quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

[Cinema] Crítica: Star Wars: Os Últimos Jedi - 2017

Apostar em Rian Johnson como diretor e roteirista de “Os Últimos Jedi” foi uma atitude arriscada. Além de alguns episódios de “Breaking Bad” e “Looper”, o americano não possuía mais nada de muito destaque. Após J.J. Abrams apresentar a franquia para a nova geração ao mesmo tempo que fazia o feijão com arroz com “O Despertar da Força”, caminhando com uma estrutura parecida com a de “Uma Nova Esperança”, Johnson ganhou uma carta branca para avançar. Na primeira cena do filme, a desconfiança passa. Depois de uma cena de abertura arrebatadora, o filme retorna ao ponto em que Rey (Daisy Ridley) encontra Luke Skywalker (Mark Hammil).


O diretor estruturou a história em núcleos, sem desrespeitar personagens do passado e desenvolvendo personagens atuais. Com esse estilo, Johnson cria profundidade a personagens antigos como Luke e Leia (Carrie Fisher), dá mais importância para Poe Dameron (Oscar Isaac) e Finn (John Boyega) e desenvolve bem novas caras como Rose (Kelly Marie Tran) e Amilyn Holdo (Laura Dern).

Outro destaque é a relação entre Rey e Kylo Ren (Adam Driver). Enquanto Rey busca entender a Força, Kylo enfrenta uma indecisão sobre suas ações. Daisy Ridley tem menos protagonismo em relação ao filme anterior por dividir mais tempo de tela com Hammil. Ao mesmo tempo que serve de orelha para novidades sobre a Força, consegue demonstrar o impacto que Kylo Ren cria em Rey. 


O carisma e a naturalidade de Ridley são hipnotizantes. Adam Driver também é um excelente ator e demonstra em cada cena a fúria, a imaturidade e a tensão de Kylo. Também é interessante notar a postura do ator durante as cenas de luta.

Enquanto Poe através de erros e acertos tenta auxiliar Leia, Finn resolve uma missão a parte, mais pessoal, mas de suma importância junto com Rose. Finn fica mais de segundo plano enquanto Poe ganha as melhores cenas de ação. 

Mark Hammil e Carrie Fisher dominam todas as cenas que aparecem. Os pontos mais importantes do roteiro passam por Skywalker e o personagem tem uma das melhores cenas de toda a franquia. Cada cena com Carrie Fisher é linda, poderosa e emocionante. A decisão de não alterar a história após a morte de Fisher foi acertada. É visível na história que a atriz recebe homenagens pela personagem.


O único ponto negativo é o Líder Supremo Snoke (Andy Serkis), que não dá conta como único vilão e não exerce todo o seu potencial. Seu tom de ameaça não incomoda e sua história não avança. O impacto na história seria minúsculo se o personagem não existisse.

Trata-se do filme mais bonito entre todos da franquia, com uma fotografia impecável. O filme foca em pontos de preto e vermelho causando uma dualidade entre os personagens e destacando o que é o bem e o mal. São diversos os frames em que poderiam virar um quadro ou um papel de parede, especialmente no planeta de sal.


As batalhas espaciais estão simplesmente fantásticas e somadas com a trilha sonora sempre perfeita de John Williams, são de cair o queixo. Entretanto, sem Han Solo, a Millenium Falcon fica com um espaço vazio e é deixada em segundo plano.

Apesar de ser o filme com a maior duração entre todos os Star Wars, Johnson mantém o filme com muito humor e com ritmo intenso. Também apresenta diversos plot twists, saindo da monotonia e segurando o interesse do espectador com transições entre os personagens e o arco da Aliança Rebelde e a Nova Ordem.

Além de manter o tom de aventura, ação e comédia que sempre permeou pela franquia, Johnson traz elementos faroeste em cenas essenciais.

“Os Últimos Jedi” inova ao mesmo tempo em que apresenta um ponto final para uma geração. Consegue criar novos laços e fechar pontos importantes para avançar a franquia de maneira brilhante. Johnson mostra que abandonar o antigo e abraçar o novo é um sacrifício necessário para alcançar a prosperidade.

