quinta-feira, 30 de março de 2017

[Cinema] Crítica: Fragmentado - 2017

Fragmentado, novo filme do diretor M. Night Shyamalan toca em tema pouco explorado em Hollywood, o transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo. Trata-se da história de Kevin, um dos diversos papéis interpretados de forma brilhante por James McAvoy (o Professor Charles Xavier, em X-Men Primeira Classe), um homem que possui 23 personalidades que podem tomar o controle do seu corpo a qualquer momento.

Dennis, uma das personalidades, sequestra três garotas e as prende em um cativeiro. Entre as adolescentes, está Casey Cooke (Anya Taylor-Joy, de A Bruxa), jovem introspectiva e traumatizada por problemas no passado.


Todos os personagens criados na cabeça de Kevin reconhecem os outros alter egos. Através de sessões de terapia com a Dra. Karen Fletcher (Betty, Buckley, que fez Fim dos Tempos, do próprio Shyamalan), são apresentados detalhes sobre as personalidades de Kevin.

Entre eles, Patricia (uma mulher elegante e que tem poder de decisão na chamada "Horda"), Hedwig (uma criança de 9 anos com a língua presa, tímida e aparentemente inocente), Dennis (que possui mania de limpeza), Barry (estilista), entre outros.

Presas no mundo idealizado por Kevin, as garotas se veem obrigadas a viver de acordo com as leis das personalidades para tentar encontrar uma saída do cativeiro, sem saber quem pode entrar pela porta a seguir.


   

A transformação de McAvoy é impressionante. Além da troca de figurino, que ajuda a identificar quando outra pessoa tem o poder, o britânico demonstra uma troca de personalidades apenas com a postura, o tom de voz e a feição, que mostram um trabalho minucioso do ator, digno de indicação ao Oscar.

           

Shyamalan também apresenta um ponto de vista sobre como o ser humano lida com o fascínio do desconhecido, que anda sob uma linha tênue entre o admirável mundo novo e o receio de não ter domínio sobre os acontecimentos futuros. Outro tópico apresenta como o sistema pode tratar de forma equivocada o transtorno de personalidade. Os pacientes devem ser tratados como gênios incompreendidos ou como desconhecidos que podem apresentar um risco para a sociedade?

O diretor levanta um tema importante em um suspense com muita tensão, fruto do bom roteiro. Fica a esperança de um Shyamalan com um futuro mais "Fragmentado" e menos "Fim dos Tempos".

Nota (de zero a cinco):
5