sexta-feira, 14 de julho de 2017

[Música] Crítica: Kaleidoscope - Coldplay - 2017

Com shows anunciados em São Paulo (07/11, no Allianz Parque) e em Porto Alegre (11/11, na Arena do Grêmio), o Coldplay lançou nesta quinta-feira (13) o EP Kaleidoscope. Com cinco músicas, algumas excelentes, outras nem tanto, o lançamento de Chris Martin, Guy Berryman, Jonny Buckland e Will Champion serve para fechar lacunas da história contada no último álbum “A Head Full of Dreams”, de 2015. No momento, a banda se prepara para os últimos shows da turnê do disco, que já passou por aqui em abril do ano passado e será finalizada na Argentina, o mesmo local em que começou.

Kaleidoscope tem altos e baixos, mas em geral é uma ótima novidade para os fãs. Confira abaixo as impressões sobre cada faixa:


All I Can Think About Is You: o começo parece um pouco com Midnight do Ghost Stories com uma marcante linha de baixo de Guy Berryman. A música cresce conforme se aproxima do final e explode com um solo de guitarra, uma característica encontrada nos primeiros álbuns do Coldplay. O resultado é uma das melhores músicas já feitas pela banda. O instrumental é reaproveitado de Atlas, música gravada em 2013 para a trilha sonora do filme Jogos Vorazes: Em Chamas.

Miracles (Someone Special): a letra de superação e a melodia combinaram, mas a participação de Big Sean é um tanto quando desnecessária. Chris cita inclusive Muhammad Ali, Mahatma Gandhi e Nelson Mandela em um trecho. Com um refrão um pouco repetitivo, é a pior do EP, mas não é de todo mal.

A L I E N S: as notas de violão do refrão e os efeitos ao longo da melodia têm um estilo parecido com Radiohead. De longe é uma das músicas mais experimentais da banda, que nunca perde a mão com a parte instrumental. Os violinos no final fecham com chave de ouro. A letra é sobre extraterrestes, mas é uma referência às dificuldades enfrentadas pelos imigrantes pelo mundo: “we just want to get home again”. Pela ousadia, é a melhor música do Kaleidoscope.

Something Just Like This (Tokyo Remix): com uma pegada mais eletrônica e participação da dupla The Chainsmokers, trata-se de uma versão ao vivo daquela música que não para de tocar nas rádios. Com o tempo, gosto um pouco mais da música, mas é uma sacanagem estar no mesmo EP que All I Can Think About Is You e A L I E N S.

Hypnotized: linda melodia que começa com as notas de piano que perpetuam por toda a música. Uma calmaria delicada, mas que também vai crescendo aos poucos. Quando parece que vai aumentar ainda mais, acaba. Excelente para finalizar o EP.

Nota (de zero a cinco): 4,5

[Cinema] Crítica: Homem-Aranha: De Volta ao Lar – 2017


Já se passaram 15 anos desde o lançamento nos cinemas do primeiro filme da trilogia do Homem-Aranha de Sam Raimi. Desde então, vimos um novo reboot com Marc Webb e toda a negociação envolvendo os direitos do personagem com a Sony e a Marvel. Homem-Aranha: De Voltar ao Lar é um novo início, porém deixando as origens de lado, que os espectadores já sabem de cor. Sem precisar ficar preso a essas amarras, o roteiro pode se desenvolver de maneira mais ágil.

A história do filme começa quando Peter Parker (Tom Holland) percebe que a luta pelo crime na vizinhança fica monótona perto da atuação ao lado dos Vingadores e passa a fazer de tudo para impressionar Tony Stark (Robert Downey Jr.) para enfim fazer parte da equipe de heróis. Seja lutando contra criminosos ou orientando uma velhinha.
                                    

Para contar a história, o diretor Jon Watts (diretor com apenas dois filmes independentes no currículo) aposta em aparatos tecnológicos, como o novo uniforme doado por Stark, aproveitando referências do MCU (Marvel Cinematic Universe) e do universo do herói nos cinemas e quadrinhos. Restos da tecnologia Chitauri, presos nos destroços de batalhas anteriores, agora são utilizadas para o crime pelo vilão Abutre (Michael Keaton). Outra cena que liga com outros longas é a da balsa (que está no trailer), uma homenagem à cena do trem de Homem Aranha 2.

Tom Holland nasceu para ser Peter Parker. Se Andrew Garfield era visto por muitos como a versão mais fiel do Aranha dos quadrinhos, Holland chega para aumentar ainda mais o nível. A atuação e a física do herói jogando as teias nos prédios é incrivelmente natural. Watts aproveita um destes momentos para inserir uma rápida cena em primeira pessoa, colocando o espectador no lugar do Amigão da Vizinhança.

                                 

Os dilemas enfrentados por Peter são vistos também em qualquer adolescente. Mesmo com o novo uniforme “Jarvis 2.0”, que serve de escada para diversas piadas, o garoto continua errando e passando do ponto em diversos momentos. Muitos problemas inclusive são criados por ele. Peter percebe que precisa escolher: viver como um adolescente comum ou enfrentar as responsabilidades de ser um herói.

Naturalidade também é uma definição perfeita para as cenas na escola. Graças a ótimos coadjuvantes, como Ned (Jacob Batalon) e Michelle (Zendaya), as situações são bem comuns: o nervosismo ao falar com a pessoa que gosta – no caso Liz Allen (Laura Harrier) -, o bullying dos outros alunos, entre outros. Nas cenas que participa, Ned rouba a cena. Não dá nem para dizer que é um alívio cômico pela sequência de piadas ao longo de todo o filme.

                                 

Entretanto, o uniforme moderno pode deixar algumas pessoas confusas. Saindo do cinema, ouvi um comentário: “Precisa mesmo transformar o Aranha em um Homem de Ferro? ”. Apesar de mostrar que o personagem ainda está em pleno desenvolvimento, o Aranha não precisa “aumentar” os seus poderes com tecnologia. Também não entendi o motivo de focar apenas na beleza em quase todas as cenas com a Tia May (Marisa Tomei). Com essa atenção, a personagem ficou com um desenvolvimento bem raso.

                                 

Já Keaton é um ótimo vilão. Sua motivação é simples e fácil de entender: proteger a sua família, não importando quem estiver pelo caminho. Shocker (Bokeem Woodbine) também tem uma participação menor na história. Depois de Ego, um bom vilão em Guardiões da Galáxia Vol. 2, a Marvel manteve o nível.

Se no trailer Tony Stark aparecia muito, correndo o risco de roubar a atenção do Homem-Aranha, no filme o erro não acontece. Stark é mais um mentor que serve para manter Peter com os pés no chão e para servir como um fio condutor para o roteiro.


Sem focar apenas em conectar o herói no universo da Marvel, Watts criou um mundo com diversas possibilidades para o Aranha. Com uma nova dinâmica de personagens, o cenário que a Marvel criou para o seu universo é muito promissor. Com um Homem-Aranha praticamente igual aos quadrinhos, o possível protagonismo do Dr. Estranho no lugar do Homem de Ferro e a presença dos Guardiões, a tendência é manter o alto nível.

Obs: São duas cenas nos créditos, vale a pena ficar até o final.

Nota (de zero a cinco): 4,5