Nota (de zero a cinco): 5

PS: Se você estava preocupado com os Porgs, fique tranquilo, eles são adoráveis. 


quinta-feira, 9 de novembro de 2017

[Música] Crítica: "A Head Full of Dreams Tour" - Coldplay - 2017

De volta ao Brasil pouco mais de um ano da última passagem, o Coldplay retornou ainda maior e melhor ao Allianz Parque. Desta vez com a estrutura utilizada nos palcos do tour da Europa, a banda reconheceu o público de São Paulo. A cidade foi escolhida para a gravação do DVD da “A Head Full of Dreams Tour”. Apesar do setlist ser bem parecido com o show de 2016, a banda trouxe novidades como “Something Just Like This”, “Life is Beautiful” e a inédita “São Paulo Song”, com participação de Jon Hopkins.


Com ainda mais pirotecnia, afinal a gravação de um DVD precisa ser impecável, o Coldplay fez um dos melhores shows do ano. A banda ainda não decidiu como será a estrutura da próxima turnê, mas será difícil superar a atual. As Xylobands, pulseiras que ficam coloridas de acordo com o ritmo das músicas, fazem toda a diferença. O efeito visual que elas causam é de deixar qualquer pessoa de boca aberta.

Elas brilham de acordo com a temática: “Yellow” (claro) amarelo, “Every Teardrop is a Waterfall” com tom roxo e azul, “Clocks” vermelho, entre outros. A estrutura de palco que vai até o final da Pista Premium é incrível, assim como os palcos B e C, que trazem um viés mais intimista, perfeito para a lindíssima “Everglow” e “Us Against the World”. No final das contas, todos conseguem gravar e tirar boas fotos.


A banda está em seu melhor momento na carreira em questão de performance. Jonny Buckland, Guy Berryman e Will Champion são mais do que apenas coadjuvantes de Chris Martin. O baterista inclusive cantou “In My Place” pela primeira vez no dia 7 e repetiu a dose no dia 8. Muitas das músicas do setlist são perfeitas para as arenas. “Charlie Brown”, “A Sky Full of Stars”, “Viva la Vida” e “Something Just Like This” são apenas alguns exemplos.

O show durou cerca de 2 horas e contou mais uma vez com pedidos de casamento. Chris morria de amores pela plateia: “Obrigado por um dos melhores shows das nossas vidas”, “Escolhemos São Paulo por causa da energia incrível que vocês nos passam”, entre outras juras de amor.


Chris diz que o álbum atual será o último desde “Mylo Xyloto”. Porém, a impressão é que a banda ainda tem muito tempo de vida. O Coldplay não precisava de todas essas pirotecnias pela qualidade sonora, mas apostou em um formato e evoluiu cada vez mais até chegar nesta fórmula.

Além de tocar muito bem, a banda mostrou nesta turnê como o visual pode criar uma verdadeira experiência inesquecível. Não é à toa que a turnê já é a 5º mais bem-sucedida de todos os tempos. A impressão que fica é de que o espectador viu muito mais do que apenas um show de música.


A banda ainda realiza mais um show no Brasil no dia 11, em Porto Alegre. Depois, encerra a turnê onde ela começou, no Estádio Ciudad de La Plata em La Plata, na Argentina.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

[Música] Crítica: Wonderful Wonderful - The Killers - 2017

“Wonderful Wonderful”, o quinto álbum do The Killers, sem sombra de dúvidas, é o álbum mais experimental até aqui. A sonoridade apresentada pela banda, composta por Brandon Flowers, Dave Keuning, Ronnie Vannucci e Mark Stoermer, pode lembrar por algumas vezes o Everything Now, do Arcade Fire, e tem muitas inspirações no groove do funk e na música disco. O álbum, entretanto, não parece ter um ápice.


Depois de ouvir “Wonderful Wonderful” algumas vezes, é possível encontrar um conjunto de músicas que estão longe de ser ruins, mas não empolgam. Nada com um destaque como uma “Smile Like You Mean It” ou “Mr. Brightside”, por exemplo.

Se a maior qualidade da banda sempre foi as suas apresentações ao vivo, o álbum deve render no máximo umas duas músicas para o setlist, justamente os dois singles, “The Man” e “Run for Cover”. Além disso, destaque apenas para “Rut” e “Tyson Vs Douglas”.

