segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

[Poema] A magia do segredo

Com a chegada quase anunciada
Tudo fica em pausa
Sua presença não precisa de cerimônias
Como a atração de um circo.

Ela aqui é a mais esperada
Sempre que se apresenta
Chama a atenção do público
Que de respeitável tem só a impressão.

Ela é como um mágico
Que poderia usar a cartola em um truque
Mas prefere usar como adereço
Só para enganar a platéia com um sorriso falso.

Seu riso chama atrai os olhares
Como uma trapaceira que não sabe mentir
Nos faz sair com menos do que entramos
Mas neste caso, cada perda é um ganho.

Ela age como uma malabarista
Joga as facas, enfrenta o perigo
Deixa o homem se encantar
Para depois desaparecer atrás das cortinas.

Quando parte não deixa nenhum vestígio
Soa como um grand finale sem emoção
Quando some e vai embora
Sinto por não ter o espetáculo em minhas mãos.

A magia do amor é a mais complicada
É linda de se ver, difícil de fazer
Mas assim como um truque de mágico
Meu amor não se explica: É segredo!

domingo, 14 de dezembro de 2014

[Outros] A consciência da maturidade

Quando penso que era consciente
Percebo que já não sou mais o mesmo de pouco tempo atrás
A evolução é algo que segue em pequenas porções
Percebo um avanço lento
Um pensamento certeiro de outro dia
Já não faz sentido hoje
Percebo o tempo que andei vendado
Quando apenas fechava os olhos
Seguia para o lado que o vento apontava
É estranho pensar que a maturidade
Mostra qual era a solução mais simples
E que escolhi o caminho mais difícil
Passei a ver o que era invisível
A escolher o fato no lugar do boato
É que quando mais tenho certeza de uma coisa
Por mais que me esforce para tentar realizar algo
Sempre haverá um dia que vou perceber
Que podia ter seguido um caminho mais curto
Dado um passo adiante
Falado alguma coisa em um momento de silêncio
Em alguns períodos, me vejo preso no fundo do mar
Sem ar, palavras ou ações
E vejo que eu mesmo escondia a chave da minha liberdade
Permito que eu possa me libertar
Submergir com a solução mais certa
Não sou alguém arrependido de minhas escolhas
Não é fácil tentar seguir o caminho mais árduo
Que se adapte as minhas próprias expectativas
Pobre consciência que convive com exigências inadequadas
Mas vejo que hoje percebo melhor o mundo ao meu redor
Vejo que os dois caminhos estavam ao meu lado o tempo todo
Mas que decidi me apegar à trilha que me deixa sem fôlego
Se um dia mudar de opinião sobre o que penso agora
Tento resgatar o indeciso do fundo do mar e recomeçar
Pelo menos até enquanto eu acreditar
Que tenho consciência dos caminhos que escolho.

domingo, 7 de dezembro de 2014

[Crônica] Reflexão x Reflexo

Era um belo casal. Ela adorava ser avaliada pelas pessoas, era modelo. Ele adorava avaliar a pessoas, era psicólogo. Ambos viviam momentos de dúvidas. Ao olhar em um espelho, as reações eram diferentes. A modelo reagia olhando seu corpo e rosto no reflexo. Como se fosse julgada em uma passarela.

O psicólogo via uma pessoa que tentava procurar a felicidade. Via os erros de um homem imperfeito. Ela vivia para agradar os outros. Não era confiante e nunca ficava satisfeita com sua vida. Ele sabia resolver os problemas dos seus pacientes, mas não sabia qual a sua cor preferida. Sua vida era só acordar, trabalhar e dormir.

Um dia, em uma visita a um parque, chegaram a uma grande sala de espelhos. Acima deles, um questionamento: "Como você se vê?".
Como não sabiam se avaliar, decidiram falar um sobre o outro.

Ele contou os pontos fortes dela: vaidosa e educada, sabia ser uma dama fora de casa, mas sem deixar de ser uma garota divertida. Ela citou a sabedoria dele e disse que tem um ponto que poucas pessoas possuem: sabe ser sincero, mas sem perder a ternura.

Sozinhos eram perdidos na vida. Como um casal, pilares inabaláveis. Cada um pode reagir de uma forma diferente ao olhar em um espelho, mas em alguns casos, a reflexão age melhor do que o reflexo.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

[Poema] Questão de pontuação

Vivemos dizendo nunca ou jamais.
É o mesmo erro de dizer pra sempre ou infinito.
Não é porque temos um limite
Que devemos viver no definitivo.

Nas juras de amor, eles dizem que é pra sempre.
O pra sempre, sempre acaba. Lembra da música?
Pra que existir uma palavra para definir algo sem final?
Pra que o infinito, o pra sempre e o além?

O fim sempre dá um jeito de apontar a última palavra.

No mundo da gramática.
O nunca é o ponto final.
O enquanto durar é a vírgula.
O pra sempre, as reticências.
Até chegar no fim.

Só o ponto final acaba.
O que liga o sempre e o nunca.
Quer manter uma relação?
É só usar a pontuação certa.

domingo, 16 de novembro de 2014

[Série: Versos de Ciência] A mensagem da Terra

Se você olhar a Terra na distância de 65 milhões de anos-luz
Você vai ver os dinossauros
Sim, até a velocidade da luz tem um limite de velocidade
O que vivemos, o nosso tempo está sendo transmitido
A informação demora para viajar pela imensidão espacial
Olhamos para estrelas que já devem ter partido
E a história da Terra está lá no meio do caminho
Como um mensagem viajando de um celular para outro
Nossa história tem um destino
No fim do Universo espera um velho ansião
Só aguardando as notícias dos seus filhos que viajaram pra longe.

sábado, 1 de novembro de 2014

[Poema] Os lados da moeda

Enche com o vazio
Divide com o zero
Estuda com a preguiça
Permite falando que recusa

Jura dizendo que nunca
Sonha pensando que volta
Torce lembrando da derrota
Vive com o risco de esquecer

Ou

Preenche o cheio
Multiplica em dois
Estuda com a vontade
Permite com um sim verdadeiro

Jura que será duradouro
Sonha pensando no destino
Torce com a vontade de vencer
Vive com a autoridade do pra sempre

[Poema] A fuga do vazio

O que você procura não é o que te espera
O que você clama não é o que te representa
O que chama tua atenção não é o que te fascina
O que você oferece não pode ser devolvido

O que você quer é mais do que pode escolher
O que você quer depende da vontade de um outro alguém
E quando este alguém vê por dentro de ti
Com a transparência de um espaço vazio

É neste lugar vazio que você habita
Com lucidez e principalmente tempo
Você encontrará aquela que te acolhe
Aquela que te acompanha

Deixe pra falar com quem realmente quer escutar
O que você quer é simples
Alguém que seja.
Alguém ao seu lado.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

[Outros] A visita do tempo

A influência do tempo é tudo na vida de um humano.
Não trata-se apenas de coisas ruins.
Não pense só na velhice e nas dores nas costas.
Lembra daquele amor que você pensava que era para sempre?
Lembra quando você pensou que nada poderia te surpreender?
Lembra quando ninguém podia te fazer esquecer?
O tempo passa e você nem percebe que mudou.
Da forma mais sutil, você leva a vida adiante. De um jeito ou de outro.
Todos os dias de manhã, o tempo recolhe seus pertences e memórias.
E as transforma em lembranças diferentes, com outro sentido.
Como uma nova forma de transformação.
Com o acesso a novas experiências você muda sua forma de pensar.
Como eu fui gostar disso um dia?
Como eu amava aquela pessoa fria?
Você viveu. Depois foi apenas o tempo que te fez uma visita.

sábado, 18 de outubro de 2014

[Outros] A diferença de não ser igual


Ser uma boa pessoa passa muito pela sua essência.
Pelos seus relacionamentos com a família e amigos.
Entender o poder da educação e da gentileza.
Não deixar o mundo moldá-lo de acordo com a necessidade.
O que diferencia as pessoas iguais das pessoas diferentes.
A vontade de crescer e não depender.
Com um planeta cheio de semelhantes, o destaque está na bondade.
Demonstrar iniciativa, escolher um rumo, mas não tão longe.
Quando você chegar lá, suas metas já serão outras.
Assim você evolui.
Diferente de um adolescente que quer ser diferente.
E descobre que é igual a todos os adolescentes querem ser diferentes.
Transformando uma unidade em um conjunto.
A verdade é que existe muita gente que está satisfeita.
É mais seguro focar na rotina.
Sair do círculo requer cuidado.
O valor da mudança está na sua essência.
A vontade em ser diferente dos outros e mudar, enfim.

sábado, 20 de setembro de 2014

[Poema] O terror do amor

Quando chego, o clima se transforma
Quando falo, você não escuta
Quando sente minha presença, pareço assombração
Quando te surpreendo, pareço um fenômeno

Quando percebe, é sobrenatural
Quando levo, é para o além
Quando faço o novo, é causa de arrepios
Quando você decide ver e acreditar, eu apareço

Não, não é amor.
É só mais um caso de fantasma não correspondido.

