a companhia do violão já soavam bem quando me surpreendo com cordas de violino, ukulele e piano em algumas faixas. Apenas o necessário para incrementar o que já é bom.
As letras de sua música ao mesmo tempo que são clichês em falar sobre o amor, tem um toque de criatividade e humor, como algumas pérolas como:

"Eu esqueci você...E se eu chegar a te obrigar a me beijar assume que eu to drogada".

"E se eu mostrar o cianureto que eu comprei pra gente se matar...Você manda me prender no amanhecer?".

Senti uma coisa diferente ao ouvir suas músicas justamente por essa criatividade em criar um ar de amor doentio em cada música e troca de palavras proposital no dueto em "Eu Me Lembro".

O que me chamou a atenção também, pode ser considerada uma coisa muito inútil.
Mas é evidente que em alguns momentos é possível perceber Clarice sorrindo ao cantar algumas palavras. EU SEI, não dá pra saber se ela estava realmente sorrindo, mas a forma com que ela pronuncia as palavras eu a imagino no estúdio sorrindo de frente ao microfone. O que me faz sorrir logo em seguida.

Algumas músicas podem soar parecidas, mas a fórmula é perfeita e calma. Escutei o disco após um estressante dia na redação e voltei com um sentimento de calma e tranquilidade indescritível (apesar de que acabei de tentar descrevê-lo).

No total, o único problema é a pouca duração das músicas, como Capitão Gancho (letra fantástica) e Um Só. Além de que a fórmula que dá certo pode se tornar deveras repetitiva. É algo que não sinto necessidade de ouvir todos os dias, justamente para preservar esse sentimento diferente que tenho ao ouvir este disco.

Conhecer a musica da Clarice pra mim foi surpreendente. Pensei que depois da experiência traumática ao ouvir um álbum inteiro da Mallu Magalhães iria demorar para aparecer uma voz doce é calma.
Aguardo aquele show maroto em São Paulo e já faço as contas pro próximo disco.

Fiz essa análise logo ao terminar de ouvir pela primeira vez o álbum. Decidi esperar uma semana para ver se realmente era isso que eu sentia ou se era apenas uma surpresa momentânea. Resultado? Não mudei uma palavra daquela que ouvi pela primeira vez. O álbum foi e ainda continua encantador.
É que é inevitável não se sentir leve após "Monomania".


Melhores faixas:
 Capitão Gancho, Macaé e Um Só.
Piores faixas: O Que Eu Bebi (achei meio perdida no álbum).
Nota (de zero a cinco): 4

quinta-feira, 20 de junho de 2013

[Outros] A revolução e o início do Brasil 2.0

Precisava registrar o fato com as minhas palavras. Afinal, não é todo dia que temos uma revolução no seu país.

Patriotismo repentino

O brasileiro nunca foi o melhor exemplo de um indivíduo patriota. Ninguém tem uma bandeira hasteada no jardim da sua casa, assim como nos Estados Unidos. Ninguém pensava em mudar alguma coisa, pois nossas causas já eram consideradas perdidas.


O que aconteceu com o brasileiro que ele começou a sentir esse patriotismo da noite pro dia?

Não foi do nada. Esse era um sentimento que o brasileiro, nem nos sonhos mais longínquos pensou que teria.

Sim, é importante, todos queremos que a tarifa diminua. Mas, o brasileiro já está tão cansado e se acostumou com TANTA coisa errada que simplesmente se acomodou. Nada vai mudar mesmo, "Pior que tá não fica", né? Só em pensar que há pouco, o protesto da vez era votar no Tiririca...
A influência da internet

A internet, mais do que nunca, foi a base de apoio à causa. Os vídeos que os próprios manifestantes colocavam no Youtube mostravam quem realmente estava afim de briga. Eram os policiais. O governo após diversos vídeos comprovando a força excessiva policial prometeu observar melhor os homens de farda e garantiu que nos próximos atos não haverá bala de borracha.

O Facebook agiu como uma ferramenta de comunicação fantástica, no qual os organizadores davam dicas aos manifestantes e mostravam onde o protesto seguiria e até onde ele iria chegar.

Sem dúvidas, mesmo após todas as confirmações no Facebook, ninguém acreditava que o brasileiro entraria de cabeça nesse jogo.


Agora está na moda dizer que somos a geração Coca-Cola. É duro admitir, mas quem iniciou essa revolução foi a geração dos memes.

O efeito dos R$0,20

A tarifa do ônibus foi só o estopim, a gota d'água, diretamente dos tempos de escola, foi o nosso Francisco Ferdinando. Os protestos foram a libertação do povo brasileiro. A libertação, mostrando que está cansado da corrupção, do hospital que tem uma atendimento ridículo, do transporte público que é uma piada e da educação que não recebe investimento.

Se tivéssemos um transporte público de qualidade, acredito que as pessoas não se engajariam tanto no preço em si. O problema é a forma que somos transportados como lixo e mesmo com os impostos, com o tempo e com novos políticos, tudo continuava do mesmo jeito. Menos a tarifa. Tem sentido aumentar o preço de algo que não funciona da forma correta? É até difícil imaginar o que o governo teria que fazer para tanta gente se acomodar no metrô e no ônibus.

Quem pega metrô sabe que a quantidade de pessoas por metro quadrado é dobrada em um metrô na capital paulista pela manhã e no horário do rush. Onde cabem três pessoas sempre haverá um imbecil que acredita que cabem quatro. Agora multiplique por milhares de pessoas que precisam chegar no seu destino na hora certa.

Nem adianta esperar o próximo trem. O próximo vai estar do mesmo jeito, quem sabe pior. Quando você olha no relógio você já está atrasado e virou mais uma vítima do metrô de SP. Algo nessa situação tem condição de ter o preço mais alto? Óbvio que não. Até que teve um movimento que decidiu dar o primeiro passo.