Não é exatamente um ponto de comodismo, principalmente pela louvável busca pelo experimental, porém é uma aceitação de onde o Killers se encontra atualmente. A impressão que fica é de uma banda cansada, ainda mais com o anúncio de que Mark Stoermer e Dave Keuning não participarão da turnê do disco.

A busca pela música perfeita em “Have All The Songs Been Written?”, que finaliza o álbum, sinaliza bem este momento: “I just need one more”. Na busca de uma banda pela novidade e da música que será o próximo single, surgem diversas faixas. Isso pode criar diversos hits ou algo morno, que tinha um bom destino, mas que parou no meio do caminho.


O álbum possui composições que falam sobre depressão, amor, a visão da derrota e da vitória. São diversas citações: Springsteen, Graceland, McCartney, Jesus, Mike Tyson, entre outros. Inclusive uma misteriosa participação de Woody Harrelson em “The Calling”.

Trata-se de uma seleção daquelas músicas que o fã vai gostar, mas não vai ligar se elas nunca forem tocadas nos shows. Com a discografia que o Killers tem, “Wonderful Wonderful” não é um estranho no ninho, mas não acrescenta muito. Tem identidade e apesar de ter qualidade, a própria discografia do Killers nos deixou mal-acostumados.

Nota (de zero a cinco): 3

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

[Cinema] Crítica: It: A Coisa – 2017

Uma das maiores dificuldades dos filmes de terror nos últimos anos é a dificuldade para o desenvolvimento dos personagens, jogando jump scares a torto e a direito, sem ao menos se dar ao trabalho de criar uma atmosfera. IT realiza estes pontos com maestria. Para começar, o filme não pode ser tratado apenas como terror. Também é aventura, romance, suspense e comédia.

Inspirado no livro de Stephen King e ambientado no final dos anos 80, IT conta a história de um grupo de amigos que formam o auto-intitulado “Losers Club” – o clube dos perdedores – que decidem investigar o desaparecimento de crianças na cidade de Derry, no Maine, EUA. O culpado é um palhaço chamado Pennywise.


O diretor argentino Andy Muschietti, já habituado ao terror após a realização de “Mama”, conseguiu criar uma atmosfera pesada desde o primeiro momento em que o palhaço aparece, um trabalho fantástico de Bill Skarsgård. A cena de abertura apresenta como o palhaço realiza a captura das crianças e já faz o espectador segurar mais forte no braço da poltrona do cinema. A trilha sonora de Benjamin Wallfisch, que já tinha trabalhado em filmes de terror como “Quando As Luzes Se Apagam” e “Annabelle 2”, ajuda ainda mais na imersão.

O trabalho de casting foi perfeito com as sete crianças protagonistas. Com uma estética claramente inspirada em “Clube dos Cinco” e outros milhares de filmes dos anos 80 e 90, o roteiro apresenta aos poucos o medo de cada um. O tempo de tela dos garotos é suficiente para criar uma empatia por todos. Entre as crianças, o destaque é de Finn Wolfhard, de “Stranger Things”, uma ótima escolha para o alívio cômico.


Os medos das crianças são o principal ponto para o roteiro: o bullying dos alunos mais velhos, do pai autoritário, de não ter amigos, da intolerância religiosa, do abuso sexual, das mentiras contadas pelas outras pessoas ou da proteção excessiva materna, Pennywise provoca cada criança com o seu maior pavor. Não é preciso explicar como ele surgiu. O palhaço é uma força do mal, que se alimenta desses medos das crianças. São elas que precisam se unir se quiserem sobreviver. Os diversos momentos com câmera subjetiva e close-up no olhar e sorriso tenebrosos do palhaço aumentam a tensão.

Tudo em Pennywise assusta, desde a fala gutural e as transformações em outros medos, até a forma bizarra de segurar os balões com a ponta dos dedos e a maneira de avançar sobre as crianças. O jump scare acontece, mas não fica apenas restrito ao pico da trilha sonora. Não é aquele sentimento de se assustar por nada, com a batida de uma porta. O ambiente é criado para depois assustar.


James Wan, diretor de “Jogos Mortais” e “Inovação do Mal”, afirmou em uma entrevista para a IndieWire no ano passado que os filmes de terror precisam ter cenas específicas boas o suficiente para as pessoas comentarem no dia seguinte em uma conversa no trabalho.