[Outros] Pequenas escolhas

O rotina pode ser chata, mas é lotada de pequenas escolhas

Quando você sente que não foi um bom dia de trabalho
Ou lembra que vive reclamando pra sair da rotina

Quando você pensa que estudar algo que não vai usar é estúpido
Ou lembrar que estudar é só um atalho para o seu futuro

Pensar que já se passaram 20 anos
Ou que só foram 20 anos

Pensar que você já fez muita coisa sem ser reconhecido
Ou lembrar daquele dia em que você foi elogiado de surpresa

Pensar que é livre, mas não pode faltar no trabalho
Ou lembrar que você é livre para escolher seu caminho até ele

Lembrar que você não controla o sentimento de ninguém
Ou saber que pequenos gestos podem mudar toda uma concepção

Fazer um super contrato que tem curto prazo
Ou fazer o seu melhor até o final

Saber que eu posso passar despercebido
Ou saber que tem alguém que sempre esteve olhando para você

Lembrar que o que está errado pode não ser justo
Ou lembrar que posso tranformar o errado em certo

Esperar seis meses para falar uma frase de dez segundos
Ou ser sincero e receber logo uma resposta

O sonho de uma profissão que ganha pouco
Ou o orgulho ao ver um nome em um jornal

Conversar com quem você gosta sem receber atenção
Ou receber um olhar atento em uma conversa a toa

Quando criança ter grandes sonhos
Todos sabemos que são as pequenas decisões que vão torná-los realidade.

Os momentos de escolha definitivamente são as pontes dos grandes sonhos.

sábado, 6 de setembro de 2014

[Crônica] A imaginação de Sofia

Morando em uma favela do Rio de Janeiro, tudo o que uma menina de oito anos podia fazer, enquanto a polícia e os traficantes trocavam tiros, era ficar paralisada de medo.

Sem conseguir sair de casa, a pequena Sofia ficava aflita com os barulhos das armas, gritos e tensão. Quando Marina, a mãe da garota, ouvia os tiros, sua primeira reação era se esconder com a filha.

Enquanto os tiros se intensificavam no morro, Sofia e Marina sentavam dentro do armário, em um outro mundo. Neste, Marina era a rainha do castelo e o barulho dos tiros eram fogos e cornetas, que avisam o povo que a princesa Sofia iria se casar. O príncipe era o boneco Ken, um dos brinquedos preferidos da menina.

A coroa era um cabide retorcido feito por Marina. Segundo a mãe da garota, a viagem para o reino encantado só era possível com muita concentração e se a Sofia fechasse bem os olhos. Neste mundo, a fantasia tornava-se real e a realidade virava ficção.

~

Dizem que as crianças precisam enfrentar a vida com bravura desde pequenos. Mas uma dose de imaginação é saudável para qualquer idade. Fazendo bastante silêncio de olhos bem fechados ou no meio do metrô lotado, a imaginação pode transformar a rotina em risos, o chefe em um Muppet ou um campo de batalha em um reino encantado.

Por mais que várias pessoas possam fazer o seu papel, a imaginação permite a criação de um mundo só seu.

E isso é bem real.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

[Crônica] Comentários durante o filme

Ele acorda, tropeça no chinelo (falei que esse filme era comédia), vai escovar os dentes, aperta o tubo de pasta que já tá dobrada até o final (nossa, faço isso sempre lá em casa), toma café e vai pro trabalho (adoro essa música do U2 da trilha sonora).

Ela reclama do trânsito (que filme ela fez mesmo?), olha o Facebook no celular, sem notificações, buzinas, ele xinga o motorista de trás (tava demorando pra ter palavrão).

Ele chega no trabalho, ela também, pega o elevador, ela fica ao seu lado, (nossa, lembrei, ela fez aquele filme do navio), ele olha pro decote dela e derruba a papelada, ela ajuda a pegar (que filme clichê,  amor.  Falei pra gente ver Transformers), ele olha nos olhos castanhos dela, ela sorri e mostra as covinhas, ele dá risada e o clima de amor acaba logo.

Um terrorista entra no elevador, fala que tem um bomba, eles ficam nervosos, acaba a energia, o elevador para, ela começa a chorar, o terrorista fala que é a bomba é de mentira e que tem medo de escuro, o terrorista abraça ele (cara, onde esse filme vai chegar?).

A polícia antiterrorismo chega, terrorismo no país da Copa não, o farsante se entrega, ele comenta com ela que história engraçada, podemos contar pros nossos filhos, ela diz que filhos nos conhecemos faz 3 minutos, ele diz, mas poderíamos morrer, ela diz você não viu que era de mentira, ela desce no trigésimo segundo andar e passa por uma propaganda da Claro (filme brasileiro sempre tem que ter propaganda).

Final do expediente, ele entra no elevador, ela também, entra outro terrorista, ele fala que tem uma bomba, ele fala que já ouviu essa história antes, ele dá um soco nele, ele cai, a bomba explode (caraca, eles morreram?), muita fumaça, a fumaça se dissipa, todos estão bem, tem um campo de força ao redor (quanta maconha esse diretor fumou?), ela tem poderes, (nossa, filme brasileiro com efeitos especiais?), ela fala pra não contar pra ninguém.

Ele vai pra casa, ela é sua vizinha agora, ele entregar flores de agradecimento, (por que você não me entrega flores?), (Shhh presta atenção), ela diz que sempre reparou nele no trabalho, ele diz que nunca viu e ela fecha a porta.

No dia seguinte um portal alienígena se abre no meio da cidade e começa uma invasão, (viu amor, você não queria ver Transformers?), muitas mortes, quase que ele morre, ela o salva, ela salva a cidade com seus poderes mutantes.

Ela ganha a chave da cidade, o vilão se livra das algemas, rouba a arma do policial, o vilão atira, bala em câmera lenta (ela NÃO PODE morrer!), ele se joga na frente dela, parece que a bala o atingiu (você se jogaria por mim, amor?), (Silêncio mulher, melhor parte!), ela diz que não é possível, ele diz que só está retribuindo o favor e sendo gentil, ela diz que o ama, ele diz mas nos conhecemos na semana passada, ela ri, eles se beijam.

Os cidadãos aplaudem, câmera sobe para o horizonte, aparece um último alienígena, ele dá uma risadinha e escreve continua, (a gente precisa assistir a continuação!), créditos (calma, a Marvel me ensinou a esperar o último nome), não acontece nada.

domingo, 24 de agosto de 2014

[Série: A vida sem...] Memórias

A vida de todas as pessoas que existiram na Terra seria esquecida.
Todos os grandes feitos não seriam lembrados
Todas as lembranças boas não seriam mais lembranças
Não existiria a concepção de tempo, pois sem saber o que acaba de passar, fica difícil saber o que fazer
Não existiria passado
O aprendizado seria apenas no presente
Porém nada adianta aprender se nada ficaria registrado sem a memória
O primeiro beijo, o primeiro jogo de futebol, o último abraço. Os "primeiros" e os "últimos" seriam... comuns
Tudo seria apenas parte da vida, nada especial
Sem conseguir lembrar de nada, a vida seria mais espontânea
Você não se lembraria se já deu errado e logo vai esquecer se for vergonhoso
Porém, seus feitos também não seriam reconhecidos
A concepção do que passou não seria sentida
Afinal, o passado nada mais é do que uma marca do tempo. Ou só uma forma de lembrar dos feitos humanos
E aqueles que não fizeram nada? Foram esquecidos
Na concepção da vida de ficção que criamos, vivemos para constituir famílias, para amar e ser amado, para "completar o objetivo que nos foi dado na Terra"
Mas a realidade é que vivemos para termos a honra de sermos chamados de lembranças.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

[Série: A vida sem...] Pensamentos

Sem nossa consciência, pensar não seria possível
Não precisaria pensar em sair, bastaria sair
Seria muito mais fácil realizar tarefas de risco
O que também aumentaria o número de mortes
O chamado "Mundo da Lua" ganharia muitos habitantes
Muitos casais se formariam, já que não é preciso pensar nas consequências de um relacionamento que não combina
Seria estranho ver o olhar vago de todas as pessoas
Mas você também não perceberia isso, porque estranheza vem do sentir e isso não existiria mais
Seria muito romântico pensar que o amor não é consciente e que tudo parte do coração?
Sim seria, o amor consciente não existiria no nosso universo paralelo
Nem o ódio, tristeza e angústia, veja o lado bom!
As pessoas seriam sinceras o tempo todo, pois não teriam como pensar em uma mentira
Tudo seria original, nada seria julgado. E esse é o problema
Sem moralidade, leis, amor e gratidão, o mundo perderia seu rumo
Sem pensar, voltaríamos ao passado
Resolveríamos tudo sem pensar na razão
Como homens da idade da pedra
Nosso cérebro ficaria menor com a falta de uso
Voltaríamos a ter a força como forma comando
Assim, voltaríamos às cavernas
Portanto, aproveite o privilégio do pensar e use ao seu favor
Treine seu cérebro e quando alguém disser pra pensar duas vezes, pare e pense.
Pensar também é evoluir.

domingo, 3 de agosto de 2014

[Série: A vida sem...] Sentimentos

Por que os seres humanos precisam sentir? Viver por si só, já é considerado um milagre pelo tamanho do nosso universo. Para estarmos aqui, muitas particularidades aconteceram, muitas pequenas coisas.
A gravidade, a localização da Terra no Sistema Solar (nem muito longe, nem muito perto do Sol), a adaptação da própria natureza...

O homem evoluiu, criou uma forma de comunicação e se relacionou com outras pessoas. Construiu seu próprio habitat, mudou a natureza para os caprichos do homem, criou coisas para o seu próprio prazer.

Porém ainda havia mais uma particularidade. Lidar com os seus próprios sentimentos.
As pessoas criam critérios em suas cabeças e tudo o que você faz, passa nem que seja por meio segundo na sua cabeça antes de falar.

Tente não pensar em nada. Você conseguiu? Não, na verdade você acaba de pensar em não pensar em nada. Agora você está pensando em se esforçar na tarefa de não pensar.

Se ter uma carreira de sucesso, uma vida feliz e um grande amor, ultrapassar a barreira imposta pela sociedade, já é considerada uma tarefa árdua, ainda é preciso sentir. As vezes me pergunto: Por que sentir-se triste ou feliz? Por que desde a sua criação, o ser humano apenas não vive? De onde surgiu essa ânsia em pensar sempre no futuro, na evolução e no progresso?