A Revolução do Movimento Passe Livre

Os primeiros atos do Movimento Passe Livre recebiam cada vez mais integrantes e maior cobertura da mídia. Por falar em mídia, no início, dava pouca importância ao ato, como se fosse mais uma causa simples, assim como a marcha da maconha ou a das vadias.


No terceiro ato, na terça-feira (11), cerca de 20 mil pessoas foram ao Teatro Municipal e seguiram rumo a Avenida Paulista.


Os policiais foram acusados de força excessiva e os manifestantes, chamados de vândalos. A Paulista virou uma zona, ônibus foram pichados, vidros de agencias bancárias foram quebrados e o caos foi instaurado.

Sempre tem um aproveitador

Sim, existem vândalos sim no meio da manifestação, mas isso é impossível filtrar. Não tem como revistar e conhecer as intenções de um protesto com milhares de pessoas. Não tem nem como culpar os organizadores.

O que precisamos entender, é que no meio de toda uma causa, existem policiais que estão apenas seguindo ordens. Nossa briga não é com os policiais e sim contra a repressão e a corrupção do governo. A polícia não pode assistir vândalos infiltrados em um lindo movimento depredando o patrimônio público.


A mídia caiu em cima dos manifestantes e Fernando Haddad e Geraldo Alckmin que deveriam ser as pessoas mais interessadas em saber em qual pé esse protesto chegaria estavam em um evento em Paris. A culpa foi inteira dos "vândalos".

A Batalha dos Vinagres

O quarto ato na quinta-feira, foi o mais violento. A tropa de choque não queria deixar os manifestantes invadirem a Avenida Paulista, já que no ato anterior ocorreram os problemas já citados. Mas desta vez, a mídia também foi afetada. Diversos jornalistas foram alvo das balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo atiradas pelos policiais e spray de pimenta.

Pessoas que estavam apenas tomando cerveja após a manifestação apanharam de cassetete. Pessoas foram presas para averiguação. Pessoas foram presas por portar... vinagre. Dai o simbólico título de "A Batalha dos Vinagres".


A manifestação em SP, seguiu pacífica. Agora Haddad e Alckmin não tinham mais o que falar, a quem culpar. Não pode mais colocar a culpa nos vândalos. Não tem que lidar com a polícia que teve uma atuação discreta, como deve acontecer em uma manifestação. A ideia deve ser o centro das atenções e não as pessoas envolvidas.

A segunda-feira que entrou para a história

Chegou o dia 17/06, um dia histórico para o Brasil. Não apenas São Paulo participou do movimento com 65 mil pessoas, como o Rio de Janeiro colocou 100 mil pessoas nas ruas, Brasília 5 mil, Belo Horizonte 10 mil, Porto Alegre 10 mil... Tudo isso em plena Copa das Confederações, cerca de 250 mil tomaram o país.

Catedral da Sé
No Rio de Janeiro, manifestantes invadiram a Assembleia Legislativa.

Em Brasília, simplesmente ocuparam o Congresso Nacional. No dia 17 de junho de 2013, os brasileiros foram para as ruas lutar por seus direitos. No dia 17 de junho de 2013, o POVO tomou o Congresso.

Foto histórica da tomada do Congresso

Seus netos vão estudar sobre esse dia na escola, dá para ter noção da importância deste dia?
Não existe maior prova de que o brasileiro quer melhorar o seu país. Levantou e quer mostrar que o Brasil não é lugar de aproveitadores.

Só não pode perder o foco

Mas, única coisa que não pode acontecer agora é desfocar o que nós queremos. Uma coisa de cada vez. Se conseguirmos o ônibus, depois tentamos algo sobre a saúde. Tudo porque algo que engloba tudo, não engloba nada.

A capa da Folha de S.Paulo do dia (18) diz: Milhares vão às ruas “contra tudo”. Não é contra tudo. Generalização ridícula da Folha. Sabe alguma coisa que tenho medo? É dessa manifestação do transporte público perder o foco e virar algo contra a corrupção, contra a roubalheira de novo. Essa história de se vestir de branco só leva a ideia de mudança de foco, a algo como a procura da paz.

Óbvio que a paz é algo que todos, sem exceção, querem. Não devemos perder o foco. Transporte, uma coisa de cada vez. Devemos prestar atenção a essa expansão da imprensa sobre o assunto.

Nosso hino nunca foi tão significativo como hoje. Sabe aquela história de patriotismo derrotista que o brasileiro tinha?

Pois é, isso acabou. A partir do dia 17 de junho de 2013, o brasileiro tem orgulho em ser brasileiro e sabe que deve e consegue lutar pelos seus direitos.

Revolução que dá resultado

E o resultado chegou. No dia 19/06, o prefeito Fernando Haddad e o governador Geraldo Alckmin anunciaram a redução da tarifa novamente para R$3,00.

Isso só aconteceu porque o povo foi para as ruas, correu atrás e venceu.

O gigante acordou e deu o primeiro passo. Temos muito o que fazer e já sabemos por onde seguir. Tem muita coisa errada ainda nesse Brasil. PEC 37, Estatuto do Nascituro, Renan Calheiros, Sarney, Feliciano e sua "Cura Gay", melhorias no transporte público (só abaixou o preço, continua uma porcaria)... ainda temos um longo caminho.

O começo do Brasil 2.0

Posso dizer que vivi uma revolução e conseguir registrar tal feito, isso é incrível.

Porém, como sei que esse é só o começo de um novo Brasil.

