quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

[Cinema] Crítica: Star Wars: Os Últimos Jedi - 2017

Apostar em Rian Johnson como diretor e roteirista de “Os Últimos Jedi” foi uma atitude arriscada. Além de alguns episódios de “Breaking Bad” e “Looper”, o americano não possuía mais nada de muito destaque. Após J.J. Abrams apresentar a franquia para a nova geração ao mesmo tempo que fazia o feijão com arroz com “O Despertar da Força”, caminhando com uma estrutura parecida com a de “Uma Nova Esperança”, Johnson ganhou uma carta branca para avançar. Na primeira cena do filme, a desconfiança passa. Depois de uma cena de abertura arrebatadora, o filme retorna ao ponto em que Rey (Daisy Ridley) encontra Luke Skywalker (Mark Hammil).


O diretor estruturou a história em núcleos, sem desrespeitar personagens do passado e desenvolvendo personagens atuais. Com esse estilo, Johnson cria profundidade a personagens antigos como Luke e Leia (Carrie Fisher), dá mais importância para Poe Dameron (Oscar Isaac) e Finn (John Boyega) e desenvolve bem novas caras como Rose (Kelly Marie Tran) e Amilyn Holdo (Laura Dern).

Outro destaque é a relação entre Rey e Kylo Ren (Adam Driver). Enquanto Rey busca entender a Força, Kylo enfrenta uma indecisão sobre suas ações. Daisy Ridley tem menos protagonismo em relação ao filme anterior por dividir mais tempo de tela com Hammil. Ao mesmo tempo que serve de orelha para novidades sobre a Força, consegue demonstrar o impacto que Kylo Ren cria em Rey. 


O carisma e a naturalidade de Ridley são hipnotizantes. Adam Driver também é um excelente ator e demonstra em cada cena a fúria, a imaturidade e a tensão de Kylo. Também é interessante notar a postura do ator durante as cenas de luta.

Enquanto Poe através de erros e acertos tenta auxiliar Leia, Finn resolve uma missão a parte, mais pessoal, mas de suma importância junto com Rose. Finn fica mais de segundo plano enquanto Poe ganha as melhores cenas de ação. 

Mark Hammil e Carrie Fisher dominam todas as cenas que aparecem. Os pontos mais importantes do roteiro passam por Skywalker e o personagem tem uma das melhores cenas de toda a franquia. Cada cena com Carrie Fisher é linda, poderosa e emocionante. A decisão de não alterar a história após a morte de Fisher foi acertada. É visível na história que a atriz recebe homenagens pela personagem.


O único ponto negativo é o Líder Supremo Snoke (Andy Serkis), que não dá conta como único vilão e não exerce todo o seu potencial. Seu tom de ameaça não incomoda e sua história não avança. O impacto na história seria minúsculo se o personagem não existisse.

Trata-se do filme mais bonito entre todos da franquia, com uma fotografia impecável. O filme foca em pontos de preto e vermelho causando uma dualidade entre os personagens e destacando o que é o bem e o mal. São diversos os frames em que poderiam virar um quadro ou um papel de parede, especialmente no planeta de sal.


As batalhas espaciais estão simplesmente fantásticas e somadas com a trilha sonora sempre perfeita de John Williams, são de cair o queixo. Entretanto, sem Han Solo, a Millenium Falcon fica com um espaço vazio e é deixada em segundo plano.

Apesar de ser o filme com a maior duração entre todos os Star Wars, Johnson mantém o filme com muito humor e com ritmo intenso. Também apresenta diversos plot twists, saindo da monotonia e segurando o interesse do espectador com transições entre os personagens e o arco da Aliança Rebelde e a Nova Ordem.

Além de manter o tom de aventura, ação e comédia que sempre permeou pela franquia, Johnson traz elementos faroeste em cenas essenciais.

“Os Últimos Jedi” inova ao mesmo tempo em que apresenta um ponto final para uma geração. Consegue criar novos laços e fechar pontos importantes para avançar a franquia de maneira brilhante. Johnson mostra que abandonar o antigo e abraçar o novo é um sacrifício necessário para alcançar a prosperidade.

Nota (de zero a cinco): 5

PS: Se você estava preocupado com os Porgs, fique tranquilo, eles são adoráveis.