Os elogios a IT não são da boca para fora. Chama a atenção flutuando sobre todos os outros filmes do ano.

Nota (de zero a cinco): 5

sexta-feira, 14 de julho de 2017

[Música] Crítica: Kaleidoscope - Coldplay - 2017

Com shows anunciados em São Paulo (07/11, no Allianz Parque) e em Porto Alegre (11/11, na Arena do Grêmio), o Coldplay lançou nesta quinta-feira (13) o EP Kaleidoscope. Com cinco músicas, algumas excelentes, outras nem tanto, o lançamento de Chris Martin, Guy Berryman, Jonny Buckland e Will Champion serve para fechar lacunas da história contada no último álbum “A Head Full of Dreams”, de 2015. No momento, a banda se prepara para os últimos shows da turnê do disco, que já passou por aqui em abril do ano passado e será finalizada na Argentina, o mesmo local em que começou.

Kaleidoscope tem altos e baixos, mas em geral é uma ótima novidade para os fãs. Confira abaixo as impressões sobre cada faixa:


All I Can Think About Is You: o começo parece um pouco com Midnight do Ghost Stories com uma marcante linha de baixo de Guy Berryman. A música cresce conforme se aproxima do final e explode com um solo de guitarra, uma característica encontrada nos primeiros álbuns do Coldplay. O resultado é uma das melhores músicas já feitas pela banda. O instrumental é reaproveitado de Atlas, música gravada em 2013 para a trilha sonora do filme Jogos Vorazes: Em Chamas.

Miracles (Someone Special): a letra de superação e a melodia combinaram, mas a participação de Big Sean é um tanto quando desnecessária. Chris cita inclusive Muhammad Ali, Mahatma Gandhi e Nelson Mandela em um trecho. Com um refrão um pouco repetitivo, é a pior do EP, mas não é de todo mal.

A L I E N S: as notas de violão do refrão e os efeitos ao longo da melodia têm um estilo parecido com Radiohead. De longe é uma das músicas mais experimentais da banda, que nunca perde a mão com a parte instrumental. Os violinos no final fecham com chave de ouro. A letra é sobre extraterrestes, mas é uma referência às dificuldades enfrentadas pelos imigrantes pelo mundo: “we just want to get home again”. Pela ousadia, é a melhor música do Kaleidoscope.

Something Just Like This (Tokyo Remix): com uma pegada mais eletrônica e participação da dupla The Chainsmokers, trata-se de uma versão ao vivo daquela música que não para de tocar nas rádios. Com o tempo, gosto um pouco mais da música, mas é uma sacanagem estar no mesmo EP que All I Can Think About Is You e A L I E N S.

Hypnotized: linda melodia que começa com as notas de piano que perpetuam por toda a música. Uma calmaria delicada, mas que também vai crescendo aos poucos. Quando parece que vai aumentar ainda mais, acaba. Excelente para finalizar o EP.

Nota (de zero a cinco): 4,5

[Cinema] Crítica: Homem-Aranha: De Volta ao Lar – 2017


Já se passaram 15 anos desde o lançamento nos cinemas do primeiro filme da trilogia do Homem-Aranha de Sam Raimi. Desde então, vimos um novo reboot com Marc Webb e toda a negociação envolvendo os direitos do personagem com a Sony e a Marvel. Homem-Aranha: De Voltar ao Lar é um novo início, porém deixando as origens de lado, que os espectadores já sabem de cor. Sem precisar ficar preso a essas amarras, o roteiro pode se desenvolver de maneira mais ágil.

A história do filme começa quando Peter Parker (Tom Holland) percebe que a luta pelo crime na vizinhança fica monótona perto da atuação ao lado dos Vingadores e passa a fazer de tudo para impressionar Tony Stark (Robert Downey Jr.) para enfim fazer parte da equipe de heróis. Seja lutando contra criminosos ou orientando uma velhinha.
                                    