Sem os sentimentos, as pessoas apenas viveriam para sobreviver
Ninguém se importaria com ninguém. Você saberia quem são as pessoas conhecidas, mas não entenderia o quanto elas significam para você.

Surge o amor

Criar relações seria a melhor forma de evoluir. Os sentimentos apareceram pela primeira vez ainda nas cavernas, com o desenvolvimento do homem. Eles perceberam que realizar tarefas em conjunto era muito mais fácil. Essa proximidade levou aos primeiros sentidos. De cuidar da sua comunidade, proteger aquele que te ajuda. De que essa relação pode ser mais do que reprodução. Assim nasceu o amor, o maior dos sentimentos.

Viver passou a ser: manter os seus sentimentos equilibrados. É considerado louco aquele que sente de forma exagerada ou que não sente nada

Quem sabe, ainda estamos criando novos. Lidar com os sentimentos faz parte do desenvolvimento humano.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

[Outros] Resposta sobre a vida

Pensei no que deveria responder quando minha futura filha perguntar: "O que é a vida?". Não é uma coisa simples de responder, mas quem sabe até ela nascer, eu tenha uma resposta melhor. Cheguei a essa conclusão:

Viver é saber que uma hora tudo pode acabar.
É saber que o minuto que chega, logo se vai.
É entender que o passado junta memórias invisíveis.
É aprender a fazer coisas boas e entender o que é ruim.
É lutar pra realizar atos, que um dia serão chamados de lembranças.
É saber que o que chega rápido vai rápido, com uma balança de felicidade e decepção.
É entender que para o amor sempre temos tempo.
É estar pronto para em qualquer ocasião enfrentar o acaso.
É entender que o futuro pode ser daqui há 10 anos ou no próximo segundo.
É viver o presente para transformar o nosso futuro em uma boa história do passado.
É saber que esquecer faz parte vida. Para enfim guardar espaço para memórias realmente de valor.
O passado, presente e futuro são entrelaçados. Não passam de marcação de tempo.

Hoje, para o Fábio de 20 anos, a resposta do que é a vida é: criar o seu próprio tempo.

Viver é escrever a sua história para as pessoas lembrarem de você. Existem duas vidas: a real e a da sua consciência. Para a felicidade plena, você precisa estar satisfeito com as duas. A sua vida e a memória das pessoas no futuro estão diretamente ligadas. Se você não cativar e criar o suficiente para ser lembrado, você não viveu. Viver é criar.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

[Poema] Amor em tempos de redes sociais

A internet revolucionou os relacionamentos
Redefiniu o significado de saudade
Aproximou o longe, distanciou o perto
Quase maldade

Deu comodidade aos que podem se ver
Diminuiu a quantidade de encontros
Com a falsa sensação de proximidade na rede
Os caminhos tornam-se longos

Quem se conhece por lá
Conhece ao mesmo tempo tudo e nada

Conhece as músicas e filmes favoritos
A rotina, os medos ou o último amor
Não sabe o verdadeiro som da risada
Ou o olhar sem ser filtrado por um monitor

Tão longe não sente
Tão próximo que mente

sábado, 19 de julho de 2014

[Série: Versos de Ciência] Estrela Dalva Entrevista: Lua


No palco localizado em Plutão, que virou estúdio de TV após uma ajudinha dos cientistas que o rebaixaram para planeta anão, a plateia de estrelas recebe com muitas palmas a entrevistada Lua.

Com uma vestido branco muito elegante, a senhorita Lua aproveitou uma noite nublada na Terra para dar uma passadinha em Plutão. Mais precisamente no programa mais visto na galáxia, o "Estrela Dalva Entrevista".

A entrevistadora logo comentou sobre os bastidores da galáxia dos famosos. A Lua ficou incomodada quando Dalva comentou sobre a sua relação com o Sol. Eles quase não se falam e se encontraram pela última vez no eclipse do ano passado. O teor da conversa não foi revelado.

Quando perguntada sobre o casamento com a Terra, a satélite natural se derreteu inteira: "Ah, a Terra é uma querida, né? Fico cuidando das marés e ajudo um pessoal com um lance de horóscopo. Eles chamam a minha troca de roupa de fases, mas já estou acostumada com os humanos. Eles vivem tentando me fotografar, falando pra levar um recado pra amada deles, mas sou meio tímida, você sabe, né Dalva?". (Risos)

Dalva chamou o intervalo. As bailarinas Três Marias faziam uma coreografia perfeitamente alinhada, todas com um vestido super primavera-verão de Saturno.

De volta à entrevista, a Lua agora falou sobre os deuses. "Olha, eu sei que Deus e Zeus não se encontram muito, mas sempre que os vejo, mando um abraço dos humanos. Eles criam umas histórias muito criativas sobre a nossa criação. Alguns falam que foi uma expansão, outros que foi Deus, outros que foi um milagre... só sei de uma coisa: esses meninos na Terra são muito metidos a curiosos. Vieram me visitar faz tempo e nunca mais voltaram".

Para acabar, Dalva começa uma série de perguntas curtas:

Uma música: Lua de Cristal, acho a Xuxa o máximo!
Um filme: Apolo 18, mostra que sou má quando quero!
Uma comida: Cheetos lua (Risos). Ai desculpa Dalva, não resisti!
Um recado para os humanos: Gente, não adianta tirar foto minha no celular, fico com vergonha, me sinto pequena!
Um recado para o Sol: A gente se vê no próximo eclipse!

E essa foi a Lua, essa querida! Aplausos, estrelas!

Infelizmente, a gente fica por aqui! (Plateia: "AHHHHHHH")

Fiquei sabendo que agora a Lua vai voltar pra Terra com um vestido minguante deslumbrante! Semana que vem a gente volta com a presença do Sol! Vamos saber porque esse cara é tão esquentadinho!

Até semana que vem!

sábado, 14 de junho de 2014

[Crônica] Tudo o que a Itália tirou

O que era uma carreira promissora para ela logo tornou-se uma tormenta para ele. O que as viagens afastavam, as voltas atraiam de volta com toda a força da gravidade.

Quando ela ia, ele aguardava. Quando ele esperava e escrevia inspirado, ela buscava a volta. Quanto mais sucesso, fruto do verdadeiro talento artistico dela, mais longe eles ficavam.

O que começou com uma boba peça de teatro virou uma fonte de renda. As viagens ficaram cada vez mais frequentes e eles já mal se falavam. Uma volta pra casa por três dias já era suficiente para esperar por mais alguns meses. Até que a Itália entrou na vida deles.

Uma viagem de rotina para conhecer uma companhia de teatro, logo tornou-se um convite e a Itália virou um novo personagem. No último encontro, eles não sabiam que seria o último. Entre as últimas palavras, um enganador "a gente se fala". E assim, a gravidade que unia os dois começou a se desfazer. Aos poucos, tudo diminuiu até o fim e assim mesmo, sem acabar, acabou.

Para ele, buscar outra ela seria a solução. Enquanto isso, ela chorava e estudava na Itália. Ele sabia que não acharia outra ela, por isso tentava achar o que não existia nas outras, um alguém parecido com ela. Mas também não encontrou. E assim, seus interesses mudaram e eles não conversaram mais.

O que a Itália tomou, jamais voltará a ser do jeito que era. Mesmo com uma possível volta, afinal os dois eram só jovens sonhadores. Hoje, ele aprende todos os dias com os erros e não espera mais. Deixou de fazer comparações. Percebeu que jamais vai encontrar ela nas outras e que é arrogante esperar algo que não existe de uma pessoa. Afinal, a nova ela também pode ter passado pelos mesmos caminhos.

Assim, ela deixou de ser uma referência. Um bom tempo se passou e finalmente ele se encontrou. O ideal "ela" sumiu da sua cabeça. Agora, ele procura alguém que apenas tenha um gosto parecido com o dele. Ela já deixou de ser a perfeição. A Itália já não o irrita mais.

A forma que amadureceu no tempo com ela foi suficiente para uma vida inteira. Investindo nos erros que possam virar acertos um dia, hoje ele tem certeza que não vai encontrar tudo o que a Itália tirou.

Agora, ele procura por tudo o que o novo tem a oferecer.
Isso sim é algo digno de espera.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

[Poema] Pontos de vista

Pensa o dia inteiro
Lembra só das partes boas
Percebe a chegada do novo
Começa melhor do que antes

Sente tudo junto
Arrisca partes separadas
Esperançoso na procura
Ansioso quando encontra

Escuta o que sente
Fala o que precisa
Pensa por você
Demonstra por você

Atencioso quando ouve
Confere o clima
Outro não agora
Cativante na sua essência

Decora suas falas
Descobre o seu ritmo
Mostra seu caminho
Adora o meio

Tenta não chamar a atenção
Ri com os erros
Repete o seu ponto principal
Sorri quando gosta

Explode quando contraria
Frustado quando não muda
Percebe o final chegando
Sem jeito quando acaba

Prepara o novo começo
Com o ritmo do refrão
Sentir nunca fez tanto sentido
Ouvir nunca foi tão poético

O amor é como a música
A música é como o amor

quinta-feira, 29 de maio de 2014

[Música] Crítica: Ghost Stories - Coldplay - 2014

O Coldplay acaba de lançar seu sexto álbum, Ghost Stories.


Antes de falar sobre ele, é legal falar sobre qual a fase que a banda passa. Depois de viver um desejo inacabável por inovações e com o auxílio de Brian Eno, Viva la Vida or Death and All His Friends chegou com toda a pose de mudanças, mas na medida certa.