Já comprei o jornal do dia seguinte após o quinto grande ato. Aposto que os meus netos vão mostrar pros amigos e vão fazer o maior sucesso.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

[Outros] Por que os humanos sonham

Qual a necessidade do sonho? Tudo bem, os humanos se comunicam porque lá no começo era o único caminho. Não que os nossos antepassados decidiram falar do nada, mas era questão de tempo, uma questão evolutiva, juntos reproduzimos, construímos e somos maiores. A comunicação vista por este lado é natural.

O sonho não é uma particularidade dos seres humanos. Os animais também sonham. Segundo pesquisadores, os roedores têm um padrão de sono semelhante ao nosso, com sonhos longos, complexos e até possíveis pesadelos! Em vários mamíferos estudados, como ratos, gatos, cães, macacos e elefantes, especialistas verificaram a presença do REM, estágio do sono em que rolam os sonhos.[Fonte: http://mundoestranho.abril.com.br/materia/os-animais-sonham]

Mas há questões não resolvidas e pouco exploradas. No caso, a existência do nosso subconsciente. Acredito que é nele onde desenvolvemos os sentimentos, sonhos e medos. Ainda não há uma resposta definitiva do porquê sonhamos.

Se podemos nos lembrar, é porque em algum lugar do nosso subconsciente nós armazenamos informações além do nosso entendimento e que não é a nossa memória. Como explicar um sonho projetado em um lugar que nunca visitamos ou em algo que nunca fizemos?

O inconsciente, para mim sem dúvidas, faz parte dos tais 90% do cérebro não utilizado pelo ser humano.
E é aqui que "guardamos" as doses de insegurança, medo, juízo, nossos monstros... Ninguém quer ter, mas podem ser tão necessários quanto a coragem e a resposta positiva para tudo. O ser humano ainda se esconde atrás da sua própria evolução. 

Acredito que o que seria ao mesmo tempo um passo gigante para a evolução, séria o início do caos quando em um futuro distante tivermos liberdade de interagir com o nosso subconsciente. Imagine um mundo em que todos libertem seus monstros, sombras e inseguranças? O que vai ter de chefes mortos não vai ser brincadeira. Imagine um mundo em que realizamos o que nossos sonhos, sem ter que esperar o tempo passar? 

Mesmo que praticamente impossível, quem vai querer fugir deste mundo? Imagine um mundo sem mentiras, vaidade? Seria interessante, seríamos verdadeiros e todos seriam tratados iguais, não precisaríamos de facetas e papéis para cada situação ou contexto. É inevitável, somos todos atores em casa e no trabalho. É IMPOSSÍVEL, ser a mesma pessoal em todo lugar, por mais verdadeira que a pessoa seja.

(É impossível escrever sobre sonhos sem imagens clichê para ilustrar)

Também é impossível imaginar um mundo perfeito de modo coletivo. O mundo perfeito de um vilão dos quadrinhos é o caos instaurado. É sonhar demais um consenso coletivo, como Freud diz: "É como pegar água do mar e pensar que você tem o mar em suas mãos... Não, você tem água". Você pode pensar que é plenamente feliz, mas não pode afirmar que a pessoa ao seu lado é tão feliz quanto você.

 Imagina garantir a felicidade de todos os humanos ao mesmo tempo? Somos humanos e para sermos felizes, precisamos infelizmente ser mais felizes do que alguém. Senão viveríamos num mundo de reis, presidentes...quem limparia o lixo da rua e quem faria a sua comida se todos mandassem?

Voltando ao sonho, como ele trás lugares desconhecidos, pessoas desconhecidas, como pode haver  alguma conexão com a nossa memória? Jung diz que tudo faz parte do consciente coletivo e invisível. Seria então os sonhos uma outra dimensão? Porque lembramos de tão pouco de algum sonho e em outros lembramos os mínimos detalhes? 

O sonho cria um mundo fantasioso de dois lados. Se por um lado, pelo menos no sonho podemos fazer algo que não podemos fazer com facilidade na realidade, é muita ilusão se precipitar tentando fazer tudo em um dia. Claro, tudo pode acontecer, mas é preciso ter consciência. 

O lado bom e o lado ruim...até os sonhos tem. Os sentimentos podem ser levados em consideração como apenas denominações. A tristeza é um lugar pra quando estamos pequenos e o amor para quando nos sentimos gigantes? Os sentimentos são feitos para definir e formar um caráter de um ser humanos e quase por unanimidade estão ligados com os sonhos. Sonhamos que amamos, que estamos tristes, sempre um elo com os sentimentos.

O sonho é fantasioso, nosso inconsciente ainda é um mistério. Séria muito irônico sonhar em um dia obter resposta?

domingo, 21 de abril de 2013

[Cinema] Crítica: O Escafandro e a Borboleta - 2007

O Escafandro e a Borboleta é um filme francês, uma adaptação do livro autobiográfico de um jornalista da revista de moda Elle, Jean-Dominique Bauby, que teve uma vida bem sucedida, teve três filhos com sua ex mulher e namora uma linda garota. Um homem livre.

A primeira cena do filme é o despertar de Jean. Após sofrer um AVC (acidente vascular cerebral), ele acorda em hospital sem entender a situação. A visão do público é limitada, assim como a de Jean. Tudo o que podemos ver, é o que o personagem vê. A câmera por grande parte do filme é a perspectiva de Jean.


Seu corpo ficou paralisado devido à síndrome Locked-in, também conhecida como Síndrome do encarceramento. As únicas partes em que podem se movimentar, são seus olhos. Ou melhor, apenas o olho esquerdo, já que o direito foi costurado para não correr risco de infeccionar. Ele está preso em seu próprio corpo e terá que ser forte o suficiente para aprender a viver desta nova forma.

Nossa câmera e visão é seu olho esquerdo. O que restou para Jean é a sua memória e sua imaginação.

