quarta-feira, 29 de abril de 2020

[Atualização] Críticas no Cinema com Rapadura

Olá! Sigo escrevendo críticas para o Cinema com Rapadura!

São mais de 50 críticas, então, ao invés de colocar cada link, é mais fácil clicar neste link para acompanhar:

https://cinemacomrapadura.com.br/author/fabiomoura/

Um abraço!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

[Outros] Críticas no Cinema com Rapadura

Dei uma pausa nos posts por aqui, pois estou escrevendo críticas para o Cinema com Rapadura! Depois de tantos anos lendo/ouvindo, estou muito feliz em escrever para eles.

Vou atualizando aqui os textos publicados:

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/516835/critica-quando-nos-conhecemos-2018-a-viagem-no-tempo-generica/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/517456/critica-christopher-robin-um-reencontro-inesquecivel-2018-a-brincadeira-como-solucao-para-a-vida-adulta/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/518111/critica-colette-2018-uma-historia-sobre-identidade-e-transformacao/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/518641/critica-o-homem-das-cavernas-2018-roteiro-convencional-prejudica-animacao-da-aardman/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/523792/critica-esqueceram-de-mim-1990-esqueca-macaulay-culkin-por-um-instante-especial-de-natal/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/525717/critica-puro-sangue-2018-a-perturbadora-relacao-toxica/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/527965/critica-solo-netflix-2019-diferenciando-liberdade-e-solidao/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/528917/critica-as-aventuras-de-brigsby-bear-2017-a-arte-liberta/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/529787/critica-apenas-um-garoto-em-nova-york-2017-repetindo-a-velha-receita/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/532322/critica-high-flying-bird-netflix-2019-buscando-uma-revolucao-na-nba/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/533738/critica-a-morte-te-da-parabens-2-2019-do-slasher-para-a-comedia/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/534292/critica-calmaria-2019-desperdicio-de-elenco/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/535555/critica-o-menino-que-descobriu-o-vento-netflix-2019-o-medo-da-fome/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/536225/critica-juanita-netflix-2019-fugindo-da-rotina/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/536999/critica-operacao-fronteira-netflix-2019-etica-no-campo-de-batalha/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/538131/critica-durante-a-tormenta-netflix-2018-montando-um-quebra-cabecas/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/540539/critica-estrada-sem-lei-netflix-2019-a-captura-de-bonnie-e-clyde/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/541578/critica-o-silencio-netflix-2019-nao-faca-barulho/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/542536/critica-um-homem-de-sorte-netflix-2018-enfrentando-monstros-internos/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/544887/critica-entre-vinho-e-vinagre-netflix-2019-grande-elenco-grande-decepcao/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/544884/critica-last-breath-2019-prendendo-a-respiracao/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/546770/critica-fim-do-mundo-netflix-2019-a-parte-ruim-da-sessao-da-tarde/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/549108/critica-ma-2019-terror-que-nao-assusta/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/549647/critica-misterio-no-mediterraneo-netflix-2019-brincando-de-detetive/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/550549/critica-o-pai-da-black-music-netflix-2019-o-poder-da-igualdade/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/552629/critica-a-queima-roupa-netflix-2019-emulando-os-anos-80/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/554034/critica-o-monstro-do-monstro-de-frankenstein-netflix-2019-mocumentario-metalinguistico/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/556895/critica-beirute-netflix-2018-o-retrocesso-da-guerra/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/557285/critica-seis-vezes-confusao-netflix-2019-irmaos-gemeos-e-piadas-velhas/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/552801/critica-yesterday-2019-criatividade-romance-e-beatles/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/555858/critica-morto-nao-fala-2018-entre-a-vida-e-a-morte/

https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/558887/critica-com-quem-sera-2018-o-amor-dos-pessimistas/

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Crítica | “O Escafandro e a Borboleta” (2007): um náufrago nas praias da solidão [CLÁSSICO]

Apresentando duas interpretações sobre a liberdade, o diretor Julian Schnabel dá uma aula de técnica para representar as emoções de uma pessoa presa em seu próprio corpo

O roteiro de “O Escafandro e a Borboleta” é uma adaptação baseada no livro autobiográfico de Jean-Dominique Bauby (interpretado por Mathieu Amalric, de "No Portal da Eternidade"), um jornalista da revista de moda Elle. A primeira cena do filme é o seu despertar. Após sofrer um AVC (acidente vascular cerebral), ele acorda em um hospital sem entender a situação. Seu corpo ficou paralisado devido à síndrome locked-in, também conhecida como síndrome do encarceramento. A única parte que pode movimentar é o seu olho esquerdo, já que o direito foi costurado para não correr o risco de infeccionar. Logo de início, por meio da câmera subjetiva é exibida a metáfora do escafandro, que além de apresentar a perspectiva do protagonista, mostra a incapacidade, a solidão e o aprisionamento.