A sonoridade ficava distante daquela vista em X&Y. Depois, chegou Mylo Xyloto, o álbum tão contestado pelos fãs. A distância da banda que se lançou com Parachutes é gigante. O uso exagerado de sintetizadores e o som claramente puxado para o pop (para ficar bem claro, a banda fez uma parceria com a Rihanna. Acho que isso explica toda a fase ruim). Apesar de todos os deslizes e exageros, ainda dá pra encontrar aquele velho Coldplay, com Us Against The World, Don't Let It Break Your Heart e Hurts Like Heaven.

Nessa fase MX, tudo mudou, inclusive o vestuário. Roupas coloridas, Xylobands nos shows e mais um suposto (todo final de álbum, o Chris Martin fala isso) tempo para descansar da banda. Na preparação para o novo disco, o colorido sumiu aos poucos, a seriedade voltou ao recinto e esperança de dias melhores. Essa era a expectativa, a de retorno de sonoridade. Esse era o cenário que o Coldplay tinha quando lançou Ghost Stories. Sobre cada música:

Always In My Head

O começo com o coral e a bela melodia já me ganhou antes do Chris começar a cantar. Gosto muito da levada da guitarra na música e tem um refrão legal. Ótima pra começar o álbum.

Magic

O baixo do Guy é o protagonista aqui. A música com um pé no R&B tem um refrão delicioso. Tudo bem leve e aumentando de proporção aos poucos. Foi uma boa escolha pra single.

Ink

O começo foi meio estranho, com uma sensação de "Que diabos de instrumento é esse?". Mais uma música bem leve e que me apaixono pelo refrão de primeira. 

True Love

Já gostei dos violinos de fundo logo no início. A bateria elétrica me irrita, pois é desnecessária. O refrão é um tanto quanto pegajoso. Aqui dá pra lembrar daquela sonoridade pedida dos álbuns antigos. E finalmente escuto alguma coisa diferente e um rápido solo na guitarra do Jonny. 

Midnight

É a que mais destoa do álbum. Na primeira vez que ouvi, duvidei que era realmente Coldplay. Sabe aquele lance de inovar? Nesta música deram uma bicuda em todos os trabalhos antigos e lançaram uma música ainda não vista com a banda. Não é ruim. Mas pra quem está acostumado a ter o piano e a melodia como a grande qualidade, não dá pra usar tanta distorção na voz e batidas eletrônicas. Ainda assim consegue ter suas qualidades. Termino a música imaginando como seria se ela fosse mais limpa, sem distorção e tanta coisa junta. Acho que ficaria bem melhor.

Another's Arms

O belo coral que inicia a música me deixa mais aliviado após tanta distorção na voz da música anterior. A música vai aumentando, aumentando... e quando chega a hora de um puta solo de guitarra... o instrumento soa completamente abafado. É estranho, parece que a banda não quer um momento de destaque no álbum. Tudo por enquanto é sim, muito bom. Mas não tem um clímax. Tudo é completamente uniforme. Mesma pegada light de Ink e Always In My Head.

Oceans

Finalmente um destaque! Sem a batida eletrônica como prioridade, o bom e velho violão característico de Parachutes está de volta. Me lembra muito Sparks ou até mesmo Green Eyes. O final com violinos é sensacional. Não é difícil agradar os fãs, sério. Violão, voz e uma boa melodia, não tem o que complicar. Os segundos finais levam a um som de porto, com ondas, sinos e toda uma criação de... Oceans.

A Sky Full of Stars

Pra acabar com toda a minha explicação sobre simplicidade citada acima, nos 10 segundos já é possível prever a música inteira. Justamente na música com o nome mais interessante, a faixa conta com a também desnecessária colaboração do DJ Avicii. A música é claramente diferente de todo o álbum. Apesar de fugir de tudo o que eu gosto em música, no meio das batidas eletrônicas ainda dá pra encontrar a diferença das outras milhares de música eletrônicas iguais. Não sou dos maiores fãs de música eletrônica justamente por essa coisa fácil de prever. Um começo normal, uma queda e uma explosão no final. Vai fazer um puta sucesso sem dúvidas e provavelmente eu vou curtir pra caramba no show. A música é boa no cenário onde ela mesma se coloca. Mas no meio do disco ela acaba sobrando.

O / Fly On

Fico imaginando antes de dar play em como uma música de sucesso pode ter apenas uma letra, "O". Mas ao começar, fico surpreso com um piano sensacional. Particularmente, a letra é linda e simples. Fico pensando em como um tema simples e as palavras certas podem juntar dois temas tão distantes. Juntar a liberdade dos pássaros com uma situação de partida. Uma hora ele está aqui e logo já voou para longe. Enfim, a melodia é incrível e a letra me fez pensar. Lembro mais uma vez porque continuo gostando de verdade desta banda.

(As próximas três faixas fazem parte apenas da versão Deluxe)

All Your Friends

Uma linha de baixo ótima e uma pegada muito parecida com Cemeteries of London da era Viva. Não entendo porque não entrou na versão original. É meio sombria. Dá realmente pra perceber a banda inteira por aqui e dá para lembrar que o Coldplay é muito melhor quando todos recebem destaque.

Ghost Story

Uma das melhores do álbum. A letra é incrível e sem querer sem repetitivo, mas já sendo, lembra muito a era de A Rush of Blood to the Head. É um pecado estar apenas na versão Deluxe. Tem um solo bem legal, tudo foge daquela coisa light do começo do álbum, o refrão é muito bom... uma das minhas preferidas nos últimos anos de Coldplay.

O (Part 2/Reprise)

Muito bonita pra encerrar o álbum. Encerra exatamente como começou. Aliás, todas as músicas terminam de forma muito próxima do começo da próxima. Assim, o final de uma encaixa no início da próxima. O álbum ganha em continuidade e em tese, fica meio que infinito se ficar no repeat, bem legal.

Avaliação final

É um ótimo álbum. Melhor do que o último, Mylo Xyloto. Sinto falta de um momento memorável, um destaque. As letras são em grande parte marcadas pelo fim do relacionamento de Chris Martin com sua esposa Gwyneth Paltrow. Não é um dos álbuns mais inspirados em relação a letras. O álbum é bom pra escutar inteiro, em sequência.

A continuidade aumenta a qualidade do Ghost Stories. Se colocadas separadamente, na minha opinião, são poucas que funcionariam como single atualmente. Midnight e A Sky Full of Stars fogem da linha sonora do álbum. Senti falta da presença e do destaque dos outros membros da banda. Como estão dizendo por aí, realmente soa como um álbum solo do Chris Martin. O que também, obviamente, não é uma coisa ruim.
8
Para o próximo álbum, gostaria muito de ver algo mais alto. Não digo no sentido de músicas de estádio, mas com mais solos de guitarra ou algo um pouco mais como Ghost Story ou Politik, do A Rush. Avalio como um ótimo álbum, mas ainda com o sentimento que dá para melhorar um pouco mais. Eu sei, gosto é gosto e talvez, nunca fique completamente satisfeito. Mas sinto que esse foi um bom começo para algo ainda maior para o futuro.

Melhores faixas: Always In My Head, Ink, Oceans e O.
Piores faixas: Midnight.

Nota (de zero a cinco): 4

sábado, 10 de maio de 2014

[Série: Versos de Ciência] Lucas, um telescópio e a imensidão

Quando criança, Lucas sentia-se pequeno. Os outros alunos da sua classe sempre foram maiores que ele. Seu pai sempre dizia que com o tempo ele cresceria e perceberia que esse seria o menor dos problemas que ele encontraria na vida. O menor. Até na lição de moral, os sinônimos de pequeno apareciam.

Quando jogava vídeo game, escolhia o Mario, menor que o Luigi. Quando jogava futebol e queria ser goleiro foi aconselhado a não ficar na posição, afinal era só chutar alto que era gol.

Era besteira para os outros, mas um problema pequeno não deixa de ser um problema. Para resolver isso, o pai de Lucas comprou um tênis com a sola maior. Não ajudou muita coisa, mas deixou o garoto com um sorriso no rosto.

Depois falaram pra ele pular corda, porque dizem que a prática faz a pessoa crescer. Após três dias de dores nas pernas, Lucas abandonou a corda: ela era muito curta e batia na canela dele.

A altura, porém não media quanto o garoto queria crescer e ver o mundo. Crescer no sentido de amadurecer e de centímetros também.

Na adolescência, conheceu enfim uma garota do seu tamanho. Após um tempo foi rejeitado, pois a menina era louca por salto alto... que azar.

Triste com o fim do seu relacionamento e com aquele pequeno probleminha de infância que não passava, Lucas passou a ficar preso no seu quarto. Os pais acharam que o menino estava com depressão. A mãe afirmou que sabe exatamente o que o filho precisa para deixar de sentir-se pequeno de uma vez por todas.

Ela saiu de casa e voltou algumas horas depois com uma embalagem gigantesca. Bateu na porta do quarto de Lucas, que logo atendeu.

Surpreso pelo presente repentino, desembrulhou e viu um telescópio. Perguntou para a mãe como isso ajudaria a resolver seu problema. E ela respondeu: "Aponte pro céu, tente contar as estrelas e você vai entender".

Ele instalou o telescópio, apontou para o céu e aos poucos começou a entender. Passou a madrugada inteira olhando as crateras da Lua, os satélites de Vênus e os anéis de Saturno.

Lucas entendeu que não tem como contar as estrelas, não tem como observar extraterrestres na Lua e que não tem como medir a distância até Marte.

Comparados com a imensidão do Universo, Lucas entendeu que todos somos iguais e que não são alguns centímetros de altura que vão fazer a diferença neste mundo. E então ele entendeu tudo. Ninguém pode falar que você é pequeno.

