domingo, 5 de abril de 2015

[Série: Versos de Ciências] O princípio da incerteza

Certas coisas simplesmente acontecem sem consequências. São momentos vividos, sentidos e que precisamos fingir que não existem. São lembrados, mas ninguém sabe. Assim como o tempo "ignorado" antes do Big Bang. Nada antes da grande expansão teria resultado diferente.

Tudo o que existiu não importava mais. Tudo se modificaria, mas chegaria novamente ao mesmo final, teria a mesma forma de milésimos antes do Big Bang. O agora se passa antes ou depois da grande virada? O presente é uma recordação válida ou tudo será esquecido?

Não sei qual a consequência. Não sei se caminhamos para o mesmo destino. É impossível perceber se um momento se apresenta como lembrança ou se caminha para o esquecimento.

Como a mecânica quântica, prevemos quase tudo que se observa a nossa volta, tentando criar uma boa lembrança mesmo antes de sair de casa. Certas pessoas evitam prever. Preferem seguir em frente, na busca de encontrar alguma coisa que faça sentido.

É difícil saber que uma pessoa prefere procurar pela última peça de um quebra-cabeça de joelhos, ao invés de levantar e ter uma visão geral da sala.

Cada um procura em seu tempo, cada um pode ter sua própria maneira de criar lembranças. Algumas pessoas arquitetam o dia seguinte no travesseiro e outras simplesmente se desligam até dormir.

Sempre há o risco de perder uma oportunidade, pois é complicado saber o momento exato de tomar partido. Werner Heisenberg aprendeu a calcular mesmo sem determinar com precisão.

Mesmo sem garantias, os humanos sempre se apoiaram uns nos outros para achar vida. É como descobrir com o parceiro que é possível aprender em conjunto, um ensinando o outro.

Errando e acertando dentro dos limites estabelecidos pelo princípio da incerteza.