Para demonstrar essa prisão, o diretor Julian Schnabel ("No Portal da Eternidade") utiliza longas cenas de contemplação e solidão, mostrando a claustrofobia e o terror de ficar preso em seu próprio corpo. O diretor brinca com o foco, apresentando diferentes perspectivas com closes que representam a confusão e as alucinações das medicações. A paralisação é representada com enquadramentos tortos, mostrando que a visão do personagem é limitada ao ângulo que sua cabeça está posicionada.

Outro ponto técnico interessante é como o diretor trabalha a luz, como se estivesse refletindo de acordo com o balanço das ondas do mar. A câmera subjetiva simula o olho do jornalista, mostrando as piscadas e a tela preta que representa a perda da visão. No encontro com Céline (Emmanuelle Seigner, de "Baseado em Fatos Reais"), a mãe de seus filhos, o desfoque imita as lagrimas. Depois de um tempo, o diretor enfim deixa a câmera subjetiva de lado e conta sobre a vida de Bauby antes do AVC.

Preso em seu próprio corpo, ele se imagina como se estivesse solitário no fundo do oceano. Além do olho, a paralisia não afetou outros dois pontos vitais: sua imaginação e sua memória para conseguir escapar do escafandro. Conforme o tempo passa, Jean aprende uma nova forma de se comunicar com sua fonoaudióloga: por meio das letras utilizadas com mais frequência no alfabeto. A profissional cita cada letra e Bauby responde para sua família e médicos: uma piscada para sim e duas para não.

O humor do protagonista se altera a cada avanço, transitando entre gargalhadas e pensamentos suicidas. Quando o jornalista não encontra mais dignidade em si mesmo, sente-se impotente e sua mente começa a derrapar em seus problemas familiares. Em outros momentos, diverte-se ao ver seu amigo errando no processo de comunicação ou quando dois funcionários fazem piada com a instalação de um telefone no seu quarto. O médico pede para descansar e ele replica com ironia: “O que mais posso fazer?”.

"O Escafandro e a Borboleta" propõe duas visões para o espectador interpretar a situação de Bauby: na primeira, a morte é vista como um livramento e sua mente se perde no fundo do oceano como um escafandro. Na segunda, sua mente aberta para a imaginação e a criatividade é representada pela liberdade de uma borboleta. Seja pessimista ou otimista, é possível se afogar na solidão ou se libertar nos limites do seu mundo de ideias. Tudo depende da sua interpretação sobre a palavra liberdade.

quarta-feira, 9 de maio de 2018

[Música] Crítica: Tranquility Base Hotel & Casino - Arctic Monkeys - 2018

Foram cinco anos sem um álbum novo do Arctic Monkeys. Desde “Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not” (2006), a banda tinha costume de divulgar material inédito em um intervalo de até dois anos. O último que manteve essa regra foi o elogiado “AM” (2013). Talvez por isso o lançamento de “Tranquility Base Hotel & Casino”, o sexto álbum dos britânicos, Alex Turner, Jamie Cook, Nick O’Malley e Matt Helders, fosse tão esperado.


Base de Tranquilidade é o local do primeiro pouso lunar. Essa informação já apresenta um pouco sobre o que está por vir. Este é o álbum mais diferente que os fãs da banda poderiam imaginar: bases de piano em todas as músicas e pouquíssima guitarra.

Tão diferente que foi discutido se este álbum seria um solo de Alex Turner ou um lançamento da banda, de acordo com o jornal The Independent.

Em relação às letras, Turner conversa sozinho durante todas as faixas. O mesmo compôs todas as músicas, o que deve ter influenciado nas principais decisões do disco: o piano como protagonista e a temática de ficção científica. As composições contam sobre o futuro tecnológico e a alteração de comportamento das pessoas com a era da informação.