Para contar a história, o diretor Jon Watts (diretor com apenas dois filmes independentes no currículo) aposta em aparatos tecnológicos, como o novo uniforme doado por Stark, aproveitando referências do MCU (Marvel Cinematic Universe) e do universo do herói nos cinemas e quadrinhos. Restos da tecnologia Chitauri, presos nos destroços de batalhas anteriores, agora são utilizadas para o crime pelo vilão Abutre (Michael Keaton). Outra cena que liga com outros longas é a da balsa (que está no trailer), uma homenagem à cena do trem de Homem Aranha 2.

Tom Holland nasceu para ser Peter Parker. Se Andrew Garfield era visto por muitos como a versão mais fiel do Aranha dos quadrinhos, Holland chega para aumentar ainda mais o nível. A atuação e a física do herói jogando as teias nos prédios é incrivelmente natural. Watts aproveita um destes momentos para inserir uma rápida cena em primeira pessoa, colocando o espectador no lugar do Amigão da Vizinhança.

                                 

Os dilemas enfrentados por Peter são vistos também em qualquer adolescente. Mesmo com o novo uniforme “Jarvis 2.0”, que serve de escada para diversas piadas, o garoto continua errando e passando do ponto em diversos momentos. Muitos problemas inclusive são criados por ele. Peter percebe que precisa escolher: viver como um adolescente comum ou enfrentar as responsabilidades de ser um herói.

Naturalidade também é uma definição perfeita para as cenas na escola. Graças a ótimos coadjuvantes, como Ned (Jacob Batalon) e Michelle (Zendaya), as situações são bem comuns: o nervosismo ao falar com a pessoa que gosta – no caso Liz Allen (Laura Harrier) -, o bullying dos outros alunos, entre outros. Nas cenas que participa, Ned rouba a cena. Não dá nem para dizer que é um alívio cômico pela sequência de piadas ao longo de todo o filme.

                                 

Entretanto, o uniforme moderno pode deixar algumas pessoas confusas. Saindo do cinema, ouvi um comentário: “Precisa mesmo transformar o Aranha em um Homem de Ferro? ”. Apesar de mostrar que o personagem ainda está em pleno desenvolvimento, o Aranha não precisa “aumentar” os seus poderes com tecnologia. Também não entendi o motivo de focar apenas na beleza em quase todas as cenas com a Tia May (Marisa Tomei). Com essa atenção, a personagem ficou com um desenvolvimento bem raso.

                                 

Já Keaton é um ótimo vilão. Sua motivação é simples e fácil de entender: proteger a sua família, não importando quem estiver pelo caminho. Shocker (Bokeem Woodbine) também tem uma participação menor na história. Depois de Ego, um bom vilão em Guardiões da Galáxia Vol. 2, a Marvel manteve o nível.

Se no trailer Tony Stark aparecia muito, correndo o risco de roubar a atenção do Homem-Aranha, no filme o erro não acontece. Stark é mais um mentor que serve para manter Peter com os pés no chão e para servir como um fio condutor para o roteiro.


Sem focar apenas em conectar o herói no universo da Marvel, Watts criou um mundo com diversas possibilidades para o Aranha. Com uma nova dinâmica de personagens, o cenário que a Marvel criou para o seu universo é muito promissor. Com um Homem-Aranha praticamente igual aos quadrinhos, o possível protagonismo do Dr. Estranho no lugar do Homem de Ferro e a presença dos Guardiões, a tendência é manter o alto nível.

Obs: São duas cenas nos créditos, vale a pena ficar até o final.

Nota (de zero a cinco): 4,5

sexta-feira, 9 de junho de 2017

[Games] Confira 10 motivos para comprar um Nintendo Switch

Sobrou uma grana no final do mês e você está afim de investir em um console novo? Para te ajudar a resolver esta questão, confira 10 motivos para provar que o Nintendo Switch é a melhor escolha do momento. O console foi lançado em março e é um híbrido entre console de mesa e portátil. Confira:

1- Com quase três meses de lançamento, o Switch já é um sucesso de vendas. É a plataforma Nintendo que mais vendeu na estreia. Já são quase 3 milhões de consoles vendidos;

2- The Legend of Zelda: Breath of the Wild foi lançado junto com o Switch. Essa foi uma tacada de mestre da Nintendo. Segundo a empresa japonesa, o mapa do jogo possui 12 vezes a extensão de Twilight Princess, o que permite muita liberdade para o jogador. É uma obra prima que merece ser jogada;