Conforme o tempo passa, Jean aprende uma nova forma de se comunicar com sua fonoaudióloga, recorrendo às letras utilizadas com mais frequência no alfabeto. Para escolher a letra e para responder as perguntas de sua família e médicos: uma piscada para sim e duas para não.

Demora para termos a primeira visão de seu rosto. Tanto que quando vemos, vemos junto com Jean. Claro, nossa reação é a mesma.

O personagem que como qualquer outra pessoa, sente por não poder abraçar seus filhos, sente pela situação de ver médicas lindas em sua frente e não demonstrar reações, sente pela dificuldade de se comunicar e ainda assim conseguir ter um mórbido senso de humor. Ele cria para si mesmo uma visão de que está preso em um escafandro debaixo d'água e não consegue se libertar.

Preso e seu próprio corpo e com sua mente funcionando livremente, Jean, com ajuda de uma assistente, decide ditar uma história para enfim escrever seu livro. Sim, um livro. Palavra por palavra, letra por letra. Haja paciência para a assistente.


Para um homem que trabalhava com moda, vivendo com a ditadura do corpo perfeito, restou a sua imaginação. Já dizem que com a imaginação se vai longe. Para Jean, era essencial imaginar para viver dia após dia. O personagem procura fantasiar e perguntar a si mesmo "onde vou jantar hoje?", "Com quem quero sair hoje?".

Isso era fácil, pois sua imaginação e suas lembranças podiam o levar à qualquer lugar mesmo sem poder se movimentar, como uma borboleta.

É possível encontrar em sua personalidade, a vontade de procurar o mínimo de progresso, de manter o mínimo de esperança, mesmo com a ajuda - fictícia em sua percepção - das religiões.

Trata-se de uma lição de vida inexplicável, uma força de vontade assustadora. Mais do que nunca, o diretor transmite que a comunicação é a coisa mais importante que temos na vida. A história ajuda a entender que a timidez pode ser a maior burrice de um ser humano.


Fica a lição de que muitas vezes nos prendemos por vontade própria em escafandros. É o chamado orgulho. Se somos livres como uma borboleta e não precisamos de uma forma primitiva para nos comunicarmos, porque ainda somos tão presos? Criamos um limite para nós mesmos e damos um passo para trás quado chegamos nele.

O filme serve como uma fonte de inspiração para que através da comunicação e da convivência em sociedade, possamos dar esse passo adiante e criar situações que nunca chegaríamos nem a imaginar atrás da nossa linha, presos em nossos escafandros, no nosso orgulho e na preservação excessiva.

Nota (de zero a cinco): 4,5

segunda-feira, 8 de abril de 2013

[Outros] O equilíbrio é o que nos liga

Sempre desejei estar vivo no dia em que a NASA anunciar a vida em outro planeta.

Calma, esse não é mais um dos vários posts sobre extraterrestres deste blog. Quero dizer, mais ou menos...
É apenas uma forma de chegar onde quero chegar.

Apenas imagine como seria esse dia? Será um dia memorável, que marcará a humanidade.
Sem pensar que seria uma guerra para obter mais informações! E muitas outras questões não respondidas também...

Como eles são? Eles são parecidos com a gente? Eles são altos, baixos, civilizados, vêm em paz?
Seria um dia sensacional!

Mas agora vamos imaginar que realmente encontremos vida em um dos vários planetas que os cientistas dizem haver possibilidades. Teríamos mais perguntas ainda. Mas há uma em questão que eu tenho mais curiosidade. A vida em outro planeta tem uma versão alternativa do equilíbrio que encontramos na Terra?

Como seria essa vida? Eles teriam a mesma vida que temos na Terra? Eles trabalham, né? Até porque se trabalharem, as aparições extraterrestres na Terra seriam seus astronautas, certo? Eles têm uma rotina? 

E o mais importante... a vida no planeta deles têm equilíbrio? Tem natureza, animais? Oceanos, recifes, peixes, tubarões, baleias e plâncton? Tem animais voadores, selvagens ou de estimação?


Apenas não creio que uma civilização que é capaz de viajar pela velocidade da luz, tenha seu único fator positivo, a tecnologia. Os cientistas sempre batem nesta questão... "eles", são muito mais avançados do que nós tecnologicamente. Concordo.

Mas eles têm esse equilíbrio que temos na Terra? Seria por causa deste, que o ser humano é capaz de ter amores e sentimentos indescritíveis? Ou sem ele, nossa vida seria apenas uma suposta reprodução para continuar a espécie e viveríamos apenas por uma briga de território como objetivo?

Enfim, cheguei onde queria. Nosso planeta só é o que é, porque todas as peças estão devidamente encaixadas no quebra-cabeça. A menor das peças, faz uma terrível falta. 


Por isso, as campanhas contra a pesca ou caça dos animais em extinção são tão importantes. 

Tudo começa com um animal que comia um peixe. Esse animal é extinto, assim temos uma praga daquele peixe que não é mais comido por seu predador. Aquele peixe dizima sua caça, espécies menores. Muito peixe pra pouca comida. Essa espécie dizimada devido à grande quantidade de predadores mantinha o coral vivo com uma espécie de limpeza. O coral dá moradia e a espécie faz um lava-rápido. Sem essa "limpeza", os corais morrem e junto com eles, muitas e muitas espécies. 

Por causa de quem? Do ser humano que extinguiu uma peça importante (animal), do quebra-cabeça (ecossistema) e assim deixa o quadro (vida) incompleto (sem equilíbrio).