Lucas é pequeno. Os adultos, o tênis, o salto alto da menina, os prédios, a Terra e a nossa galáxia são pequenos perto de tudo que acontece ao nosso redor. 

Só em ter a oportunidade de fazer parte de todo o acontecimento ao nosso redor já é gratificante. É assustador a primeira vez que percebemos a dimensão do Universo.

Lucas guardou o telescópio e foi dormir.

Naquele momento, ninguém era maior que ele.
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Crônica baseada nos versos da música Telescope do Cage The Elephant.

sábado, 3 de maio de 2014

[Cinema] Mundo mágico de Walt Disney

Fundado em 16 de outubro de 1923, o Walt Disney Animation Studios é reconhecido até hoje como o principal estúdio de animação americano e é visto como pioneiro no desenvolvimento de técnicas que se tornaram essenciais para a produção da animação tradicional. A história começa quando a empresa passa a produzir filmes a partir de 1934.

Tradicional logo do estúdio de animação americano

Considerado o primeiro dos Clássicos Disney, o estúdio lança totalmente a cores "Branca de Neve e os Sete Anões", em 1937. O lançamento é também o primeiro longa-metragem de animação produzido pelo cinema norte-americano e com produção do lendário Walt Disney.

A inovação resiste a um cinema em plenos anos 30, quando os filmes históricos, de gansters e a ficção científica dominavam as telonas.

Com o intuito de transformar seus filmes em inesquecíveis películas, Walt Disney era conhecido pela vontade de entregar o melhor do estúdio em seus filmes. Com a invenção da câmera multiplano, Walt conseguiu adicionar a sensação tridimensional, colocando profundidade em seus desenhos animados por meio de camadas de imagens de fundo pintadas sobre vidros.

Câmera multiplano colocou sensação de profundidade nas animações

A técnica foi apurada e utilizada nos próximos lançamentos do estúdio. Walt Disney sempre foi entusiasta de inovações e a empresa criada por ele ainda é líder em tecnologias que ajudam a criar histórias de novas e diferentes maneiras. Como por exemplo Fantasia, filme que dá atenção à música clássica e que mudou perspectivas de canções em uma obra cinematográfica.

A criação de Mickey Mouse, Pato Donald, Pateta e diversos outros personagens deixou claro como é importante a construção de um personagem para contar uma boa história e manter a fidelidade do público.

Porém, após a morte de Walt Disney em 1966, vítima de um câncer no pulmão, o Walt Disney Animation Studios passou por tempos difíceis nos anos 70 e 80. O cineasta era a imagem da empresa e os próximos filmes lançados perderam a identidade de inovação com história inspiradora.

Bernardo e Bianca, O Cão e a Raposa, O Caldeirão Mágico, As Peripécias do Ratinho Detetive e Oliver e sua Turma não foram aclamados pela crítica ou pelo público, que passou a olhar o estúdio com outros olhos.

O "renascimento" da Disney chegou apenas a partir dos anos 90, quando a empresa voltou a fazer animações baseadas em histórias clássicas como A Pequena Sereia, Bela e a Fera, Aladdin e O Rei Leão, considerado por muitas a obra prima da Disney.

Rei Leão foi lançado em 1994

A partir dos anos 2000, a Disney finalmente encontrou um rival a altura. Os estúdios Pixar, que com a trilogia Toy Story, Monstros S.A., Procurando Nemo, Os Incríveis, Wall-E e Up - Altas Aventuras dominou as premiações da década. O estúdio demorou para se adaptar com a mudança para o 3D digital. O primeiro filme da Disney com o sistema foi O Galinho Chicken Little.

Essa era também teve um fim, quando a Disney comprou a Pixar em 2006 por US$ 7,4 bilhões. Após a fusão, o estúdio voltou a ser dirigido por um animador,  fator visto como essencial para a nova escalada da Disney, que não tinha um animador no cargo desde a morte de Walt Disney.

John Lasseter é um dos responsáveis pela virada de mesa da Disney

O retorno da Disney ao devido posto foi após o lançamento de "A Princesa e o Sapo", com a animação "Enrolados", filme trouxe de volta a comédia musical após cerca de 20 anos e concretizou o sucesso do último filme do estúdio, Frozen - Uma Aventura Congelante, adaptação do conto de fadas "A Rainha da Neve".

Enfoque no musical chamou a atenção em Frozen

O estúdio optou por voltar às origens para recomeçar a era de ouro. A ideia criada por Walt Disney com a ajuda da sua equipe em 1934, é mais do que o simples lançamento de filmes de animações. É um universo de referências, personagens notáveis, inovações e inspirações para as crianças de diversas gerações.

Com ou sem seu criador, com altos e baixos, o lema da Disney sempre foi "Continue seguindo em frente". Porque Walt Disney mostrou a todos que além de prêmios, um trabalho dedicado pode construir um império na cultura pop.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

[Música] Lollapalooza 2014

Participei este ano do meu segundo Lollapalooza. Mais do quem bons shows que já garantem o ingresso, o festival transmite a experiência de um dia completo só de música. 

É estranho pensar que tantas pessoas tem o mesmo gosto que eu. Logo na entrada, as milhares de pessoas vestindo camisetas do Muse já aumentavam minha ansiedade.

Na entrada, quase 30 minutos andando pra chegar no final da fila, que praticamente chegava em outro bairro de tão extensa (sério). 

Pensei não encontrar tanta dificuldade na entrada, mas já encontrei um primeiro problema. Com demora na fila e a distância dos palcos acabei perdendo o show do Capital Cities.



Da entrada até o palco Onix, onde ainda tocariam Cage the Elephant e Imagine Dragons, foram quase 30 minutos andando meio perdido. O autódromo é gigante e o sol de mais de 30ºC não ajudou nada. Encontrei um amigo por um milagre, já que o 3G e o sinal não funcionava de jeito nenhum.

Cage The Elephant

Perdi algumas músicas, mas cheguei a tempo de ouvir Ain't No Rest For The Wicked, Shake Me Down e minha preferida Come A Little Closer. O palco Onix fica em um terreno inclinado, onde qualquer posição era boa para assistir bem ao show. A banda é sensacional ao vivo e o vocalista interage bastante com a platéia. O punk rock fica bem presente ao vivo.

Após o show, o vocalista Matt Shultz foi até o canto direito do palco e começou a conversar com alguns fãs que reconheceram o cara. Tirei uma foto e posso dizer que ele é super gente fina e foi muito gentil com as pessoas que pediam fotos e autógrafos.


Conhecia a banda do outro Lolla. Pela televisão, fiquei impressionado com a postura de Matt no palco e ao vivo tive certeza da qualidade. Vou dar mais atenção ao Cage The Elephant.

Imagine Dragons

Todo o fato citado acima aconteceu ao lado de umas 40 mil pessoas que estavam esperando Imagine Dragons e não reconheceram o vocalista. Quando finalmente chegou a vez da banda de Las Vegas - desta vez bem estava bem mais perto do palco - o local ficou completamente lotado.

Com apenas um álbum, Night Visions, fiquei curioso em saber como eles completariam o setlist. No final, a banda fez um cover bem feito de Song 2 do Blur e dava um capricho especial com alguns solos no final de cada música. Sendo que a banda tem apenas seis anos, é impressionante ver o público que os americanos conquistaram em tão pouco tempo.

O Imagine Dragons conseguiu lançar um primeiro álbum que vendeu muito bem mundialmente e que também funciona muito bem ao vivo, com ótimos singles. O destaque para a percussão é muito evidente e causa uma sonoridade com bastante impacto.

O final com Radioactive, obviamente já esperado pelos fãs, caiu muito bem. A música parece que funciona melhor ao vivo do que no álbum. Foi um ótimo show para uma banda que está só começando e que tem muito futuro pela frente.O público, que lotou o palco Onix, encontrou muita dificuldade para sair do palco.

Phoenix
A neozelandesa Lorde e os franceses do Phoenix dividiram a multidão. Decidi escolher o Phoenix, porque gosto muito da sonoridade da banda. 

Na minha visão, a escolha era óbvia. Músicas bem dançantes, com músicos extremamente competentes e com anos de carreira ou um show de uma adolescente com dois integrantes na banda? Tinha certeza que o show da Lorde seria morno. Assistiria Royals e iria embora, ou seja, não compensava no momento (mais tarde confirmei na televisão, foi bem chato mesmo).

Foi complicada a mudança de palco. O congestionamento de pessoas travou a passagem para o palco Skol e perdi duas das cinco músicas que conhecia do Phoenix. Quanto a qualidade do show, não tem nem o que falar, eles são ótimos no que fazem. 



Queria mesmo ouvir Lasso e Lisztomania, mas o trânsito de pessoas não ajudou. Mais um excelente show com destaque para o ótimo baterista e o vocalista pulando no povo na última música Entertainment.
Muse

Chegando a hora do Muse, comecei a ficar bem ansioso. Isso tudo porque alguns dias antes, a banda cancelou um show em SP por causa de uma laringite no vocalista Matthew Bellamy. Fiquei com receio do cara ficar completamente sem voz pro show e tudo ser um desastre.

Por um milagre e muito esforço, conseguimos chegar bem perto da grade no palco Skol. Quando percebi que aparentemente a voz de Matt estava ok, fiquei mais tranquilo e o show foi incrível! Ele cantava bem, porém deixava passar alguns falsetes. Nada que atrapalhasse o show.

Este era o primeiro show do Muse no ano, então já eram previstas mudanças no setlist. Não queria mesmo uma cópia do show do Rock in Rio.