Não soltar singles foi uma ótima decisão por não expor essa temática que permeia por todo o disco. É um disco do Arctic Monkeys com uma pegada de Nina Simone e David Bowie.

“Star Treatment”, a primeira faixa do disco começa com a frase “Eu só queria ser um dos Strokes/Agora veja a bagunça que você me fez fazer”. Este é um Alex Turner olhando pra trás, buscando suas referências por meio da televisão, anos 70, cassinos e cinema.

Na faixa-título, Alex questiona: “Você se lembra de onde tudo deu errado?” Os avanços tecnológicos ajudam ou só criam novas perguntas? “Golden Trunks” me lembrou de uma mistura entre “Mad Sounds” e “I Wanna Be Yours”, mas tem muito da inspiração do brasileiro Lô Borges em “Aos Barões”, como o próprio Alex afirmou em entrevista para a MOJO Magazine. A faixa tem um riff hipnotizante e um excelente trabalho de backing vocal.

                  

“Four Out of Five” começa como uma legítima música do Arctic Monkeys e vai se modificando. Creio que fossem selecionados singles, essa seria uma fácil escolha por ser de mais próxima da sonoridade da banda.

A ficção científica se faz presente nas faixas “Science Fiction” (óbvio) e “She Looks Like Fun”. A primeira é inspirada em “O Mundo por um Fio”, do diretor alemão Rainer Werner Fassbinder. Já a segunda apresenta essa pessoa “She” como a própria internet e demonstra como as pessoas podem ser insuportáveis ao expressar suas opiniões de forma anônima. “Ninguém está nas ruas/Nós mudamos para o online”.

Por último, “The Ultracheese” lança um olhar sobre o passado sem a internet. Em uma época em que as fotos que as pessoas tiravam com amigos eram reveladas e enquadradas na parede e não nas redes sociais. E que uma batida na porta não assustava, era apenas uma visita.

Pode ser estranho no início, mas quanto mais cedo você compreende qual é o tipo de sonoridade nas 11 faixas, melhor será sua experiência. Acostume-se às notas altas de piano e alguns sintetizadores. A guitarra é tímida mesmo, mas a linha de baixo ganha destaque.

Este não é um álbum que as pessoas vão cantar em estádios e grandes arenas. A banda segue para um lado que foge do seu padrão e busca inovação, mas sem deixar a qualidade de lado. A capacidade de criação continua a mesma. Seja um solo do Alex Turner ou um álbum mais experimental do Arctic Monkeys, o que importa é que “Tranquility Base Hotel & Casino” é uma experiência inesperada e muito bem executada.

Nota (de zero a cinco): 5

quarta-feira, 28 de março de 2018

[Televisão] Crítica: Love - 3ª temporada - 2018

“Love” é um daqueles casos de séries originais da Netflix que passam despercebidas, mas que precisavam receber muito mais atenção. Em meio a tantas comédias românticas que não conseguem encontrar um meio termo entre apresentar o cotidiano de um casal e situações que segurem os espectadores sem exagerar o romance, a série é um respiro de criatividade e realidade.

Na terceira temporada, que foi lançada no dia 9 de março exclusivamente na Netflix, Gus e Mickey finalmente passam por um período de estabilidade como casal. Gillian Jacobs e Paul Rust (que também é co-criador da série) têm uma química excelente, as cenas com a dupla são muito naturais, fazendo com que o espectador se relacione com muitas situações do roteiro. Mickey segura as pontas enquanto segue em reabilitação e Gus esconde segredos importantes sobre o seu passado.

Enquanto Mickey vai bem no trabalho como produtora de um programa sobre sexo, Gus é obrigado a encarar uma nova turma de estudantes na repaginada “Wichita”, série em que o professor dá aula para os atores novatos.

Os 12 episódios seguem com o excelente elenco de coadjuvantes que ajudam a tirar o foco sobre o casal principal, como o triangulo composto pelo acomodado Randy, o dublê Chris e a confusa Bertie, por exemplo. Outros destaques são o Dr. Greg, que segue com seu programa em decadência, assim com a sua própria vida, e Arya, a jovem atriz que vive o seu primeiro amor no trabalho.


A aposta segue no humor de constrangimento e autodepreciação já visto pelo criador Judd Apatow em “O Virgem de 40 anos” (2005) e “Ligeiramente Grávidos” (2007).