3- Com os jogos casuais do Wii e as baixas vendas do Wii U, as third parties deixaram a Nintendo de lado em muitos lançamentos. Porém, com o Switch, a tendência é um apoio muito maior. Empresas como a EA, Bethesda, Ubisoft, Capcom, Activision, entre outras, já possuem lançamentos confirmados;

4- A Nintendo tem investido em novas IP’s. No Wii U, o lançamento de Splatoon foi um sucesso. O game já tem uma continuação confirmada para julho e deve retornar com um foco maior nas competições online. Outra novidade é ARMS, jogo de luta que promete uma disputa diferente do usual no gênero;

5- Uma das principais vantagens do Switch são as várias alternativas de jogabilidade. São quatro possibilidades: um formato semelhante a um gamepad do Wii U, um com os Joy-Cons separados (um em cada mão), um com os Joy-Cons acoplados a um Grip, incluindo na caixa do console e um modo com dois jogadores (cada um com um Joy-Con);

6- Já estão confirmados os lançamentos de mais de 60 jogos para o console, entre eles Super Mario Odyssey, Fire Emblem Warriors, Xenoblade Chronicles 2, The Elder Scrolls V: Skyrim e o novo FIFA. Mais detalhes serão divulgados na E3, a maior feira de games do mundo, que será realizada entre os dias 13 e 15 de junho, em Los Angeles, nos Estados Unidos;

7- A Nintendo confirmou um novo sistema de serviço online. Se essa era uma reclamação muito grande por parte dos nintendistas, a Big N promete que esse problema será resolvido. Os planos devem custar entre R$ 55 e R$ 83;

8- Mario Kart 8 Deluxe foi lançado como uma versão definitiva da série. Trata-se do maior lançamento da franquia de corrida nos últimos 25 anos. O jogo traz novidades em comparação com a versão do Wii U: novos personagens, veículos e reformulação do Battle Mode;

9- Na última semana, foi confirmado o retorno da Nintendo ao Brasil por meio da NC Games, uma das maiores distribuidoras nacionais de jogos. Podemos esperar mais novidades e games nas prateleiras nas próximas semanas;

10- Se estiver cansado de jogar sozinho, com os dois Joy-Cons inclusos, o multiplayer local é uma realidade sem a necessidade de comprar um novo controle. Perfeito para Mario Kart ou Bomberman, por exemplo.

Claro que ter um Switch não impede ninguém de ter outros consoles. Mas não resta dúvidas que o Switch tem um excelente futuro pela frente.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

[Cinema] Crítica: Guardiões da Galáxia Vol. 2 – 2017

Antes de seu lançamento, o primeiro Guardiões da Galáxia (2014) foi marcado por muita desconfiança. Como a Marvel encaixaria o grupo no Marvel Cinematic Universe (MCU)? Entre os principais personagens, um guaxinim e uma espécie de árvore humanoide… como isso daria certo? Depois da estreia, Guardiões tornou-se um ponto de virada para a Marvel. Mostrou de uma vez por todas que o humor escrachado com um roteiro bem amarrado pode apresentar um excelente resultado. Um nível de qualidade que deixou a expectativa para a sequência lá na lua. E é com esse cenário que James Gunn acerta novamente.                  

Em Guardiões da Galáxia Vol. 2, Peter Quill (Chris Pratt), Gamora (Zoe Saldana), Drax (Dave Bautista), Rocket (Bradley Cooper) e Baby Groot (Vin Diesel) buscam respostas sobre Ego (Kurt Russell), a misteriosa figura paterna de Quill, enquanto precisam lidar com a comunidade dos Saqueadores, os Soberanos, Nebulosa (Karen Gillan) – a irmã de Gamora – e Yondu Udonta (Michael Rooker). Além disso, o longa apresenta que os integrantes dessa família, formada no último filme, também têm seus problemas pessoais. Parece bastante coisa para apenas um roteiro, mas não é.

O longa pode servir de exemplo sobre como montar um roteiro. Todas as questões são fechadas, os arcos são significativos e os diálogos são tão bem desenvolvidos que mesmo quem não assistiu o primeiro filme vai entender a história.