A banda é um espetáculo ao vivo. Se a voz falhava em alguns instantes, Matt compensa tudo na guitarra. Como toca bem esse britânico. O baixista Christopher Wolstenholme e o baterista Dominic Howard também não ficam devendo nada, são tão importantes e talentosos quanto o vocalista.

Com muitos riffs de guitarra, a banda tocou músicas mais antigas, provavelmente porque possuem menos agudos, e ainda incluiu algumas músicas do último disco The 2nd Law. Minhas preferidas Plug in Baby, Time is Running Out, New Born, Hysteria e Madness foram tocadas, ponto positivo. 

Ainda deu pra fazer um cover sensacional de Lithium para os 20 anos da morte de Kurt Cobain do Nirvana e finalizar perfeitamente com Knights of Cydonia.

Senti falta de algumas das novas como Panic Station e Supremacy, porém fiquei surpreso em como The 2nd Law: Unsustainable funciona MUITO bem ao vivo. Tudo foi incrivelmente sensacional e falta vocabulário pra contar quanto eu curti o show.


No final, meu Lolla foi excelente. Os pontos positivos foram: ótimos shows, mais capricho com as comidas em relação ao ano passado, uma companhia legal, boa visão pros palcos em qualquer lugar e não tenho nada a reclamar em relação ao som. Pontos negativos: distância eterna entre os palcos, o autódromo é mais longe do que o Jockey Club no ano passado, distância do autódromo para a estação na CPTM, dificuldade pra entrar na estação.

Claro que pra mim, os pontos positivos transbordaram os pontos negativos. Já sabia que andaria muito e que teria dificuldade com o transporte. Assisti a quatro excelentes show e paguei o que equivalente a somente um show solo. Sem contar que a experiência de estar no festival faz tudo valer muito a pena. 

O Lollapalooza mais uma vez não me decepcionou e os festivais tornam-se cada vez mais uma opção para diversão e música boa. Aguardo o line-up do Planeta Terra. 

Ano que vem tem mais Lolla.

quinta-feira, 27 de março de 2014

[Cinema] Universo Tarantino

Nascido em Knoxville, Tennessee, Quentin Tarantino começou a sua carreira com a venda do roteiro dos filmes Amor à Queima Roupa e Assassinos por Natureza. Essa foi a sua porta de entrada para criar "Cães de Aluguel", filme que ficou famoso pelo ritmo intenso, cortes de câmera inovadores e cenas retratadas fora da ordem cronológica.

Em 1994, Pulp Fiction foi indicado a diversos prêmios e marcou época no cinema. O filme é tratado como um clássico pelos fãs do diretor e de cinema. A obra recebeu sete indicações ao Oscar, vencendo na categoria de melhor roteiro original.

Além da criatividade inesgotável, uma coisa que diferencia o Quentin dos outros diretores é a ligação dos seus filmes. Existe uma teoria que viralizou na internet que afirma que todos os filme do diretor fazem parte de apenas um único universo. A conexão vai de sobrenomes iguais em filmes diferentes, citações a personagens de outras obras e referências que podem ser mais do que mera coincidência.

A cena que deu início a toda a mitologia vem de Pulp Fiction, onde a personagem de Uma Thurman supostamente cita a história do drama de vingança Kill Bill, lançado apenas em 2003.

Tarantino já admitiu ter crescido assistindo filmes de faroeste de Sergio Leone e de artes marciais. Seu amor pelo cinema trash e gore ajudou a formar sua própria identidade na criação de histórias com muito sangue aparente, mutilações e cenas de violência marcante.

O diretor utiliza também da ucronia, um subgênero literário, para escrever roteiros de alguns dos seus filmes. A oportunidade de mudar o rumo da história real através da ficção é algo que fascina o americano.

Aficionado também por história, o diretor sempre que pode, inclui referências factuais em suas obras. Bastardos Inglórios utiliza a Alemanha nazista, o Terceiro Reich liderado por Adolf Hitler e o Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores como cenário para um filme sobre planos de vingança do ponto de vista judeu para acabar com o nazismo.

Seu último filme, Django Livre, parte da escravidão para contar uma história do velho oeste, que junta faroeste, vingança, referências a seus filmes anteriores e, como sempre, muita violência. O diretor aproveita para contar sua narrativa através de fases do monomito, também conhecido como jornada do herói. Django deixa de ser um escravo para crescer e lutar por seus objetivos e o amor da sua vida.


Dono de dois Oscars de melhor roteiro original (venceu com Pulp Fiction e Django Livre), Quentin, além de ser diretor, roteirista e produtor de cinema, também faz pequenas pontas na maioria dos seus filmes.

Quentin tornou-se referência para os fãs de cultura pop e seus filmes são sempre aguardados tanto pelo público fiel quanto pela crítica. Seja com clássicos antigos ou com os mais atuais, Tarantino assina seus filmes com mais do que um bom roteiro ou atuação. O diretor transfere a sua identidade para cada nova criação.

Através de uma forma única de montar sua obra cinematográfica, Quentin Tarantino tornou-se um verdadeiro ícone. Com apenas 51 anos, Tarantino espera premiar ainda mais as suas obras e destacar o seu nome na eterna lista dos melhores diretores da história do cinema.

segunda-feira, 24 de março de 2014

[Série: Versos de Ciência] Trabalho das estrelas

A noite em que todos vão pra casa.
Também é a noite em que as estrelas vão trabalhar.

Se todos passam o tempo ocupados durante o dia.
Elas contam os minutos pra aparecer.

Pode ser que algumas demorem pra responder.
O calor do próprio Sol demora 8 minutos pra chegar na Terra.

Depois dele, o brilho da estrela mais próxima é de quatro anos atrás.
Proxima, Alpha e Beta Centauri podem nem estar mais lá.

As luzes emitidas demoram pra chegar na Terra.
Mas sei que são bem mais do que só uma grande esfera de plasma.

É grande o papel delas. Como o pôr do sol que encanta os humanos.
A responsabilidade delas é ser grande pra brilharem juntas.

A situação pode estar escura como a noite.
Mas a escuridão perde espaço para um simples raio de luz.

Quando a vida estiver difícil, observe o trabalho das estrelas.
E veja a luz que percorre todo o espaço só para te iluminar.

Crux and Centaurus from Mauna Kea

terça-feira, 4 de março de 2014

[Outros] Mentalidade de Carnaval

Sou a favor do Carnaval, entendo que é uma coisa da cultura do brasileiro. Só não entendo como essa data afeta tanto a sabedoria das pessoas. O Carnaval liberta o que há de mais estranho no ser humano.

No Carnaval, sair fantasiado é normal. Os palhaços são apenas pessoas comuns neste dia. Seguir um caminhão de som sendo esmagado por milhões de pessoas é super diferente de ir a um show normal na semana seguinte.

Beijar o máximo de pessoas possíveis é normal. Nos outros dias é coisa de vadia ou galinha, mas no Carnaval tá liberado. Pode beber tranquilo. As marcas de cerveja criam camarotes e o amigo mais bêbado sempre cria a história mais engraçada.

O povo esquece das notícias, até porque é muito mais importante saber a hora do próximo bloco de rua ou a nota das escolas de samba. Todos são iguais. Morador de rua ganha bloco na própria casa, imagina só.

A prioridade é fazer a maior festa de rua do mundo. Fazer o turista sentir-se bem. Não quero que cancelem o Carnaval ou que comecem a tocar Beethoven para as pessoas. Sou a favor de uns dias de descanso, ninguém é de ferro.

Longe de ser um texto responsável, até porque não sou a pessoa mais indicada pra isso... Mas enquanto tivermos uma sociedade que prioriza o Carnaval por meses e fecha as escolas para as pessoas ficarem bêbadas, ouvindo axé e em estado deplorável, não tem como pedir um Brasil melhor.

Se as pessoas acham que o investimento da Copa é uma vergonha, imagina o que o governo gasta pra sustentar a folia?

O dinheiro é bem investido com campanhas de camisinha (que é uma coisa ridícula, até porque educação sexual é uma coisa essencial), com propagandas pra não urinar no chão, pra não dirigir bêbado? Coisas básicas que qualquer pessoa em qualquer outro dia do ano saberia?

Alguém mais percebe o tamanho dessa besteira? A campanha pra usar camisinha é valida pra todos os dias do ano! Não é normal mijar no chão da rua... nunca! Dirigir bêbado é perigoso e arrisca a vida de várias pessoas! É tão óbvio que acredito que as pessoas perdem uma parte do cérebro nesta época, não é possível...

Mas lembra? No Carnaval está tudo liberado. Só por uns dias, as pessoas ficam bobas, esquecem a sua rotina e dão risadas. Aos adeptos, repito. Não quero que o Carnaval seja extinto. Só não entendo essa burrice conjunta que obriga o governo a gastar com coisas tão inúteis.