Deu pra entender a relação? Tome cuidado para não desequilibrar mais e mais. Jogar a sujeira no lixo da rua já é alguma coisa. Conhece aquela história de que o esse lixo daqui a alguns anos, apesar da chance ser pequena, poderia causar uma catástrofe? Já ouviu falar em efeito borboleta? 


Sendo assim, a ideia principal não é saber como é a vida fora da Terra. Quero saber se eles tem uma corrente que liga tudo, assim como a nossa.
Não sejamos então extraterrestres, não "foras da Terra". Somos parte dela e ela nos deu o maior presente para nossas vidas. E muitas vezes nem damos conta da existência dele, como o vento, o frio ou o calor:

O equilíbrio é o que nos liga.

domingo, 24 de março de 2013

[Livro] Crítica: O Lado Bom da Vida

O Lado Bom da Vida conta a história de Pat Peoples, um homem que se vê internado em uma Instituição Psiquiátrica, ou como ele chama: "lugar ruim".

Os motivos da sua internação, de início não são revelados e como Pat perdeu sua memória, também não sabe como foi internado e porque a sua mulher Nikki está tão distante. Sua família e amigos também disfarçam quando o assunto é seu passado e evitam o máximo possível fala sobre Nikki. Seu único amigo é Danny, ou como Pat chama, meu amigo negro, Danny.

A dúvida de Pat, vira uma dúvida do leitor, tornando uma obsessão ler o próximo capítulo para enfim saber se no próximo, o passado de Pat será revelado. Os capítulos são relativamente curtos, tornando a leitura mais agradável e fácil de digerir, após a grande confusão do começo. 

Pat sofre de depressão, chora a todo momento, porém não deixa em pensar que tudo vai melhorar, sempre. Aos poucos, conforme Pat sai do lugar ruim - graças ao pedido de sua mãe à justiça - começa a reestruturar sua vida e a tentar retomar sua rotina com a sua incansável mãe. 

O pai de Pat é um homem que só pensa em futebol americano e que define a sua relação com toda a família conforme o resultado do jogo do Eagles. Ridículo e digno de tristeza mesmo. Ainda assim, sua mãe consegue ver sempre o Lado Bom da Vida. 

Pat não se lembra da forma que foi para na clinica, porém deixa bem claro uma coisa. É loucamente apaixonado por Nikki, sua ex-esposa. Tudo em sua vida é rumo ao reencontro que um dia no futuro, pode ser que ocorra. 

Pat começa a perceber que o "momento separados", forma que chama a separação entre ele e Nikki, vai acabar logo e utiliza como base para seguir sua vida as constantes consultas com o Doutor Patel, o louco desejo de seu pai e seu irmão pelo time de futebol americano Eagles e sua louca obsessão por malhar. 

Se Pat está correndo, pensa que está correndo em direção a Nikki. 
Se está fazendo abdominais, está entrando em forma para Nikki.
Se está tomando seus remédios de forma correta, está recuperando sua sanidade mental para Nikki .
Nikki. Nikki. Nikki. Você vai ler muitas vezes o seu nome neste livro. 

É interessante a forma que o autor Matthew Quick se entrega aos detalhes com informações ditas até como desnecessárias, como uma atualização eventual sobre a temporada dos Eagles, o número de jardas percorridas por seu jogador favorito o novato Hank Basquett e até a forma que descreve cada historia dos livros de literatura lidos por Pat.  Todos lidos para impressionar Nikki, é claro. 

Pat vive por um reencontro com sua ex-mulher. E como forma de chegar até lá, conhece pessoas tão problemáticas como ele. Conhecemos Tiffany, uma pessoa que ainda sofre com a morte de seu marido Tommy. Tiffany consegue ter momentos de super sinceridade e momentos de pura indecisão. Afinal, tudo o que ela também quer é superar o passado e abrir um caminho para o futuro.

Tiffany se oferece a fazer o intermediário entre Pat e Nikki, já que ambos não podem se falar, devido a um processo judicial, por parte dela e da família de Pat. Para isso, ele deve fazer dupla com Tiffany em um concurso de dança. Se ela vencer, será benéfico à ambos.

O personagem de Pat é tão bem construído que é muito fácil se ver torcendo, mesmo por um homem de 34 anos que não trabalha, não se sustenta e mal sabe tomar seus remédios corretamente. Tudo porque Pat é muito verdadeiro. Sua forma de ver o mundo é tão otimista que parece cego. 

Não é que Pat é otimista demais. Todos os humanos é que tem uma percepção da vida de forma pessimista, triste. Sabe aquela frase, "No fim tudo dá certo, e se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim"? É assim que Pat vê a sua vida, como um filme que ainda não chegou ao final. 

Ele cria suas próprias regras, sua própria visão de mundo e aos poucos começa a se lembrar porque sua foi parar na Instituição Psiquiátrica  porque tem um ataque de fúria sempre que escuta Kenny G e porque manter uma mulher em um pedestal pode nos fazer sentirmos inferiores. Pat não desiste e quer provar que após a internação, é um novo homem e que já recuperou sua sanidade mental.

Matthew Quick escreve o livro seguindo a maneira que Pat pensa. Aos poucos, vamos entrando no mundo de Pat e que suas loucuras e palavras amorosas (até melosas demais) em seu mundo ilusório, pode até parecer ter sentido. 

Mas quando estamos sobre pressão, que seja do trabalho, que seja física ou mental ou até de um amor impossível de declarar, é até aceitável essa visão positivista de Pat. 

Pat pode ser considerado um louco. Mas um cara louco de vontade de ser feliz e encontrar o seu final. Não importando o resultado, sempre dá pra começar novamente.

O romance O Lado Bom da Vida que Matthew Quick construiu é diferente dos romances contemporâneos. Não há vampiros, magia ou universos paralelos. Essa diferença engrandece a forma que Quick escreve, pois ele humaniza a sua história, acredito que daí saem tantos detalhes que fecham a trama.