Para os protagonistas, nem tudo que é certo para um, é certo para outro. Enquanto Gus acha uma discussão algo nada demais, Mickey tem outra percepção. Esses contrastes de personalidade e opiniões acabam criando ótimos diálogos que demonstram a importância da honestidade, que pode e necessita fazer parte da vida de um casal.

A série é uma demonstração sobre como encarar com humor as dificuldades no amor e que faz parte aparar arestas no dia a dia como casal. “Love” deixa de lado o romance de Hollywood que todos conhecem para falar sobre a importância de construir laços para continuar em frente. “Love” vai deixar saudade.

Nota (de zero a cinco): 4

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

[Cinema] Crítica: The Post: A Guerra Secreta - 2018

Não é raro se deparar com um filme que retrata o cotidiano do jornalismo. Cidadão Kane, Todos os Homens do Presidente ou A Montanha dos Sete Abutres são três clássicos que podem ser citados. Nos últimos anos, o tema voltou a ser assunto de filmes elogiados pela crítica, como O Abutre e Spotlight: Segredos Revelados. The Post - A Guerra Secreta tinha tudo para ser mais um, porém existe um toque de maestria de um diretor chamado Steven Spielberg.

No drama, Ben Bradlee (Tom Hanks) e Kat Graham (Meryl Streep), editores do The Washington Post, recebem um estudo detalhado sobre o papel dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. O roteiro foca nos desafios que precisaram ser ultrapassados para a publicação dos documentos, os chamados Pentagon Papers – 7 mil páginas sobre como a Casa Branca mentiu sobre a guerra do Vietnã.


Em 1971, o cenário era controverso. Apesar do aumento do número de soldados no campo de batalha, a guerra continuava. O que tinha iniciado apenas como uma segurança inicial se transformara em um combate ativo. Katherine Gragam era a primeira mulher a frente de um grande jornal americano, o The Washington Post e tinha que carregar nas costas um legado de mais de duas décadas. Além de lidar com o governo, Kat também tinha que suportar a pressão interna do jornal, que estava em pleno crescimento. Neste ponto, seu principal concorrente, o The New York Times já publicava documentos secretos sobre a atuação dos Estados Unidos no Vietnã.

Com a proibição do governo para que o Times parasse de publicar sobre o assunto, com suporte da Lei da Espionagem, restou ao Post a dúvida: correr o risco de ter seus funcionários presos e fechar ou continuar firme com a missão da imprensa?

O Pentagon Papers serviu como um estopim que terminou com o escândalo Watergate que causou a renúncia do presidente Richard Nixon, primeiro e único a deixar o cargo nos Estados Unidos. O fato serviu para reforçar o recado na época para a população e o governo: é papel da imprensa fiscalizar.

Elogiar Meryl Streep pode ser chover no molhado, porém é necessário. Sua 21ª indicação ao Oscar é merecida. Ao mesmo tempo que transmite uma serenidade e postura que somente Streep pode proporcionar, ela demonstra o receio de destruir um legado, colocar o seu nome em jogo e arriscar o trabalho de seus funcionários. Tom Hanks também não fica para trás, mesmo correndo menos riscos, é ele quem insiste na causa. Se era o governo que decidia o que poderia ser publicado, o que é a liberdade de imprensa afinal?

As interações entre Bradlee e Kat têm diversas camadas. É um laço de amizade misturado com um respeito de chefe e funcionário completado com pequenas desavenças ideológicas. É uma junção que apresenta uma química muito evidente.


Spielberg é um diretor que não precisa de apresentações, seus clássicos falam por si. Entre 2006 e 2010, o norte-americano deixou de lado sua principal função para atuar como produtor. No período citado, trabalhou como diretor apenas em Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal. Em 2011, voltou e não parou mais. Cavalo de Guerra, Lincoln, Ponte de Espiões, até chegar em The Post.

Apenas pelo fato de juntar Maryl Streep e Tom Hanks no mesmo filme, Spielberg já merece elogios. Mesmo depois de tantos filmes, ele ainda não perdeu a mão.Para mostrar como a redação é um ambiente que não para nunca, Spielberg decidiu manter a câmera na mão. Mostrando o dinamismo do jornalismo, os planos sequência em diversos cantos da redação servem para mostrar a redação funcionando como apenas um organismo. A câmera persegue e se aproxima dos personagens e objetos, como se mostrasse a ânsia da busca pela verdade.