Só não usem essa mesma mentalidade pra cobrar depois no dia das eleições. Porque o povo vai votar com a mentalidade de Carnaval. E elege um Carnaval de idiotas pra guiar nosso país.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

[Série: A vida sem...] Tempo

E se de repente, o tempo parasse?
E a vida fosse vivida sem a presença do tempo?
Se o dia parasse exatamente onde está.
Noite onde está noite, dia onde está dia.
O ser humano não teria mais que acordar cedo.
Não existiria cedo ou tarde demais.
O final feliz, nunca teria um final.
O horário deixa de existir, já que as horas foram paralisadas.
Felizes aqueles que pararam com um pôr do sol eterno.
Felizes os que vivem no crepúsculo inspirador entre o azul do dia e o escuro da noite.
Os relacionamentos seriam mais complicados.
Sem o "até amanhã", o "te vejo quando estiver com vontade" seria a novidade.
Não existiria a hora da chegada e nem a hora certa de partir.
Vai quem sente vontade, chega quem tem desejo.
A sensação de rápido ou lento logo deixa de existir.
Ninguém mais envelhece, o tempo deixa de enfraquecer as pessoas.
O relógio deixa de informar o tempo para virar só um acessório.
Não vai existir duração, período ou prazo.
Sem intervalos, ciclos, datas, eras, etapas, fases, séculos, anos, meses e dias.
Sem horas, minutos ou segundos.
O pior: sem pequenos momentos que valorizam a vida.
Porque o momento não vai existir.
Nem a ocasião, a oportunidade ou a vez.
O tempo não vai mais curar a saudade.
O tempo não vai mais curar o coração partido.
O tempo não vai mais te dizer a hora certa de dizer o que sente.
O tempo não vai mostrar que o melhor já passou ou que o melhor ainda vai chegar.
Eternamente, infinito, pra sempre e jamais finalmente terão sentido.
Tudo será eterno, sem fim, sem limites.
Resta o amor eterno dos amantes, a angústia sem fim do solitário e a vida infinita.
Porque o tempo rege a vida dos seres humanos. E sem ele, ficamos perdidos.
Perdidos no hoje, no amanhã.
Perdidos no infinito.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

[Cinema] O clichê nos gêneros do cinema

Um personagem pode ter milhares de faces, trejeitos e maneiras. Herói ou vilão no final, ele sempre vai ter um final. Milhares de personagens foram criados em toda a história do cinema. Histórias para se apaixonar, se emocionar, para ficar desesperado quando a mocinha corre perigo mesmo sabendo que em 99,9% das vezes, tudo vai ficar bem. O que define o final, o meio e o começo é o gênero. Claro que os gêneros também tem os seus estereótipos. Uma história pode ser contada diversas vezes com gêneros diferentes, mas sempre mantendo os clichês de cada um. Vamos aos exemplos:

História base: uma pessoa acorda, veste um terno para ir trabalhar, pega trânsito, pega o elevador sozinho e trabalha normalmente. Fim de horário de trabalho, vai pra casa, põe o pijama e dorme.

Romance/Comédia Romântica: Uma mulher beirando os 30 anos acorda, se veste para o trabalho, no caminho seu carro quebra e chama um cara para arrumar. O cara briga com a mulher, mas arruma o carro. Ele é contratado pela empresa dela e vira o seu rival. Aos poucos ela descobre que ele é uma boa pessoa, eles revelam suas qualidades e defeitos um pro outro. Ela sorri e fala: "Seu idiota". Ele sorri e fala "Isso mesmo. SEU idiota." Eles se beijam na chuva e o filme acaba.

Comédia Adolescente: Uma adolescente acorda e se troca para o primeiro dia na escola nova com uma música da Avril Lavigne na trilha sonora. Ela chega no colégio e faz amizade com uma menina estranha que só faz piadas de vez em quando pra lembrar que o filme é de comédia. Ela se apaixona pelo capitão do time de futebol americano, que namora a sua rival na escola. A menina vence a rival em uma competição, o jogador termina com ela e eles se beijam em uma festa com copinhos descartáveis vermelhos tipo American Pie.

Faroeste: O forasteiro acorda, pega seu revólver e sobe em seu cavalo. Enquanto aparecem os nomes dos atores, toca uma música épica do Ennio Morricone. Ele chega na cidade e o xerife é assassinado. Ele inicia um romance perigoso com a filha do dono do banco. Ele vira o novo mocinho da cidade, mas precisa tomar cuidado com a turma do (insira um nome) Kid, o maior ladrão de bancos do oeste. Eles marcam um duelo. O mocinho é mais rápido e mata o ladrão. Ele ganha uma estrela e vira o novo xerife.

Terror: Uma mulher acorda e escuta um barulho. Ela segue o barulho contínuo apenas de calcinha e uma camiseta larga. Ela vê um vulto, mas dorme achando que trabalhou demais e está cansada. No dia seguinte, ela vê um espírito no reflexo do espelho, mas mesmo assim não sai da porcaria da casa. Acorda com o barulho de novo, segue o barulho até chegar no porão. O espírito ataca a mulher e ela cai no chão morta. A câmera segue mostrando uma parede, até que o espírito ataca a tela, só pra causar um último susto.

Suspense: O cara acorda e vai pro trabalho. Ele descobre que precisa levar uma encomenda para um homem em Pequim, mas no voo, o cara descobre que tem um terrorista na cadeira ao lado. Óbvio que ele não avisa ninguém, decide agir por conta própria e tenta matar o cara sozinho. Ele descobre que o cara plantou uma bomba em algum lugar do avião. Claro que o cara corta o fio da bomba no último segundo após uma contagem regressiva e o avião pousa com o FBI pronto pra prender o terrorista.

Ação: O cara acorda e no caminho do trabalho percebe que está sendo seguido. Após uma intensa perseguição, o cara chega a uma ponte que não foi inteiramente construída. Ele acelera e consegue chegar ao outro lado, ao contrário dos vilões que batem o carro. Enquanto isso, o personagem alívio cômico sentado no banco do passageiro faz piadinhas. Tudo isso em uma cena de 40 minutos com muitas explosões e tiros.

Ficção Científica: O cara vai pro trabalho e é abduzido. Os extraterrestres falam que vão levar um humano para o seu planeta para provar que existe vida além de Xnaitzor. No novo planeta, o cara descobre que o lugar está prestes a ser destruído por robôs que possuem um buraco negro. O cara salva a galáxia após matar o chefe robô, se casa com uma ET e começa a viver normalmente no planeta novo.

Documentário: O cara acorda. Ele dá um depoimento sobre como foi acordar naquele dia. A mulher do cara fala sobre a visão dela do homem acordado. Ele vai pro trabalho e o chefe dele fala sobre a vida no trabalho em mais um depoimento. O cara vai pra casa e fala sobre como voltou pra casa de carro. No final do documentário, o diretor coloca imagens e conta a história de como o homem está hoje.

Pornô: O cara acorda e se arruma pro trabalho. A mulher dele arruma a gravata dele e abre o zíper da calça dele (cena de sexo no quarto de 15 minutos). No trabalho, a secretária entra com documentos (cena de sexo no escritório por mais 15 minutos). Chegando em casa, o homem pede uma pizza. A entregadora toca a campainha e fala que está sem troco. Ela afirma que vai precisa pagar por ser uma mulher muito má (cena de sexo de 15 minutos). A esposa chega em casa e flagra os dois transando. Ela gosta da ideia e faz um threesome.

Drama: O cara acorda. Olha pro relógio e o tempo não avança. No caminho do trabalho, recebe uma ligação falando que a sua mulher está com câncer. Ele volta pra casa e eles aproveitam os últimos dias de amor. Ela morre e ele deita. O filme acaba da forma mais melancólica e depressiva possível, com o cara em posição fetal chorando no cantinho do quarto.

Espionagem: O cara acorda e descobre que está sendo vigiado por espiões russos. O cara viaja até Moscou para roubar a tecnologia de uma multinacional. O cara descobre que os russos já sabiam de tudo e que no final, você descobre que tudo não passa de truque para fazer um filme parecido com James Bond. Você já assistiu e gastou dinheiro, já era.

Guerra: O cara acorda e descobre que está no Iraque. Junto do seu novo melhor amigo, eles seguem para o campo de guerra, onde ele mata um cara com uma sniper de forma impressionante. Quando ele comenta o feito com o amigo, ele já foi atingido e o seu parceiro morre. Ele carrega o corpo no final da batalha. O cara é recebido com honras pelo presidente americano.

Série: O cara acorda e o resto você verá no próximo capítulo.

Musical: O cara acooooooooorda de bom humooooor e começa a sapateaaaar enquanto escova os denteeees. No trabalhooo, tudooo viraa motivoo pra mais uma bela cançãããããão. O filme de duas horas podia ser resumido em 3 minutos sem as músicas.

Trash: O cara acorda e aparece um outro cara com uma serra elétrica, cortando todos os membros dele. Somente agora começa o filme, separando os fracos dos fortes. Ou seja, é o diretor falando "Você viu, né? Vem merda por aí, sai agora, depois não reclama".

Independente: O cara acorda, vai pro trabalho na mesma casa, porque o diretor não tinha orçamento pra outro cenário. O filme só tem uma cena com efeitos especiais e ela é especialmente tosca. Em alguns anos, os hispters vão chamar esse filme de clássico.

domingo, 19 de janeiro de 2014

[Série: Versos de Ciência] A Lua acaba de entrar de férias


Não tem ninguém pra conversar e você está na rua esperando alguma coisa. De noite. A Lua está lá, brilhando no céu limpo. É bonito, vai? Admite, não tem ninguém olhando.

A Lua sempre está lá. Brilhante, estranha, com nuvens ao seu redor, esplêndida, consegue até mandar no mar.

Sempre em momentos de decepção ou felicidade, é a primeira a escutar as novidades dos melancólicos ou dos apaixonados.

Ela escuta lamentações, recebe pedidos para reatar casais e até escuta perguntas do tipo 'será que tem mais gente olhando pra ela agora?'

Mas a maior polêmica em torno dela, é aquela do homem na Lua. Vocês acham MESMO que o homem ainda não foi pra Lua? Eles até deixaram uns retrofletores, um tipo de espelhinho que dá para refletir um laser pra Terra, sabia? Sério, vi no Wikipédia.

Ela desperta curiosidade no astrônomo e até dá uns pitacos no ramo da astrologia. Sim, a astrologia, aquela pseudociência que só trabalha na base da hipótese. Bom... isso parece também com ciência, mas deixa pra lá.