As vezes é bom ler um livro que consegue fechar todas as pontas e que deixa o leitor satisfeito. Era possível diminuir um pouco essa santidade formada em torno da Nikki. Isso tornaria a história ainda mais real.

As vezes é bom ler um romance com amores excessivos, uma visão diferente da vida e que nos leva à lição de que o amor é sempre um motivo para pensar que o dia seguinte será diferente.

Nota (de zero a cinco): 4

sexta-feira, 8 de março de 2013

[Cinema] Crítica: Argo - 2012

A profissão de Tony Mendez (Ben Affleck) é resgatar cidadãos americanos presos em outros países. Dessa vez, o resgate seria muito mais arriscado. O ano é 1979 e o país é o Irã. Depois que o ex-governante do país Mohammad Reza Pahlavi procura um tratamento de saúde nos EUA, a população iraniana queria a extradição (leia-se a cabeça do ditador). E assim começou uma série de protestos que chegou ao limite após a população enfurecida invadir embaixada americana no país.

Dentro da embaixada e no meio da fuga, os funcionários queimam os documentos para proteger a imagem americana e preservar a identidade dos funcionários. Seis pessoas conseguem fugir e se abrigar na embaixada canadense no Teerã. Agora, a missão americana era fazer um plano de resgate a essas pessoas, de forma que o povo nas ruas não os vissem.

Tony sugere um plano no qual será feito uma falsa produção de um filme. Após contratar um renomado especialista de maquiagem cinematográfica e de um ator, Tony recebe roteiros no qual a falsa produção iria se inspirar. Para o projeto dar certo, deveria também enganar Hollywood. O escolhido é Argo. Uma produção de ficção científica que supostamente se passaria no Oriente Médio. 


Os funcionários reféns, seriam os câmeras, produtores, atores...assim com a desculpa da gravação do Argo, a equipe liderada por Tony tentaria uma fuga até o aeroporto. O governo americano de início é contra, porém, percebe que apesar de louca, essa era uma das poucas ideias plausíveis para retirar os funcionários das mãos dos rebeldes. 

E assim, Argo consegue conquistar o seu público. As ruas que estão cercadas de manifestações nas ruas, as novas identidades canadenses, todo o conflito envolta da situação, que tem um povo que quer reerguer seu país e achou como "solução temporária", culpar os funcionários americanos. A equipe liderada por Tony, recebe ajuda da CIA, que dos EUA, faz o possível para que a operação tenha sucesso. 

Ben Affleck faz uma incrível atuação e direção. O filme mostra momentos de tensão que são difíceis de se alcançar nos tipos de filme iguais a Argo. Seu ponto máximo é o nervosismo e os momentos de tensão. É difícil se colocar no lugar de todos os funcionários, e ainda mais no lugar de Tony, que mesmo com um filho o aguardando em casa, viajou para um país com grandes chances da operação fracassar.


A ação mostra que o Irã é mais um pais frágil e que o Canadá ganhou com os EUA um aliado para toda a história. Os Oscars recebidos, são realmente merecidos. 
É realmente uma pena que a Academia que considerou o filme perfeito, não considera o maior responsável pelo sucesso do filme, o diretor Ben Affleck, também um vencedor. 


Uma curiosidade é que o produtor do filme é George Clooney que bateu um recorde na história do Oscar. O ator já foi indicado em seis categorias diferentes (ator, ator coadjuvante, diretor, roteiro original, roteiro adaptado e filme), fato que apenas Walt Disney conseguiu com suas animações. Bem versátil esse Clooney.


Argo é um filme baseado em fatos reais e além de um grande filme, mostra a história e uma grande adaptação. Argo venceu o Oscar de Roteiro Adaptado, Melhor Edição e Melhor Filme. 
Prova que Ben Affleck é um grande a ator e agora, um diretor de ponta. Só a Academia que não viu. 
Argo é o melhor filme do ano e Affleck é o grande responsável por isso.

Nota (de zero a cinco): 5

sábado, 2 de março de 2013

[Televisão] Os desenhos de hoje são tão bons quanto os de antigamente?

Sempre fui muito fã de desenhos.. Passei minha infância inteira assistindo Pokémon, Sakura Card Captors, Sailor Moon (sim, me julgue), Inuyasha, Digimon, A Vaca e o Frango (adorava aquele do Stand Up na poça d'água e eles não podiam entrar), O Laboratório de Dexter, As Meninas Superpoderosas, Dragon Ball, Tom e Jerry, Hey Arnold, Johnny Bravo, Samurai X, Mickey, Pica Pau (principalmente a época que parecia que ele cheirava cocaína de tão retardado), Eu sou o Máximo, Pernalonga e Patolino, Rugrats, Pateta e Max, tinha medo do Coragem, o cão covarde e mais um milhão que eu não me lembro agora. Sem contar clássicos como Flinstones, Jacksons, He-man, Speed Racer, Corrida Maluca, Maguila, o Gorila e incontáveis outros...

Esse post pode soar como saudosista, mas faço o possível pra defender os desenhos engraçados. Se os antigos eram mais engraçados, não tenho culpa.

O tempo passou um pouco e surgiram desenhos como Bob Esponja, que até hoje se tiver passando eu paro para assistir. Também tinha medo do Invasor Zim, adorava Rocket Power, A Mansão Foster de Amigos Imaginários e gostava mais ou menos de Jimmy Neutron e ¡Mucha Lucha!


Praticamente, assisti TODOS os episódios de todos os desenhos acima, no mínimo umas 3 vezes. 
Eu gostava mesmo e ainda gosto de desenhos.