O diretor romantiza até o processo gráfico, as máquinas de escrever e as prensas são filmadas como as ferramentas da liberdade americana. Cada plano detalhe mostra a importância do processo, como se aquela impressão não representasse apenas a rotina de mais um jornal do dia. Os planos em contra-plongée também servem para exaltar as figuras de Streep e Hanks.


A história, entretanto, não tem um ápice. O roteiro é muito bem amarrado, mas o significado dos acontecimentos é muito mais importante do que qualquer coisa que poderia ser demonstrada em cena.

The Post – A Guerra Secreta mostra como a verdadeira batalha pode ser invisível para a população. A publicação não trouxe apenas a relevância para o jornal. Também mostrou que as mulheres poderiam ter cargos altos, que a apuração do jornalismo ainda fazia sentido e que tudo ao nosso redor sempre pode ser alterado para melhor.

Nota (de zero a cinco): 4

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

[Cinema] Crítica: A Forma da Água - 2018

Seja em “O Labirinto do Fauno”, “A Espinha do Diabo” ou “Hellboy”, os dois primeiros com uma temática mais sombria e o último com a liberdade proporcionada pelos filmes de herói, a filmografia de Guillermo del Toro é repleta de seres fantásticos.

“A Forma da Água”, novo longa que rendeu um Globo de Ouro para o diretor mexicano, se passa em plena Guerra Fria, na década de 60. Elisa Esposito (Sally Hawkings) é uma zeladora muda de um laboratório do governo americano que acaba de receber uma criatura nova para realizar experiências. O objetivo era ter uma vantagem contra os soviéticos. Ao realizar suas tarefas diárias com sua colega de trabalho Zelda (Octavia Spencer), Elisa começa a se afeiçoar pela criatura.


Como a personagem é muda, suas principais falas são apresentadas na tela. Elisa percebe que a criatura não a enxerga incompleta como as outras pessoas. Como não entende os seres humanos, a voz de Elisa não faz falta: os dois não produzem som e movem a boca para falar. Ao perceber que a criatura é maltratada diariamente por Richard Strickland (Michael Shannon), supervisor de segurança do laboratório, Elisa prepara um plano de resgate.

Del Toro faz questão de apresentar como a água está presente na vida de Elisa. Por meio dela Elisa se masturba, faz o café da manhã, observa a chuva no caminho para o trabalho e até lê frases motivacionais relacionadas ao elemento (“O tempo não é nada mais do que um rio correndo pelo nosso passado” e “A vida é apenas o afogamento dos nossos planos”).

A atuação de Sally Hawkings é delicada, com expressões e pequenos gestos. Demonstrar raiva com uma personagem muda é difícil e Hawkings faz um trabalho espetacular. Incrível também como Octavia Spencer sempre consegue uma de indicação de atriz coadjuvante. O tempo de tela é menor do que em “Estrelas Além do Tempo”, mas merece destaque pelo alívio cômico.


A trilha sonora de Alexandre Desplat é espetacular e fala por si só. Depois de oito indicações e um Oscar por “O Grande Hotel Budapeste”, sem dúvida seu trabalho renderá mais prêmios. É um trabalho singelo, mas é um elemento-chave para introduzir o espectador no universo fantástico de Del Toro.

A fotografia busca sempre um tom esverdeado. É interessante perceber como praticamente todas as cenas possuem elementos cenográficos verdes ou uma iluminação mais voltada para a cor.

O diretor aproveita pequenas cenas para demonstrar com sutileza como a água e a relação entre Elisa e a criatura são importantes para o longa. Duas merecem destaque. Uma simples transição de cena com duas gotas na janela do ônibus se transformam em uma representação do futuro que a protagonista imagina para os dois.


Em outra cena, em que o banheiro fica cheio de água, usa o exagero e o absurdo por meio do humor para demonstrar até onde Elisa chegaria para ter êxito na libertação da criatura.

“A Forma da Água” é mais um exemplo da criatividade e imaginação deste diretor que decidiu compartilhar suas fantasias por meio do cinema. Com um final espetacular, o próprio del Toro resume seu filme: “É como um poema sussurrado por alguém apaixonado”.

Nota (de zero a cinco): 5