Porém, a Lua acaba de admitir que está cansada. Ela já não aguenta mais sair em fotografias e se sente pequena ao sair na foto. Coisa de satélites naturais tímidos. Outra coisa que poucos sabem, é a sua principal profissão: psicóloga.

O que ela escuta de apaixonados convictos, indecisos e tímidos, não é brincadeira. Ela não vai responder, galera apaixonada. Só aproveita pra curtir aquela fase da Lua cheia e usa a beleza pra se inspirar, escrever e falar umas palavras bonitas pra aquela querida.

Ah, a Lua não gira viu? Ou não existiria todo aquele papo de lado oculto que os Transformers e o Capital Inicial tanto falam.

Também, afirmo aqui, que não existe a teoria do Adão e Eva, nem do Big Bang. A Lua é o começo e o fim de tudo. Explico.

Começa no fim. A Lua gira em torno da Terra, que gira em torno do Sol, que está na Via Láctea, que está seguindo pro Grande Atrator de Virgo. Que com certeza possui outras galáxias indo pra lá, que possuem um outro tipo de Sol, que possui outros planetas, que tem um satélite natural orbitado em volta deles, outro tipo de Lua. Acaba no começo.

Viu? Não é difícil. A Lua que brilha pra você, é do mesmo tipo que brilha pra aquele pequeno ser extraterrestre sentado na janela no outro lado do universo. Ou você pensa que estamos sozinhos? Afinal, Carl Sagan já dizia: "O que é mais assustador? A ideia de extraterrestres em mundos estranhos, ou a ideia de que, em todo este imenso universo, nós estamos sozinhos?" Bizarro pensar nisso.

Então, na próxima vez que olhar o brilho da Lua, tão sozinha e elegante, valorize aquela pequena solitária. Ela já não é humilhada o suficiente com aquela música do Exaltasamba? Tá dizendo que o brilho dela não se compara ao seu? Quem diria, um dia ser comparada a uma mera humana...

Além de ter várias profissões, ser criadora do Universo, psicóloga dos apaixonados, objeto de estudo dos cientistas, usada para falar o "futuro" dos pobres humanos e o seu horóscopo, ela ainda tem que ser tão lembrada nas músicas? Se ao menos fossem boas...

Porque se ela já tem tanta coisa para comandar, ela não vai iluminar os pensamentos dela, ouviu Katinguelê?

Por isso, a Lua afirma que acaba de entrar de férias. No lugar dela, um globo de iluminação dos anos 70 vai deixar as cidades do mundo com um clima mais Dancing Queen.

E no lugar de iluminar a noite, o globo vai colocar luzes estilo balada dos anos 70/80 e tocar Girls Just Wanna Have Fun a noite inteira em um volume confortável.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

[Crônica] A história do homem mais comum do mundo

Fernando era considerado o cara mais comum e azarado do mundo. E assim, desafiou Deus a ter um dia diferente.

Ia para a igreja no domingo, assistia o jogo na quarta a noite, ia no cinema de quarta porque era mais barato. Naquela rotina que não mudava há anos, Fernando se acostumou a ver as coisas acontecendo ao seu redor, mas nunca acreditava ser diferente o suficiente para ganhar alguma coisa.

No final do período de trabalho, ele então chegou em casa e atendeu o telefone da sua mãe:

- E aí filho, vai apostar na Mega da Virada?

- Acho que não, você já viu quais são as chances? Ainda mais pra mim, que tenho o azar de nunca ter sorte.

- Tenta rezar, pede pra Deus, tenta alguma coisa - respondeu a mãe.

- E você acha que Deus vai ter tempo pra mim depois daquele terremoto nas Filipinas? Eu desafio aquele cara conseguir colocar um pouco de sorte na minha vida.

Ouvindo aquilo, Deus assumiu como um desafio. Quando Fernando acordasse, tudo seria diferente.

Dia seguinte, ao colocar o uniforme do trabalho, encontrou uma nota de R$ 5,00 no bolso. Nada demais, pensou.

No caminho do trabalho, percebeu uma mulher que não parava de encará-lo no metrô. Ela disse oi, mas ignorou a moça por imaginar que deveria ser conversa de crente. Esta seria sua futura namorada.

No caminho do trabalho, olhou para a lotérica e colocou a mão no bolso. Lembrou dos R$ 5,00 no bolso. Decidiu não apostar, a fila devia estar muito grande mesmo. Não tinha ninguém na fila e este seria o bilhete premiado.

No trabalho, apareceu um grande problema no trabalho, faltando alguns minutos para o fim do expediente. Secretamente, seus chefes estavam testando se ele era profissional o suficiente para fazer o melhor para a empresa, mesmo com o seu horário de trabalho no final. Ele deixou um e-mail para o próximo funcionário e foi pra casa. Essa seria sua oportunidade para tornar-se gerente da empresa.

No caminho de casa, lembrou mais uma vez dos R$ 5,00. Comprou uma cerveja e um barbeador.

De vez em quando, tudo está na sua frente, mas ao invés de se entregar e apostar em uma novidade, é muito mais fácil se esconder dentro da sua rotina. Clichê, mas quem forma a sorte é a sua atitude. Pelo menos, Fernando terminou o dia com a barba bem feita e assistiu o jogo do Corinthians, que empatou, é claro.

sábado, 4 de janeiro de 2014

[Cinema] Crítica: A Vida Secreta de Walter Mitty - 2013

Aprecie as pequenas coisas. Faça algo diferente. Pare de sonhar, comece a viver. Saí da sala do cinema pensando apenas nisso. Amo filmes que me fazem pensar sobre o que acabei de ver. Não é só um entretenimento, é uma lição. E é assim que me senti com A Vida Secreta de Walter Mitty.

O filme conta a história de um cara comum. Um cara como eu ou você. No começo do filme, achei a vida do personagem muito parecida com a minha. Em outras situações, óbvio. Mas esse cara é o Ben Stiller e o seu personagem tem um pouco de mim. Isso criou uma ligação comigo logo no começo do filme.


A Vida Secreta de Walter Mitty conta a história de um homem que trabalha com os negativos de um grande fotógrafo da revista Life. Enquanto Sean O'Connell (Sean Penn) viaja e conhece as situações mais incríveis do mundo, Walter guarda os negativos para completar o trabalho do fotógrafo, o caminho para a publicação.

Walter é o típico cara que sonha acordado. Os devaneios e viajadas dele são coisas estranhas, mas muito comuns. Quem não pensa em "e se eu fizesse tal coisa?" e se vê parado, olhando pro nada? Walter imagina uma declaração de amor, uma mega perseguição, uma resposta ríspida ao seu chefe... mas fica só no "seria legal fazer isso."

Ao criar um perfil no E-Harmony, um site que o personagem se cadastra para tentar se comunicar com Cheryl (Kristen Wiig), moça do trabalho que ele sente atração - e mais um dos seus sonhos - Walter percebe que não tem como responder duas lacunas: Viagens e Coisas diferentes que você fez na vida.


Ele nunca fez uma grande viagem, nunca fez uma grande declaração de amor, nunca perseguiu bandidos. Apenas seguia a sua rotina, pois nada melhor do que seguir o que é cômodo.

Após não conseguir localizar um negativo que supostamente seria a melhor foto de todos os tempos da Time, Walter, apoiado por Cheryl, sai em busca do negativo diretamente com o fotógrafo.

Walter sai do seu escritório e corre a caminho da Groenlândia, local onde supostamente está o fotógrafo. Assim começa a jornada e a verdadeira vida que Walter queria. Ele corre riscos, conhece pessoas diferentes, admira paisagens inacreditáveis. Enfim, sua vida começa de verdade.

A mensagem é a de fugir da sua rotina e correr atrás da sua vida. Falar o que você tem vontade de falar, viajar para o lugar que você quer conhecer. E perceber que a vida é feita destes momentos diferentes. A vida rotineira, aquele dia que você apenas trabalhou, é facilmente esquecido.


Por exemplo, não me lembro do que fiz no dia 7 de abril de 2013, mas lembro que no dia 31 de março, estava em um show incrível do Pearl Jam no Lollapalooza. Algo diferente.

Mas no meio de todos aqueles dias insuportáveis de trabalho, um dia com alguma coisa diferente cria uma lembrança inesquecível.

Não, você não vai se demitir e fugir pra Groenlândia. Mas, pelo menos, deixar de pensar: "e se eu fizesse isso?". Apenas faça o seu melhor para fazer! Faça alguma coisa diferente no seu dia! Fala pra garota que você está afim que você gosta dela, vai pro cinema sozinho, não se apegue ao passado, deixe a insegurança pra lá, saiba a diferença de registrar um momento único com uma foto e o momento de registrar na memória.


Walter passou a seguir de verdade o lema da Life que tanto repetia: "Para ver as coisas milhares de quilômetros de distância, coisas escondidas atrás de paredes e dentro de quartos, coisas perigosas por vir, para se aproximar, para ver e ser surpreendido."

Quando você ficar velho, você vai ter história pra contar? Você conseguiria preencher um perfil do E-Harmony? Você tem histórias pra contar?

Sem dúvidas, A Vida Secreta de Walter Mitty me deixou pensativo. Não é um filme que esquecerei fácil. Entrou na minha lista de filmes que me fizeram tentar mudar pra melhor. Junto com meus preferidos Show de Truman, 500 Dias com Ela, O Primeiro Mentiroso e Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças.

A rotina parece ser interminável, mas é no meio dela que criamos os dias memoráveis. Porque é arriscando e abrindo novas portas que encontramos um novo caminho, criando momentos únicos. Afinal, o que é a nossa vida além de uma fonte de momentos e de lembranças inesquecíveis?

Nota (de zero a cinco): 5