Sabendo disso, decidi ver o que passa de bom nos desenhos de hoje e destacarei alguns bons escondidos no meio de uma péssima programação:

Nickelodeon:  Muito bom: Bob Esponja (os antigos episódios, os novos estão ficando completamente sem sentido e criatividade) e Padrinhos Mágicos. SÓ.


Os Pinguins de Madagascar tinha tudo pra ser legal, o filme é muito bom, mas acho meio estranho o desenho. Não sei explicar direito, mas acho muito bem feito. Isso me incomoda, não sei porquê mas incomoda. É o mesmo caso que o desenho do Kung Fu Panda.

Hoje tem muitas séries que não são desenhos, como iCarly e Drake e Josh que são "assistíveis". Me reservo no direito de recusar a assistir "Brilhante Victória" e "Big Time Rush".

Mas se comparados com "Um Maluco no Pedaço" e "Kenan e Kel" não chegam nem aos pés.


Cartoon Network: O Cartoon Network passou por anos mágicos, na época do Toonami que fazia eu ficar das 14:00 ás 20:00 sentado assistindo ao mesmo canal. Era uma sequência perfeita de desenhos épicos.

Depois, não sei o porquê, parou de passar todos os desenhos bons. Digo que a cagada começou com a mudança do logotipo de "Cartoon Network" para "CN". Não sei se mudou o dono do canal, mas começaram a transmitir desenhos bizarros e sem sentido.


Hoje, o que tem de Muito bom é: Hora da Aventura e Apenas um Show.

Hora da Aventura, principalmente, tem um piadas e expressões dos personagens que me lembram aqueles clássicos citados lá no começo. É sem nexo e admite, e isso é muito bom! E por incrível que pareça, o que eu mais gosto no desenho é a dublagem! A qualidade é muito alta! Principalmente a voz do Finn e do Jake, desenho mega recomendado.


Mas, o Cartoon Network pára por aí. Depois tem 6 MILHÕES de versões do Ben 10. Ben 10 na Lua , Ben 10 no Universo Paralelo, Ben 10 no Vulcão, Ben 10 Adolescente, criança, quase adulto. Fizeram 15 versões do mesmo desenho! E o pior de tudo é que todas são muito ruins! O que essas crianças de hoje viram nesse Ben 10, que eu nunca consegui ver? Tem alguns desenhos bizarros também que não consegui dar risada. Volta Cartoon Cartoons!

Disney XD: O Disney "sorrisinho" tem, de novo, Padrinhos Mágicos (o sucesso que muito se deve mais uma vez a dublagem e ao brilhante Cosmo do Guilherme Briggs) e Phineas e Ferb.

Phineas e Ferb é um ótimo desenho da chamada nova geração. É impressionante a forma que três universos nunca não começam juntos, mas os criadores sempre são um jeito de unir. Falo da parte das invenções do Phineas e Ferb, a parte do Agente Perry, o Ornitorrinco e o Dr. Heinz Doofenshmirtz e a parte da irmã mais nova dos dois, Candace que nunca consegue mostrar a invenção dos meninos para sua mãe e colocá-los de castigo. Parece uma grande bagunça, mas as histórias são excelentes. Fora que tem uma parte meio musical muito boa!


Boomerang: Esse eu vou pular, porque tem umas séries australianas adolescentes que quase vomitei em cinco minutos. Horrível.

Disney Channel: A Disney se salva com Phineas e Ferb também, seus ótimos filmes no meio da programação e com Art Attack (eu sei, não é desenho, mas preciso falar) que eu sempre tentei fazer alguma arte, mas saiu muito pior do que o apresentador. Sério que eles pensam que uma criança consegue fazer um castelo "Só pra começar?".

                        <<<Meu desenho.
"Façam o esboço de um castelo, pode ser de qualquer jeito..."
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Bom, é isso aí, ainda tem alguns desenhos muito bons atualmente, como Hora da Aventura, Padrinhos Mágicos e Phineas e Ferb.

Mas se for para comparar com o "tempo de ouro" dos desenhos no final dos anos 90, a geração atual ainda está devendo muitas risadas para as crianças de hoje. Que tal uma bloco de desenhos que não seja de madrugada? Assim, ganham em audiência com os saudosistas revendo seus desenhos favoritos, e as crianças de hoje conhecem o que são desenhos de verdade. 


Até porque, o que é Ben 10 perto de um A Vaca e o Frango?

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

[Cinema] Os premiados do Oscar

Pois é, o Oscar foi sensacional! Como sempre, muitas surpresas, torci o nariz quanto a alguns vencedores, porém, no resultado geral, fiquei satisfeito.


Gostei bastante da apresentação de Seth Macfarlane, criador da Família da Pesada e dublador do Ted, entre inúmeras outras funções do americano.
Ri bastante da interação com o sempre capitão da Enterprise, William Shatner, a música "We Saw Your Boobs", a piada sobre Argo contar uma uma história secreta, tão secreta que a Academia ainda não reconheceu o diretor do filme. (falando sobre a não-indicação de Ben Affleck na categoria de Melhor Diretor).

Gosto dessa coisa de "se posso fazer piadas de quem me contratou, quem dirá dos outros!". E também sobre o publico ainda vaiar sobre uma piada sobre a morte do presidente Lincoln. "Já se passaram 150 anos e ainda não posso brincar sobre isso? Esperem só pelas piadas de Napoleão que tenho à seguir!".

