sábado, 22 de fevereiro de 2014

[Série: A vida sem...] Tempo

E se de repente, o tempo parasse?
E a vida fosse vivida sem a presença do tempo?
Se o dia parasse exatamente onde está.
Noite onde está noite, dia onde está dia.
O ser humano não teria mais que acordar cedo.
Não existiria cedo ou tarde demais.
O final feliz, nunca teria um final.
O horário deixa de existir, já que as horas foram paralisadas.
Felizes aqueles que pararam com um pôr do sol eterno.
Felizes os que vivem no crepúsculo inspirador entre o azul do dia e o escuro da noite.
Os relacionamentos seriam mais complicados.
Sem o "até amanhã", o "te vejo quando estiver com vontade" seria a novidade.
Não existiria a hora da chegada e nem a hora certa de partir.
Vai quem sente vontade, chega quem tem desejo.
A sensação de rápido ou lento logo deixa de existir.
Ninguém mais envelhece, o tempo deixa de enfraquecer as pessoas.
O relógio deixa de informar o tempo para virar só um acessório.
Não vai existir duração, período ou prazo.
Sem intervalos, ciclos, datas, eras, etapas, fases, séculos, anos, meses e dias.
Sem horas, minutos ou segundos.
O pior: sem pequenos momentos que valorizam a vida.
Porque o momento não vai existir.
Nem a ocasião, a oportunidade ou a vez.
O tempo não vai mais curar a saudade.
O tempo não vai mais curar o coração partido.
O tempo não vai mais te dizer a hora certa de dizer o que sente.
O tempo não vai mostrar que o melhor já passou ou que o melhor ainda vai chegar.
Eternamente, infinito, pra sempre e jamais finalmente terão sentido.
Tudo será eterno, sem fim, sem limites.
Resta o amor eterno dos amantes, a angústia sem fim do solitário e a vida infinita.
Porque o tempo rege a vida dos seres humanos. E sem ele, ficamos perdidos.
Perdidos no hoje, no amanhã.
Perdidos no infinito.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

[Cinema] O clichê nos gêneros do cinema

Um personagem pode ter milhares de faces, trejeitos e maneiras. Herói ou vilão no final, ele sempre vai ter um final. Milhares de personagens foram criados em toda a história do cinema. Histórias para se apaixonar, se emocionar, para ficar desesperado quando a mocinha corre perigo mesmo sabendo que em 99,9% das vezes, tudo vai ficar bem. O que define o final, o meio e o começo é o gênero. Claro que os gêneros também tem os seus estereótipos. Uma história pode ser contada diversas vezes com gêneros diferentes, mas sempre mantendo os clichês de cada um. Vamos aos exemplos:

História base: uma pessoa acorda, veste um terno para ir trabalhar, pega trânsito, pega o elevador sozinho e trabalha normalmente. Fim de horário de trabalho, vai pra casa, põe o pijama e dorme.

Romance/Comédia Romântica: Uma mulher beirando os 30 anos acorda, se veste para o trabalho, no caminho seu carro quebra e chama um cara para arrumar. O cara briga com a mulher, mas arruma o carro. Ele é contratado pela empresa dela e vira o seu rival. Aos poucos ela descobre que ele é uma boa pessoa, eles revelam suas qualidades e defeitos um pro outro. Ela sorri e fala: "Seu idiota". Ele sorri e fala "Isso mesmo. SEU idiota." Eles se beijam na chuva e o filme acaba.

Comédia Adolescente: Uma adolescente acorda e se troca para o primeiro dia na escola nova com uma música da Avril Lavigne na trilha sonora. Ela chega no colégio e faz amizade com uma menina estranha que só faz piadas de vez em quando pra lembrar que o filme é de comédia. Ela se apaixona pelo capitão do time de futebol americano, que namora a sua rival na escola. A menina vence a rival em uma competição, o jogador termina com ela e eles se beijam em uma festa com copinhos descartáveis vermelhos tipo American Pie.

Faroeste: O forasteiro acorda, pega seu revólver e sobe em seu cavalo. Enquanto aparecem os nomes dos atores, toca uma música épica do Ennio Morricone. Ele chega na cidade e o xerife é assassinado. Ele inicia um romance perigoso com a filha do dono do banco. Ele vira o novo mocinho da cidade, mas precisa tomar cuidado com a turma do (insira um nome) Kid, o maior ladrão de bancos do oeste. Eles marcam um duelo. O mocinho é mais rápido e mata o ladrão. Ele ganha uma estrela e vira o novo xerife.