A abertura do filme, que remete às aberturas grandiosas dos anos 70 e 80, é um show à parte. Apresenta os personagens e tem tantos detalhes que precisa ser vista mais de uma vez para absorver tanta informação. Gunn trabalha com a profundidade de campo enquanto mostra a explosão de fofura que é o Baby Groot.

Se no primeiro filme a trilha sonora já tinha um papel importante, agora ela é essencial. Em Guardiões da Galáxia Vol. 2, certas músicas são implantadas dentro da narrativa. A trilha faz parte do contexto e ajuda o espectador a entrar no universo.

Um dos principais problemas da Marvel nos últimos tempos, desta vez está solucionado: o vilão. Seus motivos e ações são bem escritos. E a participação de Sylvester Stallone é pequena, mas significativa. Neste ponto, não é necessário lembrar sobre a participação do Stan Lee e de ficar no cinema para ver as CINCO cenas pós-créditos.A comédia continua sendo o principal pilar da história.


As piadas estão por todos os lados com citações à cultura pop, anos 80, Universo Marvel, entre outros. Tudo sem perder o contexto da narrativa. Em cenas que você pode aguardar um diálogo sério, logo surge algum motivo para dar risada. Drax e a novata Mantis, que serve de escada para as principais piadas, têm as melhores cenas. Yondu, que já foi um dos destaques do primeiro filme, merecidamente ganha um papel maior na história.

Guardiões da Galáxia Vol. 2 é um daqueles filmes que você assiste e sai do cinema com um sorriso no rosto. Um blockbuster de muita qualidade, sem tirar nem pôr. O filme tem a cara de Gunn e este é o melhor elogio que o filme poderia ganhar. É exatamente este tipo de cinema autoral que a Marvel precisa.

Nota (de zero a cinco): 5

quarta-feira, 19 de abril de 2017

[Cinema] A publicidade nos trailers e o cinema #ad

Muito tempo após a exibição de um trecho de The Adventures of Kathlyn antes de um filme (104 anos para ser exato), os trailers continuam em constante evolução. Atualmente, o investimento em publicidade é muito superior ao valor direcionado para a produção de um filme. Já sabemos há tempos que a publicidade faz parte do cinema. Mas o que acontece quando a publicidade atrapalha a experiência?

Se por um lado o trailer deve apresentar a sinopse do filme, por outro os criadores devem focar também na publicidade, responsável por instigar o espectador a comprar os ingressos. Claro que o dinheiro move a indústria, mas a estratégia de marketing não deve adiantar detalhes que estão além da sinopse. Sem dúvida, as redes sociais têm a sua parcela de culpa nesta questão.

Os fãs, sedentos por qualquer novidade, começam a receber os primeiros pôsteres na Comic Con. Semanas depois, surge um teaser misterioso de cinco segundos com a data do trailer. Depois da divulgação, os sites de entretenimento começam a dissecar cada cena, prevendo possibilidades que aquele mísero frame pode desencadear. Surge então o trailer europeu, o trailer do Japão. O trailer final uma semana antes do lançamento. As críticas começam a bombar após o embargo e as primeiras impressões aparecem. A ação de marketing nos pontos de ônibus. Os pôsteres que você vê até chegar na sala do cinema.

Veja bem, não é questão de fingir uma nostalgia, mas caramba, que saudade quando as pessoas ficavam sabendo de um filme no cinema.

A divulgação, que antigamente era de apenas um trailer, dava um aperitivo. Agora você já sabe o cardápio completo antes mesmo de sentar à mesa. Um bom exemplo é o filme O Exterminador do Futuro: Gênesis, lançado em julho de 2015. Apenas no trailer, é fácil perceber que John Connor se tornará o vilão. No lançamento de Vingadores: Era de Ultron, era quase impossível ver as redes sociais sem ler algum comentário sobre o vazamento da cena da luta entre Hulk e o Homem de Ferro com a Hulkbuster.

Entretanto, ainda existem bons exemplos. O teaser de Homem-Formiga na escala de uma formiga foi uma excelente ideia.


Outro teaser que chamou a atenção foi o de 
Kingsman: The Golden Circle. A imagem acelerada é uma prévia do mesmo trailer que será lançado nos próximos dias. Diz muito sobre a ação frenética que os fãs viram no primeiro filme e aguardam na continuação.