Creio que uma das maiores surpresas da noite, foi ver Lincoln, que foi indicado 12 vezes, perder 10 prêmios! As únicas vitórias do filme foram com o ator Daniel Day-Lewis que deu um show como o 16º  Presidente americano Abraham Lincoln e com o Melhor Design de Produção. Daniel se tornou o maior vencedor da categoria com 3 estatuetas. Ele já havia ganhado por “Meu pé esquerdo” (1989) e “Sangue negro” (2007). Infelizmente para Hugh Jackman e Bradley Cooper, que fizeram ótimos papéis em Os Miseráveis e O Lado Bom da Vida , respectivamente, porém pararam em um impecável Daniel Day-Lewis e sua incarnação perfeita de Lincoln.


Fiquei feliz pela vitória da Jennifer Lawrence, que já aos 22 anos, mostra que é uma brilhante atriz em O Lado Bom da Vida". Infelizmente,ao subir no palco, Jennifer deu uma leve tropeçada (até caindo ela é linda), mas levou na esportiva e manteve a classe, com um discurso bem humorado. "Vocês só estão me aplaudindo de pé porque eu cai né" - disse a jovem estrela perante uma verdadeira constelação de gigantes.


Ela já havia feito um grande trabalho em O Inverno da Alma, que não foi muito divulgado aqui no Brasil, trabalho que inclusive recebeu indicação ao Oscar de Melhor Atriz. E Jennifer já tem um grande futuro, tendo em vista que está escalada para grandes franquias de Hollywood como X-Men  e Jogos Vorazes. As sequências já foram anunciadas e Jogos Vorazes - Em Chamas e X-Men: Dias de um Futuro Esquecido já foram anunciados para 2013 e 2014, respectivamente. Após a premiação, alguns fotógrafos brincaram com Jennifer sobre sua queda. E respondeu com grande classe.

 
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Outra certeza era a vitória já prevista era a de Melhor Atriz Coadjuvante da Anne Hathaway, que mostrou ser uma das melhores atrizes dessa nova geração com o papel de Fantine no musical Os Miseráveis. Anne já tinha sido indicada em 2009 para Melhor Atriz pelo filme O Casamento de Rachel.

Falando em Os Miseráveis, o musical venceu 3 das 8 categorias que disputou. Venceu também com Mixagem de Som e Melhor Maquiagem, além da Melhor Atriz Coadjuvante Anne Hathaway. Quem diria que 12 anos depois de O Diário da Princesa, Anne ganharia seu próprio Oscar. Como Anne disse olhando para a estatueta dourada: "O sonho se tornou realidade".


A noite teve uma homenagem aos musicais e teve apresentações de Catherine Zeta-Jones para Chicago, Jennifer Hudson (que voz essa mulher tem!) para DreamGirls e todo o elenco de Os Miseráveis fizeram uma apresentação de arrepiar. Mostrou que Hugh Jackman, Anne Hathaway, Amanda Seyfried, Russell Crowe, Helena Bonham Carter, Sacha Baron Cohen e todo elenco, além de serem brilhantes atores, são excelentes cantores. Foi uma apresentação marcante.


Sobre as animações, creio eu que o nome gigante em cima do título de Valente - "PIXAR" - influenciou e muito na escolha de Melhor Longa Animado. Pelas críticas que li, o verdadeiro merecedor era Detona Ralph.

A noite de ontem, também foi especial para os amantes do agente James Bond. O novo filme 007 - Operação Skyfall ganhou em Canção Original, com a interpretação da grande (rs) cantora Adele e empatou com "A Hora Mais Escura" em Edição de Som. Raridade ver o cinquentão 007 ganhando Oscars.


Adele inclusive apresentou a música tema no palco, após a interpretação de Goldfinger por Shirley Bassey. Também se apresentou a cantora que já ganhou dois Oscars,  Barbra Streisand após o anuário "In Memoriam", falando sobre a morte dos famosos e que fizeram a industria do cinema crescer.

Já o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante foi pela segunda vez para o austríaco Christoph Waltz. Ele já tinha ganhado em 2010 pelo sensacional Bastardos Inglórios e repete agora com o papel de Dr. King Schultz de Django Livre. Falando em Django, nada mais merecido do que o prêmio de Roteiro Original dado ao mito (e um dos meus diretores favoritos) Quentin Tarantino.




















Falando agora sobre prêmios técnicos, a vitória foi de As Aventuras de Pi. A Melhor Fotografia, Efeitos Visuais  e Trilha Sonora Original foram para o filme do diretor taiwanês Ang Lee, que já havia vencido a categoria em 2006 por O Segredo de Brokeback Mountain. Ele venceu o inclusive o consagrado Steven Spielberg.


Mas a maior surpresa de todas e para mim também o maior erro foi Argo. O filme de Ben Affleck venceu como o Melhor Filme. Ainda não pude assistir ao filme, porém é uma gigante incoerência da Academia, falar que um filme digno de ser o melhor do ano, não tem o seu diretor sequer entre os indicados da categoria de Melhor Diretor.

Argo, venceu além de Melhor Filme, as estatuetas douradas de Roteiro Adaptado e Edição.
Depois de uma carreira de altos e baixos, com filmes excelentes e bombas como O Demolidor (o que foi visto, jamais será esquecido), Affleck se mostra como um dos maiores injustiçados que Hollywood já criou. Era um grande ator e virou um excelente diretor. A estatueta de Melhor Filme, apesar de acreditar que Os Miseráveis, O Lado Bom da Vida e As Aventuras de Pi, também sejam merecedores, caiu em boas mãos com Argo. Caiu na mão do cara que batalhou pra mostrar que não é apenas um ator de Blockbusters e de filmes médios. Hoje Ben Affleck é um excelente diretor e ninguém pode lhe tirar isso.


Mais um Oscar. Mais filmes sensacionais. Só o Oscar pode juntar a experiência de quem um dia foi grande e a juventude de quem hoje vive em seu auge. O cinema prova mais uma vez que não tem prazo de validade. A arte agradece. A gente agradece.