Terror: Uma mulher acorda e escuta um barulho. Ela segue o barulho contínuo apenas de calcinha e uma camiseta larga. Ela vê um vulto, mas dorme achando que trabalhou demais e está cansada. No dia seguinte, ela vê um espírito no reflexo do espelho, mas mesmo assim não sai da porcaria da casa. Acorda com o barulho de novo, segue o barulho até chegar no porão. O espírito ataca a mulher e ela cai no chão morta. A câmera segue mostrando uma parede, até que o espírito ataca a tela, só pra causar um último susto.

Suspense: O cara acorda e vai pro trabalho. Ele descobre que precisa levar uma encomenda para um homem em Pequim, mas no voo, o cara descobre que tem um terrorista na cadeira ao lado. Óbvio que ele não avisa ninguém, decide agir por conta própria e tenta matar o cara sozinho. Ele descobre que o cara plantou uma bomba em algum lugar do avião. Claro que o cara corta o fio da bomba no último segundo após uma contagem regressiva e o avião pousa com o FBI pronto pra prender o terrorista.

Ação: O cara acorda e no caminho do trabalho percebe que está sendo seguido. Após uma intensa perseguição, o cara chega a uma ponte que não foi inteiramente construída. Ele acelera e consegue chegar ao outro lado, ao contrário dos vilões que batem o carro. Enquanto isso, o personagem alívio cômico sentado no banco do passageiro faz piadinhas. Tudo isso em uma cena de 40 minutos com muitas explosões e tiros.

Ficção Científica: O cara vai pro trabalho e é abduzido. Os extraterrestres falam que vão levar um humano para o seu planeta para provar que existe vida além de Xnaitzor. No novo planeta, o cara descobre que o lugar está prestes a ser destruído por robôs que possuem um buraco negro. O cara salva a galáxia após matar o chefe robô, se casa com uma ET e começa a viver normalmente no planeta novo.

Documentário: O cara acorda. Ele dá um depoimento sobre como foi acordar naquele dia. A mulher do cara fala sobre a visão dela do homem acordado. Ele vai pro trabalho e o chefe dele fala sobre a vida no trabalho em mais um depoimento. O cara vai pra casa e fala sobre como voltou pra casa de carro. No final do documentário, o diretor coloca imagens e conta a história de como o homem está hoje.

Pornô: O cara acorda e se arruma pro trabalho. A mulher dele arruma a gravata dele e abre o zíper da calça dele (cena de sexo no quarto de 15 minutos). No trabalho, a secretária entra com documentos (cena de sexo no escritório por mais 15 minutos). Chegando em casa, o homem pede uma pizza. A entregadora toca a campainha e fala que está sem troco. Ela afirma que vai precisa pagar por ser uma mulher muito má (cena de sexo de 15 minutos). A esposa chega em casa e flagra os dois transando. Ela gosta da ideia e faz um threesome.

Drama: O cara acorda. Olha pro relógio e o tempo não avança. No caminho do trabalho, recebe uma ligação falando que a sua mulher está com câncer. Ele volta pra casa e eles aproveitam os últimos dias de amor. Ela morre e ele deita. O filme acaba da forma mais melancólica e depressiva possível, com o cara em posição fetal chorando no cantinho do quarto.

Espionagem: O cara acorda e descobre que está sendo vigiado por espiões russos. O cara viaja até Moscou para roubar a tecnologia de uma multinacional. O cara descobre que os russos já sabiam de tudo e que no final, você descobre que tudo não passa de truque para fazer um filme parecido com James Bond. Você já assistiu e gastou dinheiro, já era.

Guerra: O cara acorda e descobre que está no Iraque. Junto do seu novo melhor amigo, eles seguem para o campo de guerra, onde ele mata um cara com uma sniper de forma impressionante. Quando ele comenta o feito com o amigo, ele já foi atingido e o seu parceiro morre. Ele carrega o corpo no final da batalha. O cara é recebido com honras pelo presidente americano.

Série: O cara acorda e o resto você verá no próximo capítulo.

Musical: O cara acooooooooorda de bom humooooor e começa a sapateaaaar enquanto escova os denteeees. No trabalhooo, tudooo viraa motivoo pra mais uma bela cançãããããão. O filme de duas horas podia ser resumido em 3 minutos sem as músicas.

Trash: O cara acorda e aparece um outro cara com uma serra elétrica, cortando todos os membros dele. Somente agora começa o filme, separando os fracos dos fortes. Ou seja, é o diretor falando "Você viu, né? Vem merda por aí, sai agora, depois não reclama".

Independente: O cara acorda, vai pro trabalho na mesma casa, porque o diretor não tinha orçamento pra outro cenário. O filme só tem uma cena com efeitos especiais e ela é especialmente tosca. Em alguns anos, os hispters vão chamar esse filme de clássico.