Voltando a falar sobre o investimento, de acordo com o artigo Trailer: Cinema e Publicidade em um só Produto, de Maíra Justo, o custo médio para produzir um trailer no Brasil é de R$ 30 mil. Já em Hollywood, pode chegar a mais de R$ 800 mil. Obviamente, o lucro rende a continuação que o estúdio sempre sonhou. Quem sabe uma trilogia. Se está dando certo assim, para que mudar?

Isso precisa mudar por causa da surpresa. Precisa mudar por causa da necessidade de ver algo que você não espera. Isso também faz o cinema. Para ficar claro: não sou contra o trailer, sou contra o excesso de divulgação.
Consumindo tudo, você não vai se surpreender com um filme. Afinal, o que você esperava, você já viu há alguns meses em uma tela minúscula durante o almoço.

Independente da recepção do filme, a produtora utiliza essa divulgação como uma cortina de fumaça. Cria o hype e faz as pessoas esquecerem que a matéria-prima também é o produto principal que vai ser consumido. Se for ruim, é porque alguém contou demais. Este excesso de exposição contrapõe a arte.

quinta-feira, 30 de março de 2017

[Cinema] Crítica: Fragmentado - 2017

Fragmentado, novo filme do diretor M. Night Shyamalan toca em tema pouco explorado em Hollywood, o transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo. Trata-se da história de Kevin, um dos diversos papéis interpretados de forma brilhante por James McAvoy (o Professor Charles Xavier, em X-Men Primeira Classe), um homem que possui 23 personalidades que podem tomar o controle do seu corpo a qualquer momento.

Dennis, uma das personalidades, sequestra três garotas e as prende em um cativeiro. Entre as adolescentes, está Casey Cooke (Anya Taylor-Joy, de A Bruxa), jovem introspectiva e traumatizada por problemas no passado.


Todos os personagens criados na cabeça de Kevin reconhecem os outros alter egos. Através de sessões de terapia com a Dra. Karen Fletcher (Betty, Buckley, que fez Fim dos Tempos, do próprio Shyamalan), são apresentados detalhes sobre as personalidades de Kevin.

Entre eles, Patricia (uma mulher elegante e que tem poder de decisão na chamada "Horda"), Hedwig (uma criança de 9 anos com a língua presa, tímida e aparentemente inocente), Dennis (que possui mania de limpeza), Barry (estilista), entre outros.

Presas no mundo idealizado por Kevin, as garotas se veem obrigadas a viver de acordo com as leis das personalidades para tentar encontrar uma saída do cativeiro, sem saber quem pode entrar pela porta a seguir.


   

A transformação de McAvoy é impressionante. Além da troca de figurino, que ajuda a identificar quando outra pessoa tem o poder, o britânico demonstra uma troca de personalidades apenas com a postura, o tom de voz e a feição, que mostram um trabalho minucioso do ator, digno de indicação ao Oscar.

           

Shyamalan também apresenta um ponto de vista sobre como o ser humano lida com o fascínio do desconhecido, que anda sob uma linha tênue entre o admirável mundo novo e o receio de não ter domínio sobre os acontecimentos futuros. Outro tópico apresenta como o sistema pode tratar de forma equivocada o transtorno de personalidade. Os pacientes devem ser tratados como gênios incompreendidos ou como desconhecidos que podem apresentar um risco para a sociedade?

O diretor levanta um tema importante em um suspense com muita tensão, fruto do bom roteiro. Fica a esperança de um Shyamalan com um futuro mais "Fragmentado" e menos "Fim dos Tempos".

Nota (de zero a cinco):
5

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

[Série: Versos de Ciência] Abraço gravitacional

Na distância de uma sala, ele encarava a garota
Os dez passos entre eles ficavam do tamanho do universo
Enquanto imaginava uma aproximação
Pessoas desinteressantes formavam uma barreira.

Ele decidiu tomar a iniciativa e pediu licença
Decidiu de chegar mais perto
Tropeçou no pé da mesa e bateu o rosto direto na quina
Por sorte, ela é enfermeira.

De vez em quando, o acaso pode ter o mesmo efeito de um buraco negro

A mesma gravidade que o abraça para a morte iminente na aproximação
Pode acelerar na distância necessária e te dar